Havia intenção de matar bebê de Eliza, diz delegado do caso Bruno
Em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (8), o delegado Edson Moreira, que conduz as investigações do desaparecimento de Eliza Samudio em Minas Gerais, afirmou que havia a intenção de matar o bebê que seria fruto da relação dela com o goleiro Bruno, do Flamengo. A informação é atribuída a Sérgio Rosa Sales Camelo, primo de Bruno, que está preso e teria dito à polícia que todos pretendiam matar a criança.
“O Macarrão chutou a Eliza, mas queria matar a criança também. Deles todos, a intenção de matar a criança existiu”, disse Moreira, provocando a reação do advogado do goleiro, Ércio Quaresma, que interrompeu a fala do delegado exigindo ver os autos do inquérito. “O Edson Moreira tem acreditado em tudo. Ele é chefe do Departamento de Investigações, a que ponto nós chegamos”, questionou. “Vamos parar de pagar promotor de Justiça, vamos parar de pagar juiz de direito e vamos dispensar o conselho de sentença, porque o Dr. Edson não assina a sentença condenatória?”
"Depois dessa interrupção antiética, vamos voltar ao normal", rebateu Moreira ao retomar a entrevista. O advogado de Bruno negou ter interrompido. “Eu não invadi, se não seria preso. O que eu fiz foi ingressar em um recinto e pedir educadamente para ter acesso aos autos do inquérito.” Ele também criticou o que disse um adolescente detido no caso. "São declarações prestadas por uma mente sob efeito de substâncias alucinógenas ou purgativas”, disse.
Executor do crime
Em seguida, o delegado afirmou que a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do 1º Tribunal do Júri de Contagem (MG), decretou hoje a prisão temporária de Marcos Aparecido Santos, conhecido como Bola ou Paulista, apontado como quem estrangulou a ex-namorada de Bruno.
Santos é ex-agente da Polícia Civil de MG, tem 45 anos, adestrava cães e dava cursos de sobrevivência. Ontem, dez cães foram apreendidos na casa do suspeito, em Vespasiano (região metropolitana de Belo Horizonte), onde o assassinato teria sido cometido.
Ainda segundo o delegado, Paulista entrou na Polícia Civil em 1991 e foi excluído um ano depois dos quadros, ainda em estágio probatório. Moreira disse que ainda pretende ouvir novamente a mulher de Bruno, Dayanne de Souza. Já sobre a transferência de Bruno para que seja ouvido pela polícia em Minas Gerais, o delegado afirmou: “Se Deus quiser isso vai acontecer”.
Bruno e Macarrão vão para IML e Bangu 2
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O advogado de Paulista esteve nesta tarde no Departamento de Investigação de Belo Horizonte e afirmou que seu cliente é inocente. “Meu cliente é inocente e está à disposição da Justiça”, disse o advogado Roberto de Assis Nogueira. “Assim que for chamado, ele irá se apresentar.”
“O Bruno estava lá dentro da casa e via a mulher com a cabeça toda estourada e acompanhou a ida de Eliza para o sacrifício”, disse Moreira, que classificou o ex-policial como um “especialista em matar”.
A polícia mineira elucidou 80% do caso do desaparecimento de Eliza, afirmou mais cedo o delegado. Segundo ele, o crime foi “premeditado, planejado e friamente executado”. O goleiro se entregou à polícia ontem após ter tido a prisão temporária decretada em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Ele está preso junto de um amigo, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, na unidade de Bangu 2, no Complexo de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Indiciamento e denúncia
A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou nesta quinta que o inquérito que apurou o crime de sequestro no caso do desaparecimento de Eliza está concluído e indicia o goleiro como mandante. O relatório pode ser entregue ainda hoje ao Ministério Público.
Macarrão e o adolescente de 17 anos, apreendido após prestar um depoimento que mudou os rumos da investigação, foram indiciados como executores. Em seguida, o MP vai decidir se apresenta denúncia à Justiça.
O Ministério Público do Rio de Janeiro também denunciou o goleiro e Macarrão pelos crimes de sequestro/cárcere privado e de lesão corporal, pelos crimes cometidos em outubro de 2009, quando os dois sequestraram Eliza e tentaram forçá-la a abortar. A peça será analisada pelo Judiciário e, se recebida, ambos se tornam réus em ação penal pelos crimes.
Já o inquérito de Minas Gerais ainda não foi concluído.
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