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Marinha encerra buscas por minas marítimas em Maragogi (AL) sem encontrar nenhum artefato

Carlos Madeiro<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Maceió

20/10/2010 14h51

 

Não passava de “história de pescador”. Depois de 15 dias de buscas, a Marinha anunciou que a operação para localizar seis supostas minas marítimas enterradas em Maragogi (no litoral Norte de Alagoas, a 135 km de Maceió) foi concluída na manhã desta quarta-feira (20) sem nenhum artefato encontrado.

Apesar dos esforços de 23 oficiais – a maioria vinda do Rio de Janeiro –, dos policiais militares deslocados para apoio e das várias escavações em diferentes pontos da cidade, nenhum sinal de explosivo foi encontrado e a operação foi encerrada cinco dias antes do previsto. A equipe e os equipamentos retornam nesta quinta-feira aos seus locais de origem.

O capitão dos Portos em Alagoas, André Meire, afirmou que tudo que estava ao alcance da Marinha foi feito neste período. “Nós fizemos a varredura em todos os locais que os pescadores antigos informavam onde estariam as minas, mas, dentro do nosso limite de detecção – que é de 2m de profundidade –, não encontramos absolutamente nada”, disse.

Segundo ele, apesar de empregar grande efetivo e esforços, não há frustração da Marinha com o resultado final da operação. “Nossa missão era fazer a varredura e, se encontrássemos, fazer a detonação segura. A missão foi cumprida. Lógico que era interessante que encontrássemos, pois não é todo dia que achamos uma mina marítima. Se tivéssemos as encontrado, poderíamos estudar essas minas, mandá-las para o museu da Marinha, mas infelizmente não foi possível”, explicou.

Apesar da operação não encontrar as minas, que teriam sido usadas para detonar navios durante a Segunda Guerra Mundial, Meire ressaltou que a existência de artefatos não está 100% descartada. “Nós garantimos que nos locais onde eram apontados não existem. Elas podem estar mais profundas. Vamos apresentar um relatório à prefeitura, apontando que existem outros equipamentos para detecção, mas que a Marinha não tem posse. Se eles quiserem prosseguir com a busca, nós estaremos à disposição para realizarmos novas ações. Toda logística, inclusive com os pontos de detonação, estão prontos”, informou Meire, citando que não vê riscos de explosões espontâneas ou causadas pela natureza das minas, caso elas estejam enterradas a maior profundidade.

Sobre os custos, a Marinha afirma que foram “muito baixos” e diz que todos os detalhes da operação serão apresentados à imprensa na próxima sexta-feira. “Nós contamos com todo apoio logístico de hospedagem e alimentação pagos pela prefeitura. A FAB [Força Aérea Brasileira] cedeu o avião e nós tivemos apenas os custos de água e baterias dos equipamentos”, garantiu Meire.

Responsável por acompanhar a operação, o chefe de gabinete da prefeitura, Rildson José, informou que a prefeitura não pretende dar continuidade às buscas por minas em áreas mais profundas. “As buscas estão encerradas. Ficamos satisfeitos com a operação da Marinha e as informações que nos foram passadas. Com essa operação, a cidade volta a viver a tranquilidade, inclusive para o turismo”, disse.

Maragogi é o segundo maior receptor de turista do Estado, atrás apenas de Maceió. Segundo empresários do setor, a informação da existência das minas chegou a afastar turistas.

O chefe de gabinete informou ainda que os custos deixados pela Marinha foram mínimos. “Foram entre R$ 5.000 e R$ 6.000 com hospedagem e alimentação. Já as escavações serão cobertas com material da prefeitura, é um valor insignificante. Nós só temos a agradecer a Marinha pelo trabalho”, complementou Rildson José.

Minas em Maragogi

A suspeita de que minas marítimas estariam enterradas na cidade foi apontada depois que trabalhadores de uma obra de saneamento básico encontraram em maio, a 70cm de profundidade, uma mina enterrada na orla da cidade.

Policiais militares do esquadrão anti-bombas foram acionados e removeram e detonaram o artefato. O impacto da explosão, porém, destruiu parcialmente casas e hotéis a um raio de até 1 km e gerou críticas e medo da população.

Após o episódio, a Marinha foi convocada para fazer o rastreamento da área, já que pescadores informaram que outras seis minas - supostamente utilizadas na Segunda Guerra Mundial – teriam sido enterradas na cidade há cerca de 60 anos.

Em agosto, a Marinha informou que uma operação inicial de varredura detectou - por meio de gases - a existência de pelo menos cinco pontos onde poderiam estar enterradas as minas. Um sexto ponto não pôde ser detectado já que a varredura não teria sido realizada em condições ideais.