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Cidade mineira volta a ficar isolada devido à chuva; produtos começam a rarear no comércio

Rayder Bragon<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Belo Horizonte

18/01/2011 17h39

A cidade de Alagoa (425 km de Belo Horizonte), no sul de Minas Gerais, voltou a ficar isolada nesta terça-feira (18) em decorrência de quedas de barreiras na estrada que faz conexão com o município de Aiuruoca. Moradores da cidade haviam ficado sem acesso à cidade vizinha por quatro dias na semana passada, quando fortes chuvas trouxeram muitos estragos e prejuízos à localidade.

Segundo Osvaldo Filho, coordenador da Defesa Civil municipal, homens do Exército conseguiram desobstruir a estrada somente depois das 17h de hoje. “Estamos indo a pé nas zonas rurais que estão isoladas para levar cestas básicas às pessoas que necessitam”, disse. O prefeito da cidade, Sebastião Mendes Pinto (PSDB), disse que os funcionários fazem jornadas de 20 quilômetros para alcançar as regiões mais afetadas.

Minas Gerais tem 84 cidades em emergência devido às chuvas

A comerciante Francisca Izabel de Sousa Andrade, 57, afirmou que produtos básicos como pó de café, açúcar, sal, papel higiênico e água sanitária estão começando a escassear no seu estabelecimento comercial.

“A gente tem, nessas horas, de preocupar com o básico, mas até isso está acabando. O lugar aqui é pequeno e ninguém tem grandes estoques. Os telefones ora funcionam, ora não”, explicou.

Segundo ela, as pessoas estão tendo dificuldade em adquirir botijões de gás de cozinha. “O caminhão não consegue entrar na cidade e, se continuar desse jeito, os combustíveis de postos da cidade vão acabar também”, disse.

As cidades da região estão sendo atendidas pela Defesa Civil de Minas Gerais, além de homens do Corpo de Bombeiros e do Exército, que levaram carregamento de água potável aos moradores. Um helicóptero dos bombeiros auxilia os trabalhos. 

“Graças a Deus nós não estamos abandonados, mas nós estamos muito preocupados”, afirmou a comerciante.

Em Itamonte, cidade vizinha a Alagoa, o coordenador da Defesa Civil demonstrou preocupação com a continuidade das chuvas. Segundo José Carlos Gonçalves Machado, algumas áreas da zona rural ainda estão isoladas pelas chuvas da semana passada.

“Nós estamos com problemas na zona rural. Tem locais inteiramente devastados e estamos preocupados com o retorno de chuvas fortes nesses lugares. A nossa preocupação agora é restabelecer contato com essas comunidades.”

Várias cidades do sul do Estado têm sido afetadas pelos temporais e apresentaram problemas como inundações, deslizamentos de terra, desabamentos de casas e enxurradas. Os municípios de Pouso Alegre, Três Corações, Seritinga, Itajubá, Careaçu, Conceição do Rio Verde, Maria da Fé, Camanducaia, Ouro Fino, Cambuquira, São Lourenço e Lavras, entre outras, estão entre os prejudicados pelas chuvas.

O governador Antonio Anastasia (PSDB) vai retornar à região nesta quarta-feira (19) para vistoriar cidades que enfrentam problemas com o mau tempo. No último sábado, o tucano foi à região e percorreu algumas cidades afetadas pelas tempestades.

Ontem, ele estimou em R$ 250 milhões os prejuízos causados pelos temporais. Segundo ele, após reunião com órgãos da administração estadual, haverá pedido à União desse montante para recuperação do que foi destruído.

No Estado, segundo a Defesa Civil, as chuvas provocaram a morte de 16 pessoas e deixaram outras 78 feridas desde novembro do ano passado. Até o momento, 84 cidades decretaram situação de emergência, de um total de 132 afetadas pelas chuvas.

A Defesa Civil afirma ainda que 2.594 pessoas estão desabrigadas e 16.957 ficaram desalojadas, ou seja, foram acolhidas em casa de parentes, vizinhos ou amigos.

Um total de 243 casas e 113 pontes já foram destruídas. Ao todo, 6.621 imóveis apresentaram danos e 346 pontes sofreram abalos na estrutura. O órgão revela ainda que quase 1,3 milhão de pessoas foram afetadas nesse período chuvoso.