Haiti pós-terremoto virou porto para traficantes de drogas, diz ONU
Não bastasse a destruição causada pelo terremoto de dois anos atrás em um país já miserável e politicamente instável, o Haiti agora lida cada vez mais com a ação de traficantes de drogas que usam seus portos para exportar drogas para os Estados Unidos e a Europa. É essa a avaliação divulgada nesta terça-feira (28) pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, ligada à ONU (Organização das Nações Unidas).
O sismo que matou cerca de 200 mil pessoas no início de 2010, diz o órgão, “fragilizou a fiscalização antidrogas no Haiti”. E isso “deu vazão aos temores de que o país pode ser cada vez mais usado por traficantes de drogas como uma área de embarque para drogas contrabandeadas”. Se isso acontecer, afirma o texto, “serão minados os esforços do governo e da comunidade internacional para reforçar instituições de Estado e a estabilidade política”.
O Brasil lidera a força de paz das Nações Unidas no Haiti. Soldados brasileiros relataram nos últimos anos o recrudescimento do tráfico no país. Há quase 20 anos, os Estados Unidos alertavam sobre os riscos de uma crise desse tipo no país por conta de uma suposta aliança entre cartéis colombianos e militares haitianos. Com o declínio do tráfico em Medelín, os produtos têm vindo principalmente do México para exportação.
Além da crise no Haiti, o relatório apresentou uma situação alarmante para a América do Norte. Graças ao pesado consumo de drogas nos Estados Unidos e aos confrontos entre traficantes rivais no México, a região apresentou o maior número de mortes ligadas a entorpecentes no ano passado: 45 mil. O problema que mais cresce na América do Norte, no entanto, é a venda de medicamentos sem prescrição médica.
“Perturbadoramente, as farmácias ilegais na internet começaram a usar as mídias sociais para anunciar seus sites, o que pode expor um público grande aos riscos que representam produtos perigosos, especialmente considerando que a Organização Mundial da Saúde levantou que mais da metade dos medicamentos vendidos por farmácias ilegais na internet é falsificada”, afirma o texto.
América do Sul, Europa e Ásia
Um dos principais problemas detectados pela Junta na América do Sul foi a legislação e a política de fiscalização de drogas da Bolívia. O país permite o cultivo e o consumo de folhas de coca para fins não médicos. O dado positivo, diz o estudo, é a redução da superfície total de cultivo de planta de coca na região como um todo. Eram 154.200 hectares em 2010 –6% a menos que no ano anterior.
Já na Europa, uma das maiores preocupações são os crimes facilitados por drogas. Substâncias psicoativas, que não oferecem cheiro nem sabor, têm sido utilizadas em abusos sexuais e outros crimes. O uso de drogas sintéticas também é forte, de acordo com o órgão.
Na Ásia as maiores preocupações estão na região do Afeganistão. Ali, as apreensões de ópio triplicaram em relação às últimas décadas, chegando a 645 toneladas ao ano. Esse número é duas vezes maior que o de confisco de heroína e resina de cannabis na área.
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