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Cães da polícia do Rio aprendem técnicas francesas de treinamento que incluem o uso de botas especiais

Anthrax usa botas especiais que devem ajudar no desempenho dos animais em terrenos escorregadios - Júlio Guimarães/UOL
Anthrax usa botas especiais que devem ajudar no desempenho dos animais em terrenos escorregadios Imagem: Júlio Guimarães/UOL

Júlio Reis

Do UOL, no Rio

30/09/2012 06h00

Nem todo dia de cão é igual, alguns precisam se submeter a uma bateria de exercícios e treinamentos específicos para que possam atuar de forma decisiva em situações de risco que envolvem a segurança de seus melhores amigos, os homens. É essa a rotina dos 69 cachorros que fazem parte do Batalhão de Ações com Cães (BAC) da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Nas últimas duas semanas, no entanto, eles têm passado a conhecer pelo menos algumas novidades nos treinamentos a que são condicionados. Entre elas está o inusitado uso de botas especiais que devem ajudar o desempenho dos animais --como o pastor holandês Anthrax-- em terrenos escorregadios ou que prejudiquem a tração nos movimentos.

A oportunidade para discussão e aprendizado de novas técnicas treinamento para faro tem sido proporcionada por um intercâmbio entre os policiais do BAC e agentes especializados em operações com cães da unidade especial da Polícia Nacional da França, a Raid.

“Na primeira semana deste treinamento, nos dedicamos às técnicas de busca de explosivos, área em que os agentes da Raid têm muita experiência por conta das ameaças terroristas a que estão mais familiarizados na Europa. É um trabalho que na primeira etapa consiste em habituar o cão a memorizar os cheiros de diversos materiais que compõem os explosivos e em seguida treiná-lo para que possa reconhecê-los em ambientes reais”, explica o major Vitor Valle, subcomandante do BAC e coordenador do intercâmbio que acontece todo ano desde 2009.

“O Brasil terá necessidade de adotar algumas técnicas e métodos em razão dos grande eventos que virão --Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas 2016--, principalmente em relação aos materiais explosivos. Temos dividido aqui o quanto possível nossa experiência nessa área, mas claro que há a adaptação para a realidade brasileira”, destaca um dos agentes franceses que pede para não ser identificado por razões de segurança.

Franceses também aprendem

Os agentes da Raid têm aprendido técnicas de uso de cães em situações de enfrentamentos. “Encontramos aqui uma situação em que a polícia tem utilizado os cães de maneira muito habilidosa em operações de tomada de reféns. É um grupo que trabalha em sintonia com os animais e em situações de bastante desgaste. Utilizam também como muito sucesso os cães para busca de entorpecentes”, diz outro agente francês.

Além do tema dos explosivos, durante a segunda semana do intercâmbio, que se encerrou neste fim de semana, os agentes dividiram conhecimentos sobre a formação para os cães de assalto e que focam num treinamento exaustivo para que o animal possa atacar de maneira adequada e definitiva os criminosos em ação. Segundo os agentes franceses, para que seja satisfatório, este adestramento costuma tomar um ano inteiro e deve ser feito de maneira gradativa.

Raças

O canil do BAC, que deve ter 160 cães até 2014, é composto de cinco raças: rottweiler, pastor alemão, labrador, pastor belga de malinois e pastor holandês. Os cães das duas primeiras raças costumam ser utilizadas em situações de manutenção da ordem, já os dois últimos são mais versáteis.

“Aos poucos estamos deixando de trabalhar com o pastor alemão e os labradores. O pastor malinois e o pastor holandês são mais completos para as atividades que desenvolvemos, eles têm maior capacidade olfativa, uma melhor formação óssea, melhor capacidade física e uma mordida mais contundente”, explica o major Vitor.

Ainda segundo Vitor, só o BAC foi responsável pela apreensão de quase uma tonelada de drogas no Rio no ano passado e que este ano já foram apreendidos mais de 1,5 tonelada. O sucesso do BAC para detectar explosivos, no entanto, deve depender de novos cachorros. Isso porque os cães que farejam tanto drogas quanto explosivos criam uma situação de dúvida, já que o agente policial não pode determinar com certeza o que foi encontrado e em cada caso a conduta a ser seguida é diferente.

Os cães do BAC costumam ser aposentados aos oito anos de idade, depois disso eles seguem para a adoção de interessados.