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Bruno, Macarrão e Bola podem colher material para fazer exame de DNA hoje

Goleiro Bruno Fernandes de Souza está preso em penitenciária de segurança máxima em MG - Pedro Vilela/Futura Press
Goleiro Bruno Fernandes de Souza está preso em penitenciária de segurança máxima em MG Imagem: Pedro Vilela/Futura Press

Rayder Bragon*<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Minas Gerais

09/07/2010 10h11

O goleiro Bruno Fernandes de Souza, seu amigo e funcionário Luiz Henrique Ferreira Romão - conhecido como Macarrão - e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos – conhecido como Bola ou Paulista - deixaram nesta manhã de sexta-feira (9) o presídio Nélson Hungria, de segurança máxima, em Contagem (região metropolitana de BH), onde passaram a madrugada, e chegaram por volta de 11h ao Departamento de Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Algemados e com uniformes do presídio, eles passaram pelo cordão de isolamento da polícia aos gritos de revolta da população presente na porta da delegacia.

De acordo com fontes ligadas à investigação, o delegado Edson Moreira fará um trabalho de convencimento para que os suspeitos permitam a coleta do material genético para um exame de DNA, que tem o objetivo de descobrir de quem é a mancha de sangue encontrada no carro que transportou Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno, que desapareceu no início de junho e é dada como morta.

Entretanto, o advogado Ércio Quaresma Firpe, que representa Bruno e Macarrão, afirmou a jornalistas nesta sexta-feira que não vai permitir que seus clientes realizem qualquer tipo de exame ou prestem depoimento hoje. “Eles só vão depor e fazer exame quando eu achar conveniente, quando eu tiver acesso ao inquérito”, afirmou. Os suspeitos não são obrigados a fazer esse exame, e a polícia não pode obrigá-los a fazer.

Além disso, Bola, suspeito de ter executado Eliza, está sendo tratado com prioridade pela polícia mineira. Há a expectativa de que ele seja ouvido ainda hoje. Um novo advogado assumiu sua defesa: Zanone Manuel de Oliveira Júnior. Ele afirmou que, ao lado de Quaresma, vai acompanhar as oitivas desta sexta-feira, mas já adiantou que a recomendação para os suspeitos é de que não respondam a nenhuma das perguntas.

"Idiota"

Segundo o advogado dos suspeitos, ele está sendo feito de “idiota” pela polícia mineira, e reafirmou que nada será feito até que tenha uma cópia do inquérito e estude todo o processo.

Por sua vez, Gustavo Fantini, promotor de Justiça que está acompanhando o caso, disse que “existe a previsão legal de que o inquérito possa ser sigiloso. Quanto a liberação ou não de copias deste inquérito, é algo que fica a critério da Justiça e a critério da autoridade judicial. Nós vamos analisar isso”. Fantini disse ainda que, até o momento, “existem provas fortes” da participação de todos neste crime.

Quaresma disse que vai compor um grupo de pelo menos cinco advogados para defender o grupo de suspeitos no caso do desaparecimento da ex-amante do goleiro Bruno, Eliza Samudio. Além de Bruno e Macarrão, ele defende a mulher de Bruno, Dayanne de Souza, Wemerson de Souza, o "Coxinha", Flavio Caetano de Araújo e Elenilson Vitor da Silva.

Os dois advogados de Bola, suspeito de ser o executor da morte de Eliza, anunciaram na madrugada de hoje que desistiram de representar o cliente. Segundo Quaresma, Bola pediu a ele que fizesse também sua defesa, mas o pedido foi negado. “Ele me abraçou, chorou e pediu socorro. Eu decidi indicar um advogado para ele”, disse.

Quaresma afirmou também ter conversado com Bruno ontem à noite. “Eu perguntei a ele se ele queria que eu o representasse, e ele me disse que sim. Eu perguntei também se ele teria sido o mandante do crime e se ele teria participado. Ele negou.”

Sobre Dayanne, que está na penitenciária feminina Estevão Pinto, em Belo Horizonte, presa em uma cela individual desde quarta-feira (7) depois de sofrer ameaças de outras detentas, Quaresma afirmou que ainda hoje um advogado de seu grupo irá visitá-la.

Transferência
A autorização para a transferência de Bruno e Macarrão do Rio para Minas foi concedida ontem (8) pelo juiz Jorge Luís Le Cocq D'Oliveira, titular da 38ª Vara Criminal da Capital. A transferência foi autorizada após pedido do TJ de Minas. “No sentido que o crime de sequestro é conexo com o homicídio, a competência é do Tribunal do Júri de Contagem (MG)”, afirmou o magistrado.

Os suspeitos deixaram o presídio de Bangu 2, onde estavam presos, por volta das 20h30 de ontem e decolaram do aeroporto Santos Dumont às 21h45. Um avião da polícia mineira estava aguardando os suspeitos no aeroporto desde quarta-feira.

Eles chegaram em Minas por volta das 23h, e seguiram para o Departamento de Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais. Muitos curiosos aguardavam a chegada dos acusados, que foram recebidos aos gritos de "assassino" e “monstro”. Enquanto Macarrão entrou com o rosto coberto, Bruno manteve a cabeça erguida. Eles não estavam algemados. O delegado Edson Moreira pretende ouvi-los e fazer uma acareação entre os envolvidos, mas a data para que isso ocorra ainda não foi confirmada.

Bruno, Macarrão e Bola a delegacia até por volta da 1h45, quando seguiram para o Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito. Após passarem boa parte da madrugada lá, seguiram para o presídio Nélson Hungria, de segurança máxima, em Contagem (Região Metropolitana de BH).

Buscas são retomadas
O Corpo de Bombeiros de Minas retomou nesta manhã as buscas pelo corpo de Eliza. Segundo a Polícia Civil, as buscas estão concentradas no sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), e nas proximidades da residência. Ao todo, quatro equipes estavam no local por volta das 10h.

Em depoimento, dois suspeitos afirmaram que Eliza, que está desaparecida desde o início de junho, está morta.

 *Com informações do UOL Notícias, em São Paulo, e da Folha.com