Madeireiros destroem acampamento e queimam criança indígena no Maranhão, diz entidade
O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) denunciou nesta sexta-feira (6) que um acampamento da tribo Awá-Guajá, que vive em isolamento no Maranhão, foi atacado e destruído com um incêndio.
Além da destruição, o corpo de uma criança também foi encontrado carbonizado no local. Segundo denúncia feita ao Cimi, os únicos suspeitos do ataque seriam os madeireiros que ocupam a área ilegalmente para derrubada das árvores.
Pelos restos encontrados no acampamento, o ataque teria ocorrido entre os meses de setembro e outubro do ano passado, mas somente agora chegou ao conhecimento do conselho.
O acampamento fica em uma área isolada e a aproximadamente 20 quilômetros da aldeia Patizal, onde vive o povo Tenetehara, no município de Arame, a 428 km de São Luís.
A denúncia da morte da criança foi feita por lideranças indígenas do povo Guajajara, da aldeia Zutiwa. Toda a região está na chamada Amazônia Legal e tem uma legislação especial de proteção ambiental.
“Nós ainda não comunicamos à polícia porque estamos buscando mais informações sobre esse ataque, que nos foi informado de ontem [quinta] para hoje [sexta-feira]. É uma região de difícil contato, e estamos voltando hoje aos trabalhos”, disse ao UOL a coordenadora do Cimi no Maranhão, Rosimeire Diniz.
Segundo a coordenadora, os índios que vivem na região relatam cada vez mais a invasão dos madeireiros, que atuam de forma violenta para conquistar territórios.
“É uma coisa absurda o que vem acontecendo aqui, com os madeireiros expulsando e tirando todo o habitat natural dos índios, causando também danos culturais e criando conflitos na região. Há uma ameaça constante deles, e os índios dependem da floresta para sobreviver. Estão expulsando os índios”, disse.
Segundo a Coordenação Regional da Funai em Imperatriz, em reportagem da Folha.com, uma equipe foi deslocada para a região onde teria ocorrido o crime. A fundação afirma que só irá se pronunciar oficialmente sobre o caso na semana que vem, depois de concluir as investigações.
O ataque
De acordo com nota publicada pelo Cimi, a Funai (Fundação Nacional do Índio) foi informada da destruição do acampamento e da morte da criança em novembro de 2011, mas nenhuma investigação estaria ocorrendo. A reportagem tentou contato com a Funai no Maranhão, mas as ligações não foram atendidas.
Segundo lideranças indígenas, os Awá-Guajá só eram vistos durante caçadas na mata e vivem de forma isolada, sem comunicação com o home branco. Porém, os índios não teriam sido mais vistos após a destruição pelo fogo do acampamento onde viveriam. Os indígenas dizem que o grupo isolado fugiu da Terra Indíegan Araribóia para evitar novos ataques dos madeireiros.
“Depois disso não foi mais visto o grupo isolado. Nesse período os madeireiros estavam lá. Eram muitos. Agora desapareceram. Não foram mais lá. Até para nós é perigoso andar, imagine para os isolados”, disse, na nota, o índio Luís Carlos Tenetehara, da aldeia Patizal.
O Cimi denunciou ainda que a floresta “tem sido devastada pela retirada da madeira, também colocando em risco a subsistência do grupo, essencialmente coletor.” A estimativa do conselho é de que três grupos isolados vivam na Terra Indígena Araribóia, com uma população de 60 índios.
Ainda segundo o Cimi, no ano passado os indígenas Awá-Guajá já haviam sido atacados por madeireiros enquanto retiravam mel da terra indígena. O ataque foi presenciado por índios da tribo Tenetehara, que relatam a presença constante dos madeireiros, que fariam ameaças aos indígenas.
O UOL tentou contato com a delegacia de Arame, para saber se a polícia estava investigando o atentado, mas nenhuma das ligações foi atendida.
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