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Paraguai é origem de 80% da maconha vendida no Brasil, diz ONU

Maurício Savarese

Do UOL, em Brasília

28/02/2012 07h00

Cerca de 80% da maconha utilizada no Brasil em 2011 entrou pelo Paraguai, enquanto outros 20% têm origem local, informou nesta terça-feira (28) um estudo da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, ligada às Nações Unidas. O órgão avaliou também que o consumo de drogas em geral está em nível “endêmico” tanto em países ricos como nos em desenvolvimento.

O documento informou que o Brasil destruiu pelo menos 2,8 milhões de plantas de cannabis, incluindo mudas, e apreendeu mais de 155 toneladas da erva no ano passado. Os números podem ser ainda maiores, uma vez que o governo federal não forneceu o relatório estatístico anual em tempo hábil para a análise, o que também ocorreu com potências como Japão, Canadá e Reino Unido.

O Paraguai é o maior produtor de maconha na América do Sul, responsável por praticamente a metade do total produzido da região. Em 2010, diz a ONU, o país acabou com mais de mil hectares de plantações ilegais e confiscou mais de 130 toneladas da droga – 45 toneladas a mais do que no ano anterior. A fiscalização da fronteira paraguaia foi um dos temas das eleições presidenciais brasileiras de dois anos atrás.

No documento há uma citação ao esforço de combate ao crack realizado pelo governo brasileiro, mas sem julgamento sobre se a iniciativa tem funcionado ou não. Foram usados dados entregues até novembro de 2011.

A Junta afirma que houve aumento nas apreensões de cocaína no Brasil em 2011, subindo para 27,1 toneladas, mas não informa qual era o número anterior. O maior produtor sul-americano é a Colômbia, com 211 toneladas (eram 253 toneladas em 2009).

O órgão fez menção favorável ao sistema de Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) somadas a ações sociais no Rio de Janeiro. “Por meio destes esforços combinados, tem se tentado enfrentar a base de poder das gangues ligadas ao crime organizado e construir um senso de confiança entre a polícia e a população local de forma a aumentar a segurança e a proteção das pessoas que vivem nestas áreas”, diz o texto divulgado nesta quinta-feira.

Dilma anunciou plano em dezembro

O governo federal lançou no fim do ano passado um plano de combate ao crack que terá investimento de R$ 4 bilhões até 2014, entre ações dos ministérios da Saúde e da Justiça. Além de busca ativa de viciados e ampliação do número de leitos disponíveis em centros de tratamento, a presidente Dilma Rousseff buscou reforçar a repressão ao tráfico e ao contrabando.

Na área da saúde, as principais medidas são a criação de consultórios de rua, centros de atendimento 24h e enfermarias especializadas para tratar pessoas viciadas que estejam em abstinência ou com intoxicação grave. O governo aumentou em 2.462 as vagas de internação, para 3.562. O valor gasto por paciente subirá de R$ 57 para R$ 200.

Foi o primeiro plano na área lançado no governo Dilma – na gestão Luiz Inácio Lula da Silva houve outros. Pesquisas recentes indicaram a presença da droga até no meio rural, o que o relatório da ONU confirmou.

O Palácio do Planalto enviará ao Congresso, como parte do plano, um projeto de lei para mudar o Código de Processo Penal para acelerar a destruição de drogas apreendidas pela polícia, assim como o leilão de bens usados no tráfico.