PF prende 30 por desvios e emissão de notas frias no Piauí; prefeitos estão ente detidos
A Polícia Federal prendeu 30 pessoas nesta quarta-feira (19) no Piauí durante a maior operação já realizada no Estado. Entre os presos estão sete prefeitos e dois ex-prefeitos.
Os presos são acusados de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Durante a investigação, a Polícia Federal detectou uma rede criminosa especializada em falsificação de documentos, envolvendo empresas fantasmas e sonegação fiscal.
“Havia um derrame de notas fiscais frias envolvendo pelo menos 12 prefeituras”, afirmou o delegado Regional de Combate ao Crime Organizado, Janderlier Gomes de Lima.
A PF prevê que o desvio tenha sido de mais de R$ 20 milhões nas prefeituras. Foram cumpridos 84 mandados de buscas e apreensões. “Somente em três cidades constatamos o desvio de R$ 5 milhões”, disse Lima.
Foram presos os prefeitos Valdir Soares da Costa (PT), de Uruçui; Joedison Alves Rodrigues (PTB), de Landri Sales; Isael Macedo Neto (PTB), de Caracol; Teresinha de Jesus Miranda Dantas Araújo (PSDB), de Eliseu Martins; Jorge de Araújo Costa (PTB), de Ribeira do Piauí; Bismarck Santos de Ârea Leão (PTB), de Miguel Leão; e Domingos Barcelar de Carvalho (PMDB) de Porto.
Os ex-prefeitos presos são Francisco Donato de Araújo Linhares Filho, o Chico Filho, de Uruçui e presidente do Emater (Instituto de Assistência e Extensão Rural) e a ex-prefeita de Landri Sales, Juraci Alves.
O advogado Lúcio Tadeu Ribeiro dos Santos, que defende dois prefeitos, trabalha com a hipótese de relaxamento da prisão após os depoimentos, já que em sua concepção não há motivos para manter os clientes presos.
Em nota, a Associação Piauiense de Municípios (APPM) defende ampla defesa dos prefeitos presos. Segundo a associação, as investigações desencadeadas são devido as auditorias em mais de cem municípios do Piauí pela Controladoria Geral da União.
“A APPM destaca que, embora seja uma Associação de Municípios, tratando do interesse das instituições municipais, prioriza a defesa dos princípios gerais de direitos humanos, como a presunção da inocência e o de ampla defesa, tendo como seu compromisso maior o interesse público e a probidade dos atos administrativos”, diz a nota.
Como funcionava o esquema
A quadrilha usava empresas fantasmas para a emissão de notas fiscais frias para o recebimento de recursos para o SUS (Sistema Único de Saúde) e Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério). As empresas emitiam documentos falsos para o recebimento das verbas federais e os gestores pagavam agiotas e usavam o dinheiro, segundo a polícia, para novos atos de corrupções.
A ação contou com o apoio da Controladoria Geral da União, Secretaria de Fazenda e Ministério Público Federal.
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