Acordo entre patrões e empregados põe fim à greve de 16 dias de rodoviários em São Luís
Depois de duas semanas de manifestações e paralisações parcial e total de ônibus, os rodoviários de São Luís decidiram, em assembleia nesta quinta-feira (31), encerrar a greve e voltar ao trabalho. O retorno de 100% da frota, porém, só voltará nesta sexta-feira (1º). Hoje, 50% dos ônibus ainda continuam rodando.
Os rodoviários decidiram aceitar o reajuste de 7% determinado em julgamento de dissídio coletivo do TRT-MA (Tribunal Regional do Trabalho do Maranhão) em uma reunião tensa com representantes do Sttrma (Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Rodoviário do Município no São Luís), filiado à CUT, e do SET (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís), que negociaram a reativação do pagamento dos planos de saúde pela classe patronal e o reajuste de R$ 341 para R$ 450 do vale-alimentação.
A categoria também exigiu a garantia de que os empresários não demitam nenhum dos funcionários que participou da greve. Os dois sindicatos entregaram, no fim da tarde de hoje, um documento no TRT oficializando o fim da greve e o acordo entre as partes.
O SET informou que diariamente 600 mil usuários do transporte coletivo foram prejudicados. Os empresários informaram que tiveram prejuízos inestimáveis durante a greve e não sabem ainda como vão fechar a folha salarial referente ao mês de maio.
A greve
A greve dos rodoviários começou no último dia 15, com cerca de 50% da frota funcionando. Devido ao impasse entre o Sttrma e o SET sobre as reivindicações dos rodoviários, dois dias depois, o TRT-MA julgou o pedido de dissídio coletivo impetrado pelo MPT (Ministério Público fo Trabalho), que era de 5,1% de reajuste, e determinou o aumento de 7% nos salários dos trabalhadores, além do término da greve de imediato. Caso ocorresse descumprimento, também foram determinadas as multas diárias de R$ 40 mil aplicadas no Sttrma e R$ 50 mil para o SET.
No dia 17, os rodoviários chegaram a retornar aos trabalhos, mas no dia 18, em reunião com o Sttrma, os rodoviários se mostraram inconformados com a determinação e desacataram a Justiça ao manter 50% da frota até o dia 20. No dia 21, a categoria radicalizou e retirou toda a frota de circulação. A capital maranhese ficou por cinco dias desprovida do serviço de ônibus coletivo.
Depois do julgamento do dissídio, o SET informou que iria obedecer a decisão do TRT, mas, no dia 21, depois da paralisação geral dos ônibus, ingressou com pedido de revisão do reajuste dos salários dos trabalhadores. O pedido foi negado.
Acumulando multas, o Sttrma informou que convenceu os rodoviários a voltar com 50% da frota para que novas negociações entre o sindicato e a classe patronal fossem retomadas.
De acordo com o TRT, na manhã desta quinta-feira, a presidente e desembargadora Ilka Esdra Silva Araújo rejeitou o pedido do Sttrma para que fosse revisado o reajuste de 7% nos salários da categoria.
Os rodoviários pleiteavam o reajuste dos salários em 16% e dos vales-alimentação de R$ 341 para R$ 450, além da reativação do plano de saúde –que deixou de ser pago pelas empresas este mês– e adição de um familiar sem onerar os trabalhadores.
Durante a greve os dos sindicatos foram multados pelo TRT por desobediência à determinação judicial de finalizar a greve e os patrões por não contratarem novos funcionários para suprir a demanda de usuários e colocar toda a frota de ônibus nas ruas. O Sttrma acumulou R$ 590 mil em multas e o SET R$ 740 mil.
Transtornos
Devido ao dano coletivo causado à população sem a circulação de nenhum ônibus em São Luis e três cidades região metropolitanas –São José do Ribamar, Raposa e Passo do Lumiar, o TRT aumentou as multas para os valores de R$ 60 mil para o Sttrema e R$ 80 mil para o SET.
Sem transporte regular, os moradores tiveram de se virar pegando conduções em táxis-lotação, mototaxis e ônibus particulares, mas, mesmo assim, a greve dos rodoviários afetou aulas de faculdades e universidades de São Luís, que tiveram que suspender as atividades por conta da paralisação.
Devido à greve dos rodoviários, comerciantes informaram que sentiram impactos com a falta de consumidores. Segundo um levantamento da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de São Luís, donos de lojas da rua Grande contabilizam queda de 30% nas vendas.
A Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão), informou que o movimento de consumidores chega a 50%. A federação informou ainda que 35% das vendas sofreram quedas.
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