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TRT convoca nova reunião sobre greve no metrô de SP; cidade tem tumultos e recorde histórico de lentidão

Do UOL, em São Paulo

23/05/2012 09h57Atualizada em 23/05/2012 13h20

O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) marcou uma nova reunião de conciliação para tentar um acordo entre o sindicato dos metroviários e o Metrô e dar fim à greve do serviço, decretada às 0h desta quarta-feira (23), e que causa tumultos e lentidão recorde na capital paulista. O encontro será às 12h na sede do TRT, na Consolação, região central. Após a reunião, a categoria fará uma nova assembleia para discutir se a paralisação continua ou não.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que a greve tem motivação eleitoral e é organizada por um "grupelho radical"

"Marcamos a audiência na expectativa de que o Metrô apresente uma proposta e que, se for aceita, fará com que levemos os trabalhadores para casa no horário de pico da tarde", afirmou Paulo Pasin, secretário-executivo do sindicato dos metroviários, que vai participar da reunião. Sobre a declaração de Alckmin, Pasin disse que "o único que citou envolvimento político foi o governador do Estado, para desviar o foco da resolução do problema. É uma forma de estigmatizar e tentar enfraquecer o movimento de trabalhadores".

Segundo último boletim do Metrô, a linha 1-azul está operando apenas no trecho entre as estações Ana Rosa e Luz; a linha 2-verde funciona entre as estações Ana Rosa e Clínicas; e a linha 3-vermelha opera entre as estações Bresser-Mooca e Santa Cecília. Estas linhas começaram a operar mais tarde e todas têm velocidade reduzida e maior intervalo de espera.

As linhas 5-lilás e 4-amarela (que é de concessionária privada) funcionam normalmente.

Também os trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) estão parados na linha 11-coral (Luz/Estudantes) e 12-safira (Brás/Calmon Viana), que ligam o centro a cidades da região metropolitana.

O Metrô e o sindicato não deram informações sobre o total de pessoas afetadas. Em nota, a companhia diz que a operação está sendo realizada com funcionários que não aderiram à greve e com seu quadro administrativo, que foi deslocado e está atuando nas estações e bilheterias.

A SPTrans --estatal municipal responsável pelos ônibus municipais-- diz que acionou o Paese (Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência). Com isso, as linhas de ônibus que operam com destino às estações de metrô serão estendidas até a região central da capital. De acordo com a empresa, as linhas farão os trajetos de Mogi das Cruzes a Guaianazes e de Guianazes a Brás na Linha 11 e de Poá a Itaim Paulista e de Itaim Paulista a Brás na Linha 12.


Tumulto e atrasos

Por volta das 7h de hoje, um grupo de usuários do metrô bloqueou a Radial Leste, em frente à estação Corinthians-Itaquera. A polícia dispersou o bloqueio com bombas de gás, e houve correria em frente à estação; um ônibus teve os pneus furados no meio da via.

Já na entrada da estação Jabaquara, passageiros fizeram uma fogueira com jornais.

Usuários relatam que perderam compromissos e não conseguiram embarcar em ônibus, quase todos lotados.

Congestionamento recorde

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) suspendeu o rodízio municipal de veículos e, com isso, muitos moradores deixaram suas casas de carro.

Às 10h havia 249 km de vias congestionadas na cidade. A marca já é a maior em toda a história de São Paulo durante a manhã. O recorde anterior havia sido registrada no dia 4 de novembro de 2004, quando a cidade teve 191 km de trânsito carregado às 9h30.

A zona sul concentra quase metade do trânsito mais pesado na capital, com mais de 120 km de vias congestionadas.

Negociação

Os trabalhadores do Metrô e das linhas 11-coral e 12-safira da CPTM decidiram em assembleias realizadas na terça-feira (22) entrar em greve a partir da 0h desta quarta. A decisão foi tomada depois de uma audiência entre representantes do sindicato dos metroviários de São Paulo, recém-desfiliado da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), e da empresa, realizada à tarde, no TRT, e que terminou sem acordo.

Os funcionários do Metrô exigem equiparação salarial, jornada de 36 horas semanais e adicional de risco de vida de 30%.

O Metrô propôs reposição de 4,67% e 0,50% de aumento real a partir da data-base de 1º de maio, além de reajuste no vale-alimentação e no auxílio-creche também no índice de 4,67%. A companhia informou ainda que mantém a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) para os metroviários.

Já os ferroviários querem aumento de 7,05%, além de tíquete refeição no valor de R$ 21,50. A proposta da CPTM é de reajuste de 6,17% e tíquete refeição de R$ 20.