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Governo federal libera R$ 100 milhões para vítimas da chuva no Nordeste

Em Rio Largo, na região metropolitana de Maceió, toda a parte baixa da cidade, onde está o centro comercial e principais prédios públicos, foi inundada e destruída pela enchente - Beto Macário/UOL
Em Rio Largo, na região metropolitana de Maceió, toda a parte baixa da cidade, onde está o centro comercial e principais prédios públicos, foi inundada e destruída pela enchente Imagem: Beto Macário/UOL

Camila Campanerut

Do UOL Notícias* <BR> Em Brasília

22/06/2010 12h52Atualizada em 01/07/2010 15h14

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A ministra-chefe de Casa Civil, Erenice Guerra, afirmou nesta terça-feira (22) que o governo federal já reservou R$ 100 milhões para Alagoas e Pernambuco utilizarem imediatamente nas medidas emergenciais para a população atingida pelas chuvas dos últimos dias.

Segundo a ministra, R$ 25 milhões já foram transferidos hoje para cada um dos Estados, e o restante será liberado a partir do recebimento do parecer dos governos estaduais com um balanço da necessidade de recursos emergenciais para as áreas afetadas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a anunciar ontem à noite que a União enviaria R$ 300 milhões aos Estados, mas o valor não foi confirmado pela Casa Civil.

As equipes de resgate do Corpo de Bombeiros localizaram mais três corpos na manhã de hoje na cidade de Branquinha (61 km de Maceió). Assim, sobe para 29 o número de mortes no Estado por conta das chuvas. Ao todo, no Nordeste, 41 pessoas morreram - há registro de 12 vítimas em Pernambuco.

Lula informou que irá alterar sua agenda para ir visitar pelo menos duas cidades em cada Estado, depois de encerrar as atividades no Pará.

O recursos enviados hoje fazem parte da verba de R$ 1,2 bilhão da medida provisória editada na semana passada pelo Executivo, destinada fornecer crédito extraordinário para os Ministérios da Educação e da Integração Nacional.

O ministro-chefe do gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Felix, afirmou que articula contato com empresas nacionais doadoras que se mobilizaram para ajudar na tragédia no Haiti para que possam fazer doações de alimentos e água potável.

Três ministros já estão na região para agilizar o levantamento das necessidades das localidades destruídas pela chuva: João Santana (Integração Nacional), Paulo Sérgio (Transportes) e Nelson Jobim (Defesa).

O ministro do Planejamento Paulo Bernardo adiantou que o governo federal pretende encaminhar ao Congresso nos próximos dias projeto que altera a sistemática de doação em caso de emergências, como ocorreu mais recentemente em Santa Catarina, no Rio de Janeiro e, agora, no Nordeste.

Erenice Guerra afirmou que as Forças Armadas contam com 400 homens que podem ser deslocados para auxiliar nos trabalhos. A ministra atualizou os dados de envio de cestas básicas, que chegam a 75 mil. Também foram enviados kits de emergência de medicamentos, geradores de energia e pontes móveis que permitirão o acesso a áreas que ficaram isoladas.

Cenário de guerra
O UOL Notícias foi até os três municípios de Alagoas mais atingidos (União dos Palmares, Rio Largo e Branquinha) e encontrou um cenário que mais lembra o de uma guerra: centenas de casas destruídas e uma população desabrigada tentando entender o que aconteceu, para só então tentar recomeçar a vida.

Vinte e seis cidades alagoanas foram atingidas, e 15 municípios decretaram estado de calamidade pública, segundo último balanço da Defesa Civil Estadual. Além disso, 607 pessoas estão desaparecidas e 73 mil, desabrigadas.

Somente na região conhecida como Jatobá, próxima à ponte que liga a cidade a Serra da Barriga (onde existiu o maior quilombo brasileiro e que consagrou Zumbi dos Palmares como herói nacional), cerca de mil casas foram completamente destruídas.

"Sempre teve enchente, mas sempre a água baixava logo, não cobria casa aqui. Só que dessa vez só deu tempo de sair com a roupa. Foi rápido demais, perdemos tudo", afirmou José Izidoro, 56. "Só não foi pior porque foi de dia. Se fosse à noite, e não víssemos a água, teriam morrido milhares", completou José Amauri, 37, que viu a oficina de veículos se transformar em destroços.

  • Imagens aéreas da destruição

  • Imagens de Alagoas

  • Imagens de Pernambuco

O prefeito da cidade, Areski Freitas, informou à reportagem que o número de mortos chegou a 14, enquanto 15 mil estão desabrigados e desalojados. "Temos 10 mil somente nas escolas, fora os que foram para casa de parentes e amigos", afirmou. Segundo Freitas, três escolas e dois postos de saúde foram destruídos pela enchente e as estimativas dão conta de que entre 30 e 40 pessoas possam estar desaparecidas.

Jobim visita região
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou na manhã desta terça (22) que parte imediatamente para Alagoas e depois para Pernambuco para fazer um balanço dos estragos causados pelas chuvas e enchentes nos dois Estados.

Segundo Jobim, só uma visita aos locais afetados poderá fechar a conta de quantos homens das Forças Armadas serão necessários para ajudar nas ações de resgate.

“Por determinação do presidente, estou me deslocando para o local para fazer um balanço, um levantamento de toda a logística”, afirmou o ministro, ao sair do início da reunião do gabinete de crise, que acontece na sede provisória do governo federal, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília.

Segundo Jobim, o trabalho logístico será divido em duas etapas. Uma diz respeito à questão da habitação, envolve barracas, alimento, água potável e energia. E a segunda se refere à saúde, com o envio de medicamentos e hospitais de campanha da FAB (Força Aérea Brasileira).

Ontem, os governadores dos dois Estados, Teotônio Vilela (AL) e Eduardo Campos (PE), se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e saíram do encontro com a garantia de que não faltaria verba federal para ajudar as vítimas e reconstruir as áreas destruídas.

Em Pernambuco, os dados de ontem da Coordenadoria de Defesa Civil apontavam que as chuvas afetaram 54 municípios e deixaram mais de 17 mil pessoas desabrigadas, 24 mil desalojadas e, pelo menos, 12 mortos.

Já em Alagoas, a Defesa Civil contabilizou mais de 11,4 mil casas destruídas, mais de 7.500 danificadas e ainda 236 prédios públicos atingidos. Os números do desastre não param de crescer com a diminuição da água que cobriu cidades.

Cidades que decretaram calamidade pública

*Com informações da Agência Estado e de Carlos Madeiro, colaborador do UOL Notícias em Alagoas