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Caçada a bando de assaltantes sitia cidade no interior gaúcho

Especial para o UOL Notícias<br>Em Porto Alegre

09/06/2010 09h17

A cidade de Gramado dos Loureiros, 388 km a noroeste de Porto Alegre, está sitiada há uma semana pela Brigada Militar (BM). O cerco, motivado pela caçada a um bando de assaltantes de banco, suspendeu as aulas dos 530 alunos das redes estadual e municipal de ensino, fechou a prefeitura e a Câmara de Vereadores e interrompeu as atividades do comércio.

O cerco, que até agora resultou na prisão de cinco suspeitos, deixou a população da cidade, de 2.500 habitantes, em pânico. Muitos agricultores abandonaram suas propriedades rurais e se mudaram para a casa de parentes, na área urbana, com medo dos assaltantes.

O prefeito Antônio João Ceresollli (PSDB) decidiu manter as atividades oficiais da cidade suspensas até a próxima sexta-feira (11). “Os bandidos podem atacar e pegar crianças como reféns para escapar do cerco. O transporte escolar ficou perigoso”, relatou o prefeito. O posto de saúde também está fechado.

O assalto ocorreu no dia 2 de junho, quando cinco homens a bordo de automóveis modelos Civic e Corolla com placas de São Paulo atacaram a agência do Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) na cidade. Na ação, um agricultor e o ex-prefeito Alivino Melo Machado foram mortos pelos bandidos.

Desde então, a BM mantém 60 homens no local auxiliados por um helicóptero e por quatro cães farejadores. Segundo o chefe do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) da região, coronel Pedro Luiz Lima, o raio da ação de busca aos bandidos foi estendido para 50 km além dos limites do local do assalto.

“Não sabemos se os assaltantes ainda estão na área. Mas também não há informações conclusivas de que tenham conseguido furar o cerco”, justificou o coronel. Lima disse que os bandidos estão com pouca munição e sem possibilidade de comunicação. Os cinco suspeitos presos até agora prestaram depoimentos e foram liberados por falta de provas.

Lima assegurou que os bandidos são conhecidos na região e que tiveram apoio logístico de integrantes de uma reserva indígena do município de Nonoai, vizinho a Gramado dos Loureiros, para o plano de fuga. A delegada Cínara Freitas, da Polícia Civil, investiga o caso.

Grama dos Loureiros

  • População: 2.399 (2009) | Área: 131 Km² | PIB per capta: R$ 8.856 | Distância até a capital: 395 km | IDH: 0,714 (médio) | Prefeito: Antonio João Ceresoli (PSDB)

Três caigangues da aldeia das Bananeiras, na reserva de Nonoai, foram presos acusados de auxiliar os bandidos. A delegada suspeita que os bandidos tenham pago os indígenas para orientar o bando na rota de fuga pelos 38 hectares de mata nativa da reserva.

População com medo
Na cidade, pipocam informações dando conta de que os integrantes da quadrilha, escondidos em matas desde a quarta-feira, estariam se dividindo e circulando em busca de abrigo, alimentos e carro para conseguir fugir.

No sábado, às 6h20, a família De Vitta viveu momentos de terror quando dois homens atacaram Abrão Santos de Vitta, o filho dele Michel, de 17 anos, e a sobrinha Maríndia, 21.

Segundo Abrão, eles obrigaram os jovens a entrarem na carroceria de uma caminhonete e, armados, renderam o dono de uma propriedade rural localizada a 12 quilômetros da sede do município.

A ideia dos bandidos, de acordo com o agricultor, era fugir com os três reféns, mas Abrão conseguiu soltar o freio de mão da caminhonete e o veículo bateu no portão da garagem.

Os jovens conseguiram fugir e os homens tentaram uma fuga com a caminhonete, mas abandonaram o veículo depois de tiroteio com a polícia. Os bandidos conseguiram fugir.