Morte em UPA: Sindicato fala em superlotação e critica secretário de saúde

O SATEMRJ (Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do RJ) criticou a demissão de 20 profissionais que trabalhavam na UPA Cidade de Deus no dia 13 de dezembro, quando um homem morreu enquanto aguardava atendimento. Relato de um dos trabalhadores fala em superlotação da unidade.

O que aconteceu

Técnico de enfermagem que fazia plantão na sala vermelha disse que atendia sete pacientes. A capacidade do local seria de apenas quatro. O relato foi feito para a defesa do SATEMRJ.

Ele também afirmou que a equipe estava sobrecarregada. Seis técnicos de enfermagem e três enfermeiros estariam responsáveis, além da sala vermelha, pela sala amarela, pediatria, isolamento, medicação e classificação de risco.

Ainda segundo o relato do técnico de enfermagem, o paciente José Augusto Mota Silva não passou pela classificação de enfermagem. "Nas gravações internas de nossa unidade dá para ver claramente o paciente chegando na UPA, acompanhado de outra pessoa, passando na recepção e sendo colocado na sala onde ficam os consultórios. Em nenhum momento passou pela classificação de enfermagem", afirmou o homem. Sindicato solicitou acesso às imagens e teve liminar concedida nesta quinta-feira (19).

O funcionário recebeu com preocupação a postagem do secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, dizendo que iria demitir todos os profissionais que estavam no plantão. Ele pediu ajuda ao advogado do SATEMRJ, João Carlos Nunes, "para que todos nós não sejamos esmagados por essa tamanha injustiça e arbitrariedade do secretário de saúde".

O UOL entrou em contato com o RioSaúde sobre as denúncias do ex-funcionário e aguarda um retorno.

RioSaúde deverá entregar imagens das câmeras de segurança

A Justiça do Trabalho determinou nesta quinta-feira (19) que a RioSaúde entregue as imagens do circuito interno da UPA Cidade de Deus para o SATEMRJ. Sindicato questiona a demissão dos profissionais após a morte de um homem que aguardava atendimento na UPA Cidade de Deus. "Demissões injustas e arbitrárias, retirando o sustento das famílias destes trabalhadores", afirmou o advogado do Sindicato, José Carlos Nunes.

RioSaude tem 48 horas para cumprir a liminar, sob pena de multa diária de R$ 200. As filmagens de todo o circuito interno, no período de 11 a 13 de dezembro de 2024, deverão ser anexadas ao processo.

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Em nota, a RioSaúde disse que "as imagens serão entregues à Justiça, assim como os nomes dos técnicos de enfermagem demitidos". A instituição também afirmou que "o julgamento dos profissionais em relação às suas condutas será realizado pelos respectivos conselhos de classe, já que os mesmos não fazem mais parte dos quadros de funcionários da instituição".

Relembre o caso

José Augusto Mota da Silva aguardava atendimento em uma cadeira da UPA na Cidade de Deus. A cena foi gravada na noite de sexta-feira (13) por pacientes na sala de espera da unidade. Os vídeos foram compartilhados em grupos de moradores.

Outro vídeo mostra José Augusto sendo levado em uma maca e os outros pacientes reclamando com a equipe. "Agora vocês estão com pressa, né? O homem chegou aqui gritando de dor (...) Todo mundo é culpado, ninguém atendeu", diz um paciente.

Emily Larissa Souza Mota, sobrinha do homem, disse ao UOL no domingo (15) que o tio sofria de problemas no estômago. Ele já havia passado por uma UPA do Rio em abril deste ano, mas o problema continuou.

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A SMS (Secretaria Municipal de Saúde) do Rio disse que a coordenação da unidade abriu uma sindicância para apurar o caso. "Segundo relatos iniciais dos profissionais, tudo aconteceu muito rápido", diz a nota da pasta. O paciente teria entrado "lúcido e andando" e teve a classificação de risco feita às 20h30.

"Poucos minutos depois, foi acionada a equipe médica devido ao paciente encontrar-se desacordado", alegou a secretaria. "Ele foi levado à Sala Vermelha para atendimento, mas infelizmente não resistiu", acrescenta o comunicado.

A morte motivou a abertura de uma investigação na Polícia Civil e outra no Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio). O caso é investigado na 41ª DP (Tanque) e "agentes realizam diligências para esclarecer todos os fatos", informou a corporação ao UOL.

Já o Cremerj abriu uma sindicância sigilosa para apurar a morte de José Augusto Mota da Silva. A investigação interna diz respeito diretamente à conduta profissional.

A Secretaria da Saúde do Rio desligou 20 funcionários da UPA que estavam de plantão na sexta-feira. Médicos, enfermeiros e recepcionistas foram demitidos, segundo informação da secretaria ao UOL nesta segunda-feira (16). Os nomes dos funcionários não foram divulgados pela pasta.

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