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Busca e apreensão comprovam que banda que se apresentava na boate Kiss fazia show pirotécnico, diz polícia

Ana Paula da Rocha

Do UOL, em Santa Maria (RS)

06/02/2013 17h33Atualizada em 06/02/2013 19h23

Em entrevista coletiva concedida na tarde desta quarta-feira (6), o delegado Marcelo Arigony, que chefia as investigações sobre o incêndio em Santa Maria (RS), disse que a busca e apreensão feitas pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul comprovam que a banda Gurizada Fandangueira fazia show de pirotecnia no local no dia da tragédia que deixou mais de 230 mortos.

Arigony confirmou a execução de sete mandados de busca e apreensão na casa de músicos da banda, além de outras pessoas que tinham relação com o grupo musical. Cinco dos mandados foram executados em Santa Maria.

A principal hipótese investigada pela polícia sobre o começo do fogo na boate é o uso de um sinalizador pelo vocalista da banda. Quando a faísca entrou em contato com a espuma que servia como isolante acústico no local, produziu uma fumaça tóxica que levou cerca de um minuto para tomar a casa noturna. A maioria das pessoas morreu asfixiada.

Em entrevista ao UOL na última segunda-feira (4), o advogado da Gurizada Fandangueira, Omar Obregon, disse que, além da superlotação, a boate Kiss também apresentou problemas de curto circuito anteriores ao incêndio do dia 27.

Obregon afirmou que o local, que já era palco de apresentações da banda há pelo menos um ano, havia apresentado problemas de curto-circuito, na rede de eletricidade, anteriormente à tragédia. "Tanto que, no dia da apresentação, a caixa de som que fazia o retorno [de áudio] aos músicos estava sem funcionar por essa razão", disse o advogado.

A Polícia Civil ouviu hoje seis bombeiros que participaram do resgate e pretende ouvir mais seis. Ao todo, mais de 130 pessoas já foram ouvidas no inquérito.

De acordo com os delegados Arigony e Sandro Meinerz, o homem que foi preso nesta quarta-feira se passou por familiar de uma vítima e roubou um celular, R$ 50 e documentos do homem, que estavam no centro desportivo da cidade, conhecido como Farrezão. 

O pai da vítima procurou a polícia dizendo que os documentos do filho haviam desaparecido e que uma pessoa os devolveu a ele. Esta mesma pessoa teria ajudado a polícia a identificar quem roubou os pertences. O homem preso confirmou o furto e a venda do celular e do relógio sem informar, no entanto, a origem dos objetos para o comprador. O relógio ainda é procurado pela polícia. O pedido de prisão preventiva já foi encaminhado à Justiça.

Prisão de Kiko

Arigony admitiu que a polícia optou por despistar a imprensa quando informou, na noite desta terça-feira (5), que Elissandro Spohr, o Kiko, sócio da boate Kiss, iria para uma penitenciária na cidade de Ijuí, ao invés de ir para Santa Maria, como de fato aconteceu.

"Nós não poderíamos ter uma situação em que a população pudesse ir para a frente da penitenciária e aguardar a chegada dele. Nós precisamos fazer aquela manobra naquele momento para a segurança de todos", explicou.

Arigony disse que não há previsão de Kiko prestar novo depoimento à polícia --ele já depôs no início das investigações--, mas afirmou que podem solicitar esclarecimentos dele sempre que acharem necessário durante o inquérito.

  • Arte UOL

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A tragédia

O incêndio, ocorrido na boate em 27 de janeiro, já vitimou 238 pessoas. Ontem, um jovem de 20 anos morreu em um hospital de Porto Alegre, para onde tinha sido transferido logo após a tragédia, em decorrência dos ferimentos.

Quatro pessoas seguem presas: os donos da casa noturna, Elissandro Spohr --que saiu ontem do hospital em Cruz Alta, onde estava internado-- e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, o produtor Luciano Bonilha Leão e o vocalista Marcelo dos Santos.

A Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul, com dados da Força Nacional do SUS e da Regulação do Estado, informou na tarde de hoje que 75 pacientes feridos no incêndio permanecem hospitalizados em quatro cidades gaúchas.

Nas últimas 24 horas, seis pacientes receberam alta: cinco em Santa Maria (um do Hospital de Caridade, um do Hospital São Francisco e três do Hospital Universitário) e um em Porto Alegre (da Santa Casa de Misericórdia). O número total de pacientes que precisam de ventilação mecânica para respirar também diminuiu, passando de 23 para 21.

No total, segundo cálculos da própria secretaria, 52 feridos de 127 que precisaram ser internados já tiveram alta –isso significa que 41% dos pacientes já foram liberados dos hospitais após a tragédia. O resultado foi considerado acima da expectativa pela Força Nacional do SUS.