Topo

PMs acusados de matar garoto Juan são presos no Rio de Janeiro

O menino Juan foi morto durante operação policial e seu corpo ficou desaparecido por dez dias - Bandnews
O menino Juan foi morto durante operação policial e seu corpo ficou desaparecido por dez dias Imagem: Bandnews

Do UOL Notícias*

No Rio de Janeiro

21/07/2011 19h03Atualizada em 21/07/2011 19h10

Os quatro policiais militares suspeitos de envolvimento no assassinato do garoto Juan de Moraes, de 11 anos, foram presos na tarde desta quinta-feira (21). Segundo a assessoria da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro, eles foram levados para o Batalhão Especial Prisional (BEP), em Benfica, na zona norte da cidade. Os mandados de prisão temporária foram cumpridos pela Corregedoria da PM.

A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense concluiu que, no dia 20 de junho, Juan foi morto pelos sargentos Isaías Souza do Carmo e Ubirani Soares e pelos cabos Edilberto Barros do Nascimento e Rubens da Silva em um tiroteio policial forjado, na favela Danon, em Nova Iguaçu. O corpo do menino ficou desaparecido por dez dias até ser encontrado perto de um rio, também na Baixada Fluminense.

Os policiais se apresentaram na manhã de hoje no quartel da PM, para onde foram transferidos desde que foram afastados do patrulhamento. O decreto de prisão temporária é válido por 30 dias.

Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz Márcio Alexandre Pacheco da Silva, do 4º Tribunal do Júri de Nova Iguaçu. O Ministério Público do Rio acusa os PMs de dois homicídios duplamente qualificados, duas tentativas de homicídio e ocultação de cadáver. A perícia da Polícia Civil derrubou a versão de tiroteio na favela.

O delegado do caso, Ricardo Barbosa, entendeu que a prisão temporária dos policiais pode facilitar o andamento das investigações, já que muitas testemunhas estão com medo de represálias. A 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu aceitou os pedidos.

ONG do Rio realiza protesto pela morte
do menino Juan; veja o vídeo

O envolvimento dos quatro PMs no caso só foi formalmente investigado por meio de um Inquérito Policial-Militar cerca de 22 dias após a morte do garoto. Antes, os policiais respondiam apenas a sindicância interna do 20º BPM. Segundo o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, se comprovada a participação dos suspeitos, todos serão expulsos da corporação.

O corpo de Juan só foi encontrado no último dia 30 às margens do rio Botas, em Belford Roxo. Após a primeira perícia realizada na ossada, uma perita do Posto Regional de Polícia Técnica Científica (PRPTC) de Nova Iguaçu concluiu que se tratava de uma menina.

Porém, teste de DNA comparando material genético de familiares de Juan com amostra colhida no chinelo que o garoto usava no dia do desaparecimento comprovaram a identidade da vítima.

Os policiais militares foram denunciados por dois homicídios duplamente qualificados (pelas mortes de Juan e do adolescente Igor de Souza Afonso, 17, que supostamente teria ligações com o narcotráfico local), duas tentativas de homicídio duplamente qualificado (o irmão de Juan, Wesley Moraes, e a testemunha Wanderson dos Santos de Assis, 19, também baleados) e ocultação de cadáver (de Juan).

Principal suspeito

De acordo com o laudo de confronto balístico feito pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli, apenas o cabo Edilberto Barros do Nascimento realizou disparos com um fuzil calibre 7,62 durante a operação na comunidade do Danon, no dia 20 de junho.

Outras nove metralhadores e todas as cápsulas recolhidos no local do crime foram analisadas pelos peritos do ICCE.

Edilberto Barros do Nascimento foi denunciado ainda por outro crime, cometido há três anos.

Ele e outros três policiais --Alexsandro Claudiomiro de Lima, Carlos Gouveia da Silva e Jailson Henrique de Lima-- são acusados de homicídio qualificado, constrangimento ilegal e violação de domicílio no inquérito que apura a morte do ex-presidiário Julio Cesar Andrade Roberto, 23.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro encaminhou na quarta-feira (20) outro pedido de prisão preventiva do cabo. A promotora Júlia Costa Silva Jardim afirma que as testemunhas do caso manifestaram temor em relação à conduta dos acusados, durante audiência realizada nesta quarta no Tribunal de Justiça.

“Elas relatam que familiares de Júlio Cesar foram agredidos pouco depois do homicídio e foram impedidos de prestar socorro à vítima. Há vários relatos que informam que os acusados invadiram a residência da mãe da vítima em data posterior, sem a sua autorização e sem qualquer mandado judicial autorizando a diligência, e intimidaram vizinhos", disse.

*Com reportagem de Hanrrikson de Andrade e informações da Agência Estado