Topo

Polícia indicia 11 por morte no Hopi Hari; presidente e vice estão entre os nomes

Gabriella Nichimura usou uma cadeira no parque de diversões Hopi Hari que tinha problemas; a garota (última à esq.) caiu do brinquedo e morreu no dia 24 de fevereiro - Reprodução
Gabriella Nichimura usou uma cadeira no parque de diversões Hopi Hari que tinha problemas; a garota (última à esq.) caiu do brinquedo e morreu no dia 24 de fevereiro Imagem: Reprodução

Janaina Garcia

Do UOL, em Vinhedo (SP)

17/04/2012 12h47Atualizada em 17/04/2012 16h19

A Polícia Civil indiciou 11 pessoas pelo crime de homicídio culposo (sem intenção de matar) pela morte da adolescente Gabriela Nichimura, 14 anos, no parque de diversões Hopi Hari, em Vinhedo (79 km de São Paulo). O inquérito foi concluído nesta terça-feira (17) e será encaminhado ao Ministério Público e à Justiça. Entre os indiciados estão o presidente do parque, Armando Pereira Filho, o vice, Cláudio Pinheiro Guimarães, e o gerente geral de manutenção e projeto, Stefan Banholzer.

O delegado que chefia as investigações, Álvaro Santucci, vai comentar os indiciamentos em entrevista coletiva nesta tarde. Também foram indiciados três atendentes de operação, um supervisor de operações, dois técnicos de manutenção, um técnico em eletrônica e um mecânico.

O acidente ocorreu no último dia 24 de fevereiro, quando Gabriela caiu de uma altura de aproximadamente 20 metros do brinquedo La Tour Eiffel. A adolescente passava férias no Brasil com a família, que vive no Japão. 

Na sexta passada (13), laudo do IC (Instituto de Criminalística) apontou que o acidente ocorreu devido a falha humana.

“O indiciamento destas pessoas não irá fazer com que esqueçamos o pesadelo que estamos vivenciando, mas a Justiça irá demonstrar que os responsáveis não ficarão impunes e suas consciências carregarão para a eternidade a responsabilidade pela morte de nossa filha”, afirmaram, em nota, os pais da vítima, Silmara e Armando Nichimura.

Depoimentos

Durante as oitivas, o delegado recebeu informações de que os cinco operadores do brinquedo sabiam que, naquele dia, a trava que sempre esteve fechada para impedir que o assento fosse usado, podia ser aberta. Eles teriam avisado um superior e recebido o comando para continuar as atividades até que alguém da manutenção chegasse à atração para resolver o problema.

O laudo do IC era a peça que faltava para a conclusão do inquérito conduzido pelo delegado de Vinhedo --que ouviu 15 testemunhas, entre funcionários de operação, manutenção, gerência e diretoria do parque, além de parentes da vítima e visitantes do Hopi Hari naquele dia 24.

O promotor criminal de Vinhedo, Rogério Sanches, disse que deve denunciar mais de uma pessoa por homicídio culposo, mas informou que vai aguardar o término do inquérito policial e juntar as informações do IC, da polícia, do Ministério Público do Trabalho e de inquérito civil conduzido pela promotora de direito do consumidor de Vinhedo, Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira. "Há uma sequência de erros e provas por meio de depoimentos, documentos e laudos", disse o promotor, que terá 15 dias após receber o inquérito para apresentar a denúncia.

Parque fica no interior de SP

  • Arte/UOL

O advogado do Hopi Hari, Alberto Toron, afirmou que o laudo reitera também a tese do próprio parque. "O Hopi Hari sempre falou em uma sucessão de falhas humanas, portanto, o laudo não traduz novidades".

O acidente

O acidente ocorreu por volta das 10h30 do dia 24 de fevereiro deste ano, uma sexta-feira. A garota foi levada para o hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí (SP), mas não resistiu. Ela teve traumatismo craniano seguido de parada cardíaca.

O parque fica no km 72,5 da rodovia dos Bandeirantes. O brinquedo onde ocorreu o acidente tem 69,5 metros de altura, o equivalente a um prédio de 23 andares. Na atração, os participantes caem em queda livre, podendo atingir 94 km/h, segundo informações do site do parque. (Com Agência Estado)