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Alagoas determina situação de emergência na saúde pública

Carlos Madeiro

Especial para o UOL Notícias<br>Em Alagoas

29/06/2010 18h50

Trabalho infantil marca tentativa de reerguer Branquinha (AL)

A Secretaria da Saúde de Alagoas (Sesau) divulgou nesta terça-feira (29) o primeiro boletim epidemiológico das áreas atingidas por enchentes no Estado, que aponta para a notificação de mais 200 pessoas com problemas em decorrência das cheias. A preocupação com doenças levou a equipe técnica que avalia casos graves de saúde no Estado a determinar situação de emergência de saúde pública.

A Sesau explica que a classificação da emergência ocorreu devido à “intensidade e situação de risco para ocorrência de casos novos de doenças (transmissíveis ou não) ou agravo”. Dois hospitais de campanha já foram montados no Estado, em Murici e Santana do Mundaú. Anteriormente, a Secretaria havia informado que havia sido decretada situação de emergência, mas por volta das 22h a própria secretaria corrigiu a informação, dizendo que não houve a formalização de um decreto, pois não houve assinatura do governador do Estado (leia errata).

Segundo a superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, Sandra Canuto, a determinação de situação de emergência serviu para poder deslocar todas as equipes de vigilância epidemiológica e atenção básica para as cidades afetadas.

Vítimas da enchente de 1988 vivem em presídio abandonado e esperam por casa

  • Maria do Carmo, 57, vai abrigar a irmã que perdeu a casa com a enchente da semana passada; ela vive no presídio que serve de abrigo para cerca de 100 famílias que ficaram desabrigadas pela enchente do rio Mundaú desde 1988 na zona rural

“Existe uma possibilidade grande de termos um aumentar no número de casos de doenças graves e surtos de doenças graves. Por isso, paramos todas as demais atividades e estamos com mais de 200 profissionais nos municípios atingidos, atendendo pessoas, orientando as vítimas e realizando vacinações contra o tétano para quem teve ferimento”, afirmou.

Além dos profissionais de Alagoas, o Estado conta com o apoio do setor de vigilância epidemiológica do Rio de Janeiro e do Ministério da Saúde, além de técnicos da atenção básica cedidos pelo governo federal.

Segundo ela, a maior preocupação no momento é com os casos de leptospirose. O Estado já registrou 10 casos suspeitos, e outros devem começar a aparecer a partir de agora. “A leptospirose tem uma letalidade de até 40%. Temos também a preocupação com a cólera, já que é outra doença muito grave e que pode ressurgir com essa enchente. Mas ainda não temos caso suspeito”, disse.

Para socorrer as vítimas de animais como cobras e escorpiões, o Estado também intensificou a distribuição do soro antiofídico e o antiescorpiônico para as cidades atingidas.

Casos
Segundo os primeiros dados apresentados pela Sesau, entre os dias 23 a 28 deste mês, já foram registrados no Estado 110 casos de diarreia, 58 de síndrome respiratória e 50 de acidente por animal peçonhento, além dos 10 casos suspeitos de leptospirose – que estão sendo analisados pelo Laboratório Central do Estado, com previsão de resultados para esta quarta-feira.

O boletim aponta que a situação mais preocupante até o momento é em Quebrangulo, onde foram registrados 44 casos de diarreia e 52 de síndrome respiratória. Já Capela registra quatro casos suspeitos de leptospirose.

Diante do aumento no número de enfermidades, a superintendência de Vigilância em Saúde da Sesau alertou para que as equipes fiquem atentas a sintomas como febre com início súbito, dor de cabeça, vômito, moleza e dois ou mais episódios de diarreia. Os ferimentos no corpo também necessitam de uma atenção especial.