Indicadores sociais no Brasil em uma década: o que mudou entre 2004 e 2014?
A SIS 2015 (Síntese de Indicadores Sociais), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (4), aponta uma série de mudanças na série histórica entre 2004 e 2014, com base em dados coletados em estudos como o Censo, a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), projeção da população, entre outros.
Os pesquisadores verificaram que, em dez anos, houve avanços em recortes de gênero e cor e raça, por exemplo, mas ainda há desafios que merecem atenção especial, como gravidez na adolescência e falta de saneamento básico.
Confira abaixo alguns dos principais destaques da pesquisa de indicadores sociais do IBGE.
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Infância sem saneamento
No ano passado, 9,6% das crianças e adolescentes com até 14 anos estavam em domicílios prejudicados por falta de saneamento básico (água, esgoto ou lixo). A principal inconformidade foi a ausência de esgotamento sanitária via rede geral ou fossa séptica, que, em 2004, atingia 53,7% das crianças e adolescentes. Já em 2014, a proporção foi de 44,3%.
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Mais trabalhadoras formais
O número de mulheres em trabalhos formais cresceu 60% em dez anos (de 2004 a 2014), enquanto entre os homens esse avanço foi de 43,6%. Por outro lado, houve redução de 7,6% no contingente de pessoas trabalhando com atividades informais.
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Aluguel pesado para o bolso
Entre os domicílios alugados no país, quase 30% declararam que o custo de locação era excessivo em 2014, isto é, excedia o valor correspondente a um terço da renda familiar mensal, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais. Dez anos atrás, essa proporção era de 24,6% dos domicílios.
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Inversão de cor e raça
Em 2014, mais da metade (53,6%) dos brasileiros se declarava de cor ou raça preta ou parda, e os que se declaravam como brancos representavam 45,5%. Dez anos atrás, o cenário era inverso. Os brancos eram 51,2% do país, e a proporção de pretos ou pardos foi calculada em 48,2%. No ano passado, a participação da população negra foi bastante expressiva no Maranhão (80,6%), Bahia (79,3%), Pará (78,6%) e Tocantins (77,6%).
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Queda na fecundidade
A taxa de fecundidade no país passou de 2,14 filhos por mulher, em 2004, para 1,74 filho por mulher, em 2014, o que representa uma queda de 18,6%. Em 2014, o índice estava acima do nível de reposição populacional (2,10 filhos por mulher) apenas no Acre (2,52), Amapá (2,34), Amazonas (2,32), Roraima (2,27), Maranhão (2,22) e Pará (2,15). Os menores valores neste indicador foram observados em Santa Catarina e Distrito Federal (1,57 filho por mulher), Rio Grande do Sul (1,58) e Rio de Janeiro (1,60).
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Gravidez na adolescência
Apesar da queda na taxa de fecundidade, o número de jovens grávidas entre 15 e 19 anos é considerado alto pelo IBGE. A participação desse grupo etário na fecundidade total passou de 18,4%, em 2004, para 17,4%, em 2014. Por sua vez, as mulheres de 20 a 24 anos são as que têm maior propensão a ter filhos no país. No ano passado, foi o grupo que teve a taxa mais alta, chegando a 91,9 filhos por mil mulheres de 20 a 24 anos, correspondendo a 26,5% da fecundidade no ano. Leia mais
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Geração canguru
A proporção de indivíduos de 25 a 34 anos que formavam a chamada "geração canguru" (pessoas que moravam com ao menos um dos pais) passou de 21,2%, em 2004, para 24,3%, em 2014. Entre eles, 59% eram brancos, 50,9% eram de cor preta ou parda e 47% moravam na região Sudeste. As pessoas da geração canguru eram mais escolarizadas, pois 34,9% tinham ensino superior incompleto ou nível mais elevado.
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Não estudam nem trabalham
Na população de 15 a 29 anos, segundo o IBGE, um em cada cinco jovens não estudava nem trabalhava em 2014, o que se manteve praticamente sem variações desde 2004. Entre as pessoas nessa condição, no ano passado, 45,6% residiam no Norte ou no Nordeste, 69,2% eram mulheres, sendo que 58,1% delas tinham um filho ou mais, e 62,9% eram pretos ou pardos. Quase metade ocupava o domicílio na condição de filho, isto é, também fazia parte da geração canguru.
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Trabalho doméstico sem carteira
Os empregados domésticos sem carteira de trabalho contabilizavam, no ano passado, 4,3 milhões de pessoas de 16 anos ou mais e apresentavam a mais baixa taxa de contribuição previdenciária (14%). O percentual, porém, mais que triplicou no período de dez anos (2004-2014). Além disso, entre 2013 e 2014, houve um aumento de quase 18% no percentual de empregados domésticos sem carteira que contribuíam individualmente para a Previdência Social.
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Maioria feminina
A maioria (92%) dos empregados domésticos no país é de mulheres e, considerando apenas a participação feminina na categoria entre 2004 e 2014, verificou-se aumento significativo na proporção de trabalhadoras de 16 anos ou mais ocupadas com carteira e que contribuíam para a Previdência Social individualmente. A proporção passou de 27,8% para 40,3% em dez anos.
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Distância entre rendimentos
O rendimento dos 10% da população com os maiores rendimentos financeiros representava 4,3 vezes o rendimento dos 40% com os menores ganhos em 2004. Dez anos depois, essa diferença passou a ser de 3,1 vezes (isto é, a desigualdade na apropriação da massa de rendimentos teve uma redução de 27,9%).
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