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CRM vai investigar caso de travesti morto em cirurgia de lipoescultura em Mato Grosso do Sul

Celso Bejarano

Do UOL, em Campo Grande

05/02/2012 15h48

O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) abre sindicância nesta segunda-feira (6) para apurar as circunstâncias que levaram à morte de um travesti de 26 anos de idade durante um procedimento cirúrgico conhecido como lipoescultura –retirada de gordura para depois ser reinjetada em outras partes do corpo.

Lipoescultura mortal

  • Arquivo pessoal

    Morte após parada cardíaca

O procedimento durou cerca de quatro horas, segundo o cirurgião plástico Paulo de Oliveira Lima, chefe da junta médica que operou o travesti. Logo após a operação, disse o médico, Pabrycia sofreu parada cardíaca e morreu.

O especialista narrou que além de tirar a gordura do corpo de Pabrycia, eliminou porções de silicone que o travesti teria injetado por conta própria, na Itália. O cirurgião, que garantiu atuar no segmento há pelo menos três décadas, acha que a morte de Pabrycia foi uma “fatalidade”.

À polícia, ele mostrou exames preparatórios para a cirurgia realizados cinco dias antes do episódio, como hemograma completo, eletrocardiograma e ultrassonografia nas mamas. E nada de errado havia com o paciente, segundo o médico. “Não tinha risco cirúrgico”, afirmou.

Já o advogado Antônio João Pereira Figueiró, contratado pela família de Pabrycia para cuidar do caso, disse achar que tudo o que o médico informou até agora foi “só para se defender, nada convincente”.

“Ele [travesti] vendia saúde, nunca apresentou problema nenhum”, afirmou. O defensor disse que é intenção da família mover ações cível e penal contra o médico. “Se provado que houve negligência, vamos, sim, exigir indenização.”

O CRM e a Polícia Civil querem saber se o hospital São Lucas, renomada clínica infantil da cidade, era equipada para realizar a lipoescultura. A direção do hospital até agora não quis se pronunciar.

O laudo de necropsia, que vai apontar a causa da morte do travesti, deve ficar pronto em duas semanas, segundo a polícia. O advogado disse que Pabrycia veio da Itália em dezembro, passou o fim de ano com a família, em Nobres (interior do Estado), onde comentou que havia marcado a cirurgia. Contudo, a família não sabia o nome da cidade nem do médico que ia realizar a cirurgia. “Soube quando ele morreu”, afirmou o advogado.

Pabrycia era modelo em Roma, segundo sua família. O corpo dele foi enterrado ontem (4), em Nobres, onde moram a mãe e os cinco irmãos.