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Vigilância Sanitária do RS encontra bactérias nocivas em recheios de esfihas do Habib's e suspende venda de lote

Bactérias encontradas em análise podem causar febre e diarreia; para rede, trata-se de caso isolado - Alexandro Auler/UOL
Bactérias encontradas em análise podem causar febre e diarreia; para rede, trata-se de caso isolado Imagem: Alexandro Auler/UOL

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

10/05/2012 17h24

A Vigilância Sanitária de Porto Alegre notificou, na tarde dessa quarta-feira (9), a rede de comida árabe Habib's e suspendeu a venda de um lote de recheios de esfihas em quatro lojas da capital gaúcha. O motivo foi a presença, confirmada em teste de laboratório, de bactérias nocivas no produto. A rede diz tratar-se de “caso isolado” e poderá rever a situação depois de comprovar que o alimento está novamente apto para o consumo.

A investigação do órgão de saúde foi iniciada após denúncias de três clientes que passaram mal depois de ingerirem as esfihas no dia 16 de abril, na filial em um shopping no bairro Floresta. Conforme o protocolo da OMS (Organização Mundial de Saúde), quando duas pessoas ou mais passam mal após consumirem o mesmo produto, no mesmo local e em um período semelhante, o caso já é considerado surto.

Bactérias em esfihas podem ser resultado de má higienização

Encaminhadas para análise no Lacen (Laboratório Central do Estado), as amostras apresentaram três tipos de bactérias nocivas ao organismo: Listeria monocytogenes, Escherichia coli e Bacillus cereus, todas nos recheios. “As três estão sempre envolvidas em casos de intoxicação alimentar”, explica o médico veterinário chefe da equipe de alimentos da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, Paulo Casa Nova. Segundo ele, deficiências no processo de higiene e conservação dos produtos são as causas do surgimento dessas bactérias.

Normalmente os sintomas de quem as ingere são febre e diarreia. Entretanto, a Listeria monocytogenes também pode causar aborto. “Dependendo da quantidade, ela tem poder abortivo. Por isso, temos que ter um cuidado bem grande”, salienta Casa Nova.

Os produtos contaminados são fabricados em uma central de produção em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. As lojas de Porto Alegre estão impedidas de receber os recheios feitos nesta cozinha até que a rede comprove que solucionou os problemas.

Enquanto isso, os restaurantes no RS serão abastecidos por produtos fabricados na central do Habib’s em Curitiba (PR).

Em princípio, apenas um lote dos recheios de esfihas nos sabores queijo, espinafre e carne apresentaram contaminação. Porém, por medida cautelar, a vigilância suspendeu todos os estoques.

Em nota, a rede Habib's informou que, após tomar conhecimento das denúncias, iniciou a verificação das ocorrências. “Trata-se de um caso isolado, ocorrido em uma unidade da rede na capital gaúcha, cujas análises e contraprovas estão em andamento”, explica.

“A direção esclarece que todos os cuidados com relação à produção e ao manuseio dos produtos são acompanhados por uma equipe, que envolve profissionais técnicos e ligados ao segmento da saúde”, complementa o informe.

Protocolarmente, após verificar o surto, a Vigilância Sanitária abre um processo administrativo para investigar a origem do problema, e dá orientação para que o estabelecimento corrija o erro. O órgão continua monitorando os pontos de comércio e distribuição. Caso constate a ineficácia na solução, procede com uma advertência, que pode se transformar em multa e até interdição do local.

Além de Porto Alegre, a rede Habib's conta com lojas em Caxias do Sul (na serra), Pelotas (no sul do Estado), Novo Hamburgo e São Leopoldo (Vale do Sinos). As vigilâncias sanitárias destes municípios foram acionadas para ficarem atentas, caso as filiais apresentem o mesmo problema.