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PM que deixou de prestar socorro a coordenador do AfroReggae após assalto no Rio pode ser promovido a major

PM que não prestou socorro enquanto o coordenador do Grupo AfroReggae, Evandro João da Silva (foto), agonizava após assalto, pode ser promovido a major - Simone Marinho/Agência O Globo
PM que não prestou socorro enquanto o coordenador do Grupo AfroReggae, Evandro João da Silva (foto), agonizava após assalto, pode ser promovido a major Imagem: Simone Marinho/Agência O Globo

Felipe Martins

Do UOL, no Rio

22/06/2012 17h54

O capitão da Polícia Militar Dennys Leonardo Nogueira Bizarro pode ser promovido a major no próximo mês de agosto. A notícia não causaria impacto se não fosse ele o policial apontado em gravações de câmeras de seguranças deixando de prestar socorro e ainda liberando os assassinos do coordenador do Grupo AfroReggae, Evandro João da Silva, após assalto no centro do Rio.

O crime aconteceu por volta de 1h20 da manhã do dia 18 de outubro de 2009. Dois homens assaltaram Evandro na rua do Carmo, no centro do Rio. Os bandidos lutaram contra o coordenador do AfroReggae, que foi jogado no chão e atingido com um tiro. Os criminosos levaram o tênis e a jaqueta de Evandro, entre outros pertences.

Enquanto Evandro ainda agonizava na rua, um carro da polícia chegou ao local. O capitão Dennys Leonardo Nogueira Bizarro e o cabo Marcos de Oliveira Sales abordaram os criminosos. Pelas imagens das câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais próximos ao local do crime, é possível ver um dos policiais com o tênis e a jaqueta de Evandro nas mãos e um dos bandidos indo embora calmamente. Os pertences de Evandro não foram devolvidos na delegacia, e no registro da ocorrência, os policiais não informaram a abordagem aos criminosos.

Quase dois anos após o assassinato, a Corregedoria Geral Militar decidiu optar pelo arquivamento do processo em agosto de 2011. Após a decisão, o secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame ordenou a prisão preventiva de Bizarro por 30 dias. A Auditoria Militar já havia condenado os dois PMs em dezembro do ano anterior pelo crime de prevaricação e inocentado pelo crime de peculato. Bizarro foi condenado a um ano de prisão e o cabo Sales a seis meses. Contudo, o conselho da Auditoria Militar concedeu a suspensão da pena por entender que o encarceramento dos réus não contribuiria para a ressocialização e não traria benefício à população.

Procurado pela reportagem do UOL, o coordenador-executivo do Grupo AfroReggae informou por meio de sua assessoria de imprensa que não se pronunciaria sobre o caso. Em seu perfil no Twitter, ele definiu como “inacreditável” a promoção do capitão Bizarro à patente de major.

Os assassinos de Evandro foram presos dez dias após o crime e julgados em maio de 2010. Rui Mário Maurício de Macedo foi condenado a 24 anos de prisão e Reginaldo Martins da Silva a 21 anos e seis meses.

Em nota, a Polícia Militar informou que o capitão Dennys Bizarro foi submetido a Conselho de Justificação cujos membros não consideraram o oficial culpado das acusações imputadas. O secretário de Segurança discordou da decisão do conselho e determinou a punição de 30 dias de prisão, cumprida no 14º BPM (Bangu). O oficial realizou concurso interno e foi aprovado para frequentar o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, que o habilita à promoção ao posto de major.