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Amazonas tem oito municípios em estado de emergência após cheia de rios

Em Eirunepé, no Amazonas, a cheia prejudica o dia-a-dia dos moradores - Divulgação/ Defesa Civil de Eirunepé
Em Eirunepé, no Amazonas, a cheia prejudica o dia-a-dia dos moradores Imagem: Divulgação/ Defesa Civil de Eirunepé

Emily Ribeiro<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Manaus

26/05/2011 10h00

A Defesa Civil do Estado do Amazonas informou nesta quinta-feira (26) que oito municípios estão em estado de emergência por causa da cheia dos rios Solimões e Juruá, o que representa mais de 13 mil famílias atingidas. Segundo o órgão, apesar da região estar praticamente fora do ciclo da cheia, as chuvas da Colômbia e do Peru ainda estão contribuindo para a subida das águas.

As cidades de Tabatinga, Atalaia do Norte, Benjamin Constant (Alto Solimões), Guajará, Ipixuna, Eirunepé, Envira e Itamarati (Juruá) são as atingidas. Todas são localizadas em áreas próximas a fronteiras, com distâncias de no mínimo 1.500 quilômetros da capital do Estado, Manaus, por via fluvial.

Veja onde estão as cidades

Nestes locais, os moradores conseguem pescar das janelas de suas palafitas e a água da cheia é utilizada para os serviços domésticos e consumo. A população só consegue transitar pelos arredores de suas casas graças a pontes de madeira, construídas pelo Estado. 

A prefeita de Ipixuna, Ana Farias de Oliveira, informou que nesta última semana, as águas pararam de subir. No entanto, o nível do rio permanece estável e as casas continuam com seus assoalhos encostados na água. Segundo ela, algumas dessas famílias já tiveram que improvisar a subida do piso das casas por duas vezes. “Como os assoalhos são de madeira, com brechas entre uma tábua e outra, no menor contato a água já invade as casas”, contou.

Segundo a última atualização do Serviço Geográfico do Brasil (CPRM), o nível dos dois rios está caindo. O Solimões, na cidade de Tabatinga, está com 12,75 metros. O pico foi no dia 10 de maio, quando o rio alcançou 12,89 metros. O órgão informou que não possui contato com o observador das águas de Atalaia do Norte e Benjamin Constant, mas que o registro deve ser semelhante ao caso de Tabatinga.

O nível do rio Juruá diminuiu 5 centímetros desde o último dia 2 de maio, quando teve o maior registro de cheia deste ano, alcançando 14,60 metros.  Esta tarde, o CPRM deve divulgar um novo relatório destes registros.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o volume das águas destes rios começou a aumentar no início do ano por conta do fenômeno oceânico-atmosférico conhecido como La Niña, que ocorre nas águas do oceano Pacífico (equatorial, central e oriental). A principal característica deste fenômeno é o resfriamento (em média de 2 a 3 ° C) anormal das águas superficiais nestas regiões do oceano Pacífico. Ainda segundo o Inmet, no Amazonas, o fenômeno chega a aumentar o índice das chuvas em até 30% e o problema se agrava por coincidir com o período de chuvas do Estado.

O Inmet informou ainda, nesta manhã, que não há previsão de pancadas de chuva na região nos próximos dias. 

As famílias destas regiões estão recebendo o auxílio do Subcomando de Ações de Defesa Civil do Estado (Subcomadec/AM) por meio da entrega de cestas básicas, uma vez que a maioria dos comércios destas regiões está fechado. A população também recebe, semanalmente, kits de higiene e medicamentos. De acordo com o órgão, além da ajuda humanitária, os ribeirinhos dos municípios também têm recebido atendimento médico do 7º Comando Aéreo Regional.