Após paralisação em SP, metroviários do Rio iniciam negociação; greve não é descartada, diz sindicato
Após o anúncio da paralisação dos metroviários em São Paulo, o sindicato da categoria no Rio de Janeiro (Simerj) deu início a uma negociação com a concessionária Metrô Rio para aprovação do "Acordo Coletivo 2012" --pauta de reivindicações que inclui reajuste salarial, concessão de vale-alimentação, participação nos lucros da empresa, entre outras.
O presidente do Simerj, Éder Fernandes, afirmou à reportagem do UOL que "ainda não houve recusa por parte dos patrões". Na primeira reunião entre as partes, cuja data não foi especificada, o representante da empresa disse que levaria a pauta de reivindicações para análise dos diretores da concessionária responsável por administrar o transporte ferroviário subterrâneo na cidade.
Segundo ele, caso o "Acordo Coletivo 2012" não seja aprovado, os metroviários da capital fluminense podem optar pelo indicativo de greve.
"Estamos iniciando as discussões e há uma série de questões burocráticas que serão levadas em consideração, mas as nossas reivindicações já foram colocadas para a empresa. Se eles mantiverem uma postura irredutível no decorrer das negociações, devemos considerar que a greve é um caminho, um direito do trabalhador", disse Fernandes. "Nos solidarizamos com todos os movimentos de paralisação que estão acontecendo pelo país", completou.
O presidente do Simerj classificou o primeiro encontro entre patrões e representantes do sindicato como "amistoso", e explicou que a principal reivindicação da categoria --e que provavelmente dificultará as negociações, uma vez que foi negada em outras oportunidades-- é a aplicação de um sistema de participação nos lucros.
"O Rio é o único Estado em que a empresa que administra o metrô é privada. Eles não dependem daquele rigoroso processo burocrático, não há um lado político tão fortemente envolvido, como no caso das estatais. (...) A participação nos lucros é uma cobrança antiga e o sindicato espera que haja acordo desta vez", afirmou.
Em nota, a concessionária Metrô Rio informou à reportagem do UOL que "as negociações para o Acordo Coletivo de 2012 estão em curso, há interesses comuns, e a expectativa da empresa é chegar a bons termos para ambas as partes". Nenhum representante da empresa foi localizado para dar esclarecimentos.
Greve em São Paulo
A assembleia dos metroviários de São Paulo decidiu na tarde desta quarta-feira (23) acabar com a greve do metrô na capital paulista. Os funcionários decidiram pelo fim da paralisação, iniciada à 0h de hoje, depois de aceitar o acordo fechado entre a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP) e a diretoria do sindicato no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região.
Com a greve, a manhã foi marcada por tumultos e congestionamento recorde no trânsito. Por volta de 18h35, todas as estações do metrô estavam abertas. O funcionamento está normalizado, segundo o Metrô.
De acordo com balanço divulgado pela assessoria de imprensa do Metrô, até 16h de hoje, 1,38 milhão de usuários foram afetados pela greve. Circulam diariamente nas linhas parcialmente paralisadas --ou seja, linha 1-azul, linha 2-verde e linha 3-vermelha-- 2,529 milhões de passageiros.
O fim da greve não inclui os funcionários das linhas 11-coral (Luz/Estudantes) e 12-safira (Brás/Calmon Viana) da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metroplitanos), que também cruzaram os braços. Segundo o TRT, uma reunião de conciliação para discutir a greve nos trens está sendo realizada hoje.
Tumulto
A greve parcial do metrô e da CPTM causou tumulto, protestos e congestionamento recorde na história da capital, no período da manhã. Com a greve, o rodízio municipal de veículos foi suspenso.
Pela manhã, a linha 1-azul estava operando apenas no trecho entre as estações Ana Rosa e Luz; a linha 2-verde funcionava entre as estações Ana Rosa e Clínicas; e a linha 3-vermelha operava entre as estações Bresser-Mooca e Santa Cecília. Estas linhas começaram a operar mais tarde e todas tinham velocidade reduzida e maior intervalo de espera.
As linhas 5-lilás e 4-amarela (que é de concessionária privada) funcionaram normalmente durante o dia.
Também os trens da CPTM ficaram parados na linha 11-coral (Luz/Estudantes) e na 12-safira (Brás/Calmon Viana), que ligam o centro a cidades da região metropolitana.
Por volta das 7h de hoje, um grupo de usuários do metrô bloqueou a Radial Leste, em frente à estação Corinthians-Itaquera. A polícia dispersou o bloqueio com bombas de gás, e houve correria em frente à estação; um ônibus teve os pneus furados no meio da via.
Uma mulher e dois homens foram detidos durante a manifestação. Levados à Central de Flagrantes do 63º DP (Vila Jacuí), os três assinaram um termo circunstanciado e foram liberados. Eles responderão em liberdade por desacato.
Já na entrada da estação Jabaquara, passageiros fizeram uma fogueira com jornais. Usuários relatam que perderam compromissos e não conseguiram embarcar em ônibus, quase todos lotados.
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