Chuvas no RS deixam 200 mil sem luz, centenas de desabrigados e 12 mortos

As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul nos feriados de Páscoa deixaram um saldo de 12 mortes e pelo menos 100 famílias desabrigadas no Estado, além de interromper o fornecimento de energia elétrica para mais de 200 mil consumidores.

A Defesa Civil registrou queda de árvores, inundações e deslizamentos de terra, com prejuízos ainda não calculados. A região mais afetada foi o vale do rio Taquari, onde sete pessoas da mesma família morreram soterradas na sexta-feira (22) em Igrejinha.

Em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre, o desabamento de uma residência causou a morte de três crianças na madrugada de sábado (23).

De acordo com o Corpo de Bombeiros do município, várias residências foram danificadas pela chuva e pelos ventos fortes, mas ainda não há dados sobre a quantidade de imóveis atingidos.

Em Sapucaia do Sul, também na região metropolitana, uma pessoa morreu eletrocutada na rua. De acordo com o Corpo de Bombeiros, um fio de alta tensão, caído no local, provocou o acidente.

A outra vítima do choque, Jorge Adalberto Adam, de 55 anos, foi encaminhado para o Hospital de Getúlio Vargas, e permanece em estado estável.

Em Fazenda Vila Nova, o desabamento de um galpão matou um agricultor. Na região sul do Estado, houve chuva de granizo em Piratini. Temporais e vendavais também foram verificados no noroeste.

De acordo com o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Luiz Oscar Moiano, os municípios de Pareci Novo, Taquari, Santa Cruz do Sul e Teutônia já decretaram situação de emergência. Além disso, sete municípios enviaram Notificação Preliminar de Desastre (Nopred) ao governo estadual.

"Estamos finalizando o levantamento de danos e fazendo os contatos com as prefeituras para a verificação das principais necessidades", disse.

No domingo (24), o governador Tarso Genro sobrevoou os locais da tragédia e acompanhou o velório das sete vítimas em Igrejinha. Emocionado, o governador considerou as perdas “irreparáveis" e prometeu ações preventivas para evitar novas tragédias.

"Nesses momentos não adianta muito a solidariedade, porque estamos diante de uma tragédia. Mas o governo veio dar seu apoio", salientou.

Em Montenegro, também no vale do Taquari, mais de 100 famílias estão desabrigadas por causa da cheia do rio Caí. O rio está 5,6 metros acima do nível normal. Segundo a prefeitura municipal, outras 50 famílias terão de deixar suas casas nas próximas horas se a água continuar subindo.

As escolas municipais estão sem aulas nesta segunda-feira (25) devido à queda de barreiras em pelo menos 15 pontos da cidade. Os prejuízos por causa da chuva devem ultrapassar os R$ 13 milhões.

O rio dos Sinos, em São Leopoldo, também ultrapassou o nível de alerta e ameaça desabrigar famílias ribeirinhas na cidade. O leito está 5,3 metros acima do normal.

De acordo com a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), 20  mil clientes ainda permanecem sem luz no Estado devido aos temporais dos feriados de Páscoa.

Medidas

O governador Tarso Genro anunciou nesta segunda-feira (25) que vai reforçar as medidas de prevenção a catástrofes naturais no Estado. Ele terá reunião com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, sobre a integração do Rio Grande do Sul ao Sistema Nacional de Alerta à Prevenção de Desastres Naturais.

O programa irá delimitar as 500 áreas de maior vulnerabilidade do país, não só de encostas, mas de áreas serranas, e a localização de 300 bacias hidrográficas com maior chance de inundação, tanto nas cidades quanto nas zonas rurais.

Outra medida anunciada pelo governo do Estado é a criação de uma reserva de oficiais da Casa Militar para serem acionados no caso de desastres naturais que necessitem de mobilização intensiva.

Oficiais receberão treinamento específico para funcionar como uma reserva da Defesa Civil e como uma força de pronto-emprego no caso de necessitar reforço.

“Em momentos excepcionais, esse homens e mulheres podem ser mobilizados para atividades de sustenção, se esses desastres aumentarem e precisarem de um reforço imediato”, disse Genro.