Carlos Madeiro

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Reportagem

Collor recebe na prisão oferta de emprego em fábrica: 40h e salário mínimo

O ex-presidente Fernando Collor de Mello recebeu, instantes após chegar ao presídio Baldomero Cavalcanti na sexta-feira, uma oferta de emprego feita por uma fábrica instalada dentro do núcleo industrial que funciona no complexo penitenciário de Maceió.

A oferta foi feita pela Pré-Moldados Empresarial Alagoas, onde Collor, de 75 anos, pode ser gerente-geral. Para isso, oferece um salário de R$ 1.518. "Todos os reeducandos recebem um salário mínimo. O interessante para ele seria a redução de pena e dar utilidade à vida dele, ao invés de ficar trancado sem fazer nada numa cela", explica o proprietário da empresa, Roberto Boness.

Segundo a Lei de Execuções Penais, a pena é reduzida em um dia a cada três trabalhados. Collor foi condenado a 8 anos e 10 meses de prisão, inicialmente em regime fechado.

Procurado, o advogado de Collor, Marcelo Bessa, disse que desconhece a proposta. Se aceitar a oferta, o ex-presidente terá jornada de trabalho de 40 horas semanais, das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira, com uma hora de almoço.

Dono diz não conhecer Collor

Boness diz que não conhece Collor, mas assim que soube que o ex-presidente ficaria preso em Maceió pensou que o currículo dele poderia ser útil, já que a empresa nunca empregou um detento com nível superior no local.

Seria de grande ajuda ter um profissional como ele. Com a visão gerencial dele, acredito que alavancaria nossa empresa a outro patamar.
Roberto Boness, proprietário da Pré-Moldados Empresarial Alagoas

Fachada da Pré-Moldados Empresarial Alagoas, em Maceió
Fachada da Pré-Moldados Empresarial Alagoas, em Maceió Imagem: Reprodução/Instagram

O proprietário explica que mandou mensagem ainda na sexta-feira a todas as partes ofertando oficialmente a vaga. "Solicitei ao sistema prisional e deixei recado no escritório que o acompanhou na audiência de custódia e no que o representa em Brasília. Cabe a ele aceitar", diz.

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Na empresa, ele atuaria com mais 30 trabalhadores, 25 deles condenados como Collor. "Em 13 anos, nunca tivemos nenhum problema com os 380 reeducandos acolhidos aqui", garante.

A Pré-Moldados Empresarial Alagoas fica dentro do Núcleo Industrial Bernardo Oiticica, inaugurado em 2010 em parceria com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e considerado à época uma referência no país por dar vantagens a empresas para se instalarem dentro do complexo prisional e oferecerem vagas a detentos. Hoje, 15 empresas operam no local.

Se quiser o emprego, explica Roberto, os advogados de Collor terão de pedir a transferência dele para o Núcleo Ressocializador da Capital, um presídio-modelo dentro do complexo penitenciário e que abriga apenas presos que trabalham e têm bom comportamento.

Segundo advogados ouvidos, a estrutura desse núcleo é considerada a melhor entre os presídios do estado —diferente do Baldomero Cavalcante, onde Collor está, que foi denunciado em relatórios recentes pelas más condições estruturais.

No Baldomero Cavalcante, Collor foi abrigado inicialmente não em uma cela, mas na sala do diretor do presídio, segundo informou a Folha de S.Paulo.

A previsão é que em menos de um ano e meio o ex-presidente tenha direito a ir para o semiaberto —regime inexistente em Alagoas, que em vez disso adota a prisão domiciliar.

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71 comentários

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Galindo Hernandez

Que seja o mesmo destino de Bolsonaro, prisão e trabalho... E vamos lembrar que o Collor por ser empresário ainda teve que tomar algumas decisões. Já o Bolsonaro, esse nunca fez absolutamente NADA na vida ! No quartel só arrumava confusão, depois virou político profissional e ficou rico fazendo rachadinha e lavando a grana com imóveis. Vai ser hilário se um dia Bolsonaro tiver de trabalhar, vai ficar "doente" rapidinho... rs  

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Roberto Castro

Ironia do destino: depois de preso, finalmente vai trabalhar. 

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Sergio Vaiciulis

Será que depois de tantos anos, vai começar a trabalhar?

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