Empresa monta armadilha para espantar pombos e cola passarinhos no telhado, em SP
A Polícia Militar Ambiental (PMA) conseguiu resgatar 16 pássaros que estavam presos a um gel colante no telhado de uma empresa no distrito de Ajapi, em Rio Claro (190 km de São Paulo), nesta quinta-feira (16).
Segundo informações do soldado Marcelo Ruiz Carvalho, da PMA, o produto foi utilizado pela empresa com o objetivo apenas de repelir pombos, mas aves menores e mais frágeis, como os passarinhos, acabaram caindo na armadilha e ficaram presas.
Encontrado livremente à venda no comércio, o produto é uma espécie de cola gelatinosa que não seca, usada para afugentar pombos e morcegos de locais onde eles costumam se abrigar, como vãos de telhados e marquises.
Incomodados com a substância, que gruda nas patas, esses animais acabam deixando o local e, instintivamente, não voltam mais a ele, indo buscar outros pontos para se abrigar ou fazer ninhos – no caso dos pombos.
Isso, porém, não foi possível aos 15 pardais e um siriri do peito branco que, segundo Carvalho, estaria na lista das aves ameaçadas de extinção. Eles ficaram grudados ao gel e precisaram ser socorridos em uma clínica veterinária da cidade.
Três pardais e o siriri não resistiram. Outras aves já estavam mortas quando a PMA chegou ao local, mas o número não foi divulgado. De acordo com o policial, a crueldade foi descoberta por meio de uma denúncia anônima.
O veterinário Geraldo Wiechmann, que cuida das aves, informou que o siriri do peito branco morreu na manhã desta sexta-feira (17). “Ele tinha as asas e o bico colados. Vários estão com o gel no bico e nas penas e não conseguem voar. Uma judiação. Isso foi um ato criminoso, e os responsáveis têm de pagar”, disse Wiechmann.
Outro lado
A empresa, que não teve o nome divulgado, alegou ter contratado o serviço para a exterminação de pragas, e, segundo a direção, a prestadora de serviços teria uma licença ambiental para utilizar esse produto para esse fim específico.
“A terceirizada teria autorização para usar o gel colante para controlar pragas, mas acabou tendo outro fim, o que não poderia ter acontecido, mesmo sem intenção. Eles deveriam ter tomado mais cuidado”, disse Carvalho.
A Polícia Ambiental informou ainda que a empresa e a prestadora do serviço foram multadas em R$ 9.000 cada um e responderão por crime de maus-tratos aos animais, conforme o artigo 32 da lei federal 9605/98. Ambas ainda podem recorrer da multa.
Segundo o veterinário Wiechmann , os outros 12 pardais que estão sob seus cuidados ainda correm risco de morrer, mas os que se recuperarem serão soltos assim que possível. “É um crime terrível, deviam fazer isso com quem fez. É deprimente.”
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