Paranoia com segurança mudou a cara do Rio em 1992
"Rio sitiado”, informava a “Folha de S.Paulo” no dia 2 de junho de 1992, dias antes da abertura da conferência Rio-92. Para ilustrar, uma imagem que se tornaria simbólica do verdadeiro pavor das autoridades brasileiras: um canhão apontado para a favela da Rocinha.
Na realidade, foram três os blindados colocados diante da maior favela da zona sul carioca, dois deles equipados com metralhadoras e lança-morteiros. Apesar da reclamação dos moradores, que enxergaram “preconceito” na medida, os canhões ficaram no lugar por quase duas semanas.
No dia 11, dia da chegada do então presidente americano George Bush à cidade, a imprensa voltou a recorrer ao termo “cidade sitiada”. Todos os bairros entre a ilha do Governador, onde fica o aeroporto internacional Tom Jobim, e o Riocentro, sede da Rio-92, foram isolados.
Cerca de 25 mil pessoas, entre policiais civis, militares, federais e agentes das Forças Armadas, participaram da operação de guerra que foi a conferência internacional.
O superpoliciamento reduziu em 37% os registros policiais nas zona sul e central. O número de ocorrências com estrangeiros caiu de 20 para 8 por dia. No resto da cidade, porém, a “higienização” não surtiu efeito. Os índices de criminalidade permaneceram os mesmos.
A Fundação Leão 13 aumentou o recolhimento de moradores de rua, no período. O número de pessoas mantidas em suas unidades saltou de 1.500 para 3.000, em média, por dia.
O Rio passou por uma espécie de “cirurgia plástica”, destinada a deixá-la mais bonita e limpa. Estima-se que cidade e Estado tenham gasto cerca de US$ 1 bilhão nos três anos anteriores, com obras visando a Rio-92.
Foram cerca de 1,5 mil obras, incluindo 360 mil buracos tapados em seis meses, US$ 104 milhões na reurbanização das praias da zona sul, além de US$ 9 milhões na reforma de praças. Data desta época a instituição de horário de funcionamento para as praças, das 7h às 20h, que passaram a ser cercadas por grades.
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