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Vídeo registra morte de suspeito em ação e leva dois policiais para prisão no Amazonas

Ana Paula Rocha*<br>Do UOL Notícias

Em São Paulo

31/08/2011 07h00

Vídeo com imagens de uma ação policial que terminou com a morte de um suspeito de participar de uma rede de pedofilia, na cidade de Presidente Figueiredo (AM), levou a Justiça do Estado a acatar denúncia do Ministério Público contra quatro policiais civis que participaram da ação. A conduta de dois delegados e de um promotor que acompanharam a ação dos homens da Fera (Força Especial de Resgate e Assalto), a elite da polícia local, também são investigadas.

Atenção: o vídeo abaixo contém cenas fortes

Os policiais Melquesedeque Sarah de Lima Galvão, 32, e Natan Alves Andrade, 34, tiveram a prisão preventiva decretada em 12 de agosto acusados pelo Ministério Público de serem os autores dos cinco tiros que mataram o comerciante Fernando Araújo Pontes, 25, conhecido na cidade como Ferrugem. Mais dois policias, Hemetério Pirangy da Silva Júnior, 41, e Lucas Mendes, 26, estão sendo denunciados por outros crimes, segundo a Promotoria. Eles foram afastados dos cargos. O vídeo foi gravado por um funcionário do Ministério Público que acompanhava a operação realizada em 12 de maio deste ano.

A denúncia do Ministério Público concluiu, com base no vídeo e em um laudo, que uma arma foi colocada na cena do crime para tentar justificar a alegação dos policiais de que a vítima teria reagido à abordagem.

Félix Valois, advogado da defesa de Melquesedeque Sarah de Lima Galvão, Natan Alves Andrade e Lucas Mendes Silva, diz que como o processo está em fase inicial, "julga leviano informar de que forma a defesa será conduzida". O advogado Rubenito Cardoso da Silva Júnior, que faz a defesa de Hemetério Pirangy da Silva Júnior, diz que ele não pode ser acusado de coautor nos crimes.

Os delegados Caio César Nunes, que acompanhava a ação, e Fábio Martins, responsável pela operação na casa de Ferrugem, foram acusados pelo Ministério Público de prevaricação, ou seja, quando um funcionário público deixa de cumprir suas funções. Um juizado especial vai avaliar a conduta dos delegados, segundo a Promotoria. A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas informou que os delegados não querem falar sobre o caso.

Já o promotor Ronaldo Andrade, que acompanhou a ação, responde a um procedimento administrativo disciplinar instaurado pelo Conselho Superior do Ministério Público do Estado. “Não tenho receio nenhum deste procedimento. Eu, inclusive, pedi uma investigação porque a minha conduta foi dentro da legalidade. Eu não poderia de forma alguma me jogar na frente dos policiais ou segurar o braço deles para eles não atirarem”, afirmou Andrade.

O irmão de Ferrugem, Fábio Pontes, se diz indignado. “Os caras não deixam ele sair, vão empurrando ele lá para dentro do quarto, para fazer o serviço lá dentro. Ele não teve chance nenhuma.” Ele alega que o próprio vídeo prova que o irmão iria abrir a porta e que levantou as mãos ao alto para mostrar que não estava armado. “Eles estavam com medo, não sabiam que era a polícia, só escutaram o barulho”, conclui.

*Colaborou Marcela Rahal