Delegado diz que suspeitos podem ter criado cenário para despistar a polícia
O delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, em Belo Horizonte, disse nesta sexta-feira (9) que foram encontradas cabeças de bovinos no sítio localizado em Esmeraldas, região metropolitana de Belo Horizonte, onde buscas são realizadas na tentativa de encontrar o corpo de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes de Souza.
O delegado disse que esse cenário pode ter sido montado em uma tentativa de despistar cães farejadores que porventura estivessem em busca dos restos mortais de Eliza. Moreira não soube precisar o número de agentes que estão trabalhando no local, mas disse que eles contam com a ajuda de homens do Corpo de Bombeiros.
Segundo a polícia, o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos – conhecido como Bola ou Paulista, é um antigo locatário do sítio. Bola é acusado de ser o executor de Eliza, que está desaparecida desde o início de junho. Ela tentava provar que Bruninho, de 5 meses, é filho do goleiro.
Apesar de admitir que será difícil encontrar o corpo de Eliza, o delegado diz não ter perdido a esperança de encontrar vestígios dela. “A gente sempre tem que buscar a prova material direta”, disse.
Bilhete
Questionado durante uma rápida coletiva na porta do Departamento de Investigações sobre a existência de um bilhete que teria sido enviado por Luiz Henrique Ferreira Romão - conhecido como Macarrão, ao adolescente apreendido pela polícia na semana passada, Moreira foi evasivo: “estou atrás deste bilhete, vamos ver se eu acho”, disse.
O suposto bilhete dizia que se o adolescente “abrisse o bico, ele morreria”. O jovem continua internado no Instituto Padre Severino, na Ilha do Governador, zona norte do Rio, depois de revelar detalhes do desaparecimento de Eliza em depoimento à polícia, crime que também teria contado com sua participação.
A intenção do delegado é que Bruno e os demais acusados permaneçam no DI, mas provavelmente eles deverão voltar no fim do dia para a penitenciaria de segurança máxima Nélson Hungria, em Contagem (Região Metropolitana de BH).
Suspeitos se negam a fazer exame de DNA
Moreira confirmou em entrevista coletiva na manhã de hoje que o goleiro Bruno, Macarrão e Bola foram instruídos por seus advogados a não coletar material genético para exame de DNA, que tem como objetivo descobrir de quem é a mancha de sangue encontrada no carro que pode ter transportado Eliza para a execução.
Adolescente conta detalhes da morte
Os advogados também impedem os suspeitos de prestarem depoimento, além de dar declarações à imprensa. Bruno, Macarrão e Bola estão no DI em salas separadas. Eles chegaram ao local mais cedo algemados e vestindo uniformes do presídio de segurança máxima de Contagem, onde passaram a madrugada.
Segundo o delegado, a decisão da defesa de não colaborar com a polícia certamente “vai dar um atraso na investigação”, mas “nós temos 30 dias para interrogá-los, e ainda podemos prorrogar por mais 30”, que é o prazo da prisão temporária que foi decretada pela Justiça de MG. "É irrelevante eles cooperarem ou não, diante do conjunto das provas", afirmou.
Sobre a chegada de Bruno à delegacia na noite de ontem, Edson Moreira disse que apenas deu boas-vindas ao atleta, e que ainda não teve oportunidade de conversar melhor com ele.
O delegado retrucou as acusações do advogado de defesa de Bruno e Macarrão, Ércio Quaresma Firpe, de que está sendo feito de “idiota” pela polícia mineira. “Estamos sendo bombardeados (...) Estamos aqui para investigar e defender a população. Essa é nossa função. A dele é de defender seus clientes”, limitou-se a dizer.
Moreira mostrou à imprensa um notebook de Eliza Samudio que será submetido à perícia ainda hoje. Ele foi entregue à polícia por uma amiga da ex-amante do goleiro Bruno, e pode conter mensagens e fotos reveladoras. Além disso, também serão periciados o carro que supostamente teria levado Eliza para a execução (Ecosport) e o carro que foi apreendido na casa de Bola, em Vespasiano, onde foram achados vestígios de sangue no porta-malas (Citroën).
Para o delegado, a motivação do crime foi a luta de Eliza pela paternidade de seu filho, Bruninho, de cinco meses, e também a vingança de Bruno, tendo em vista a denúncia feita por ela contra o jogador sobre a tentativa de abortar a criança.
Buscas são retomadas
O Corpo de Bombeiros de Minas retomou nesta manhã as buscas pelo corpo de Eliza. Segundo a Polícia Civil, as buscas estão concentradas no sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), e nas proximidades da residência. Ao todo, quatro equipes estavam no local por volta das 10h.
Em depoimento, dois suspeitos afirmaram que Eliza, que está desaparecida desde o início de junho, está morta.
*Com UOL Notícias, em São Paulo, e Folha.com
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