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Marca na porta de empresário assassinado era de pé de Gil Rugai, diz outro perito em júri

Janaina Garcia e Ana Paula Rocha

Do UOL, em São Paulo

18/02/2013 20h07Atualizada em 18/02/2013 23h48

O perito do IC (Instituto de Criminalística) de São Paulo, Adriano Yssamu Yonanime disse durante júri popular do ex-seminarista Gil Rugai, 29, na noite desta segunda-feira (18), que a marca de pé encontrada na sala onde o pai do jovem foi morto, há cerca de nove anos, “encaixa perfeitamente” na imagem sobreposta do pé direito do jovem.

“É certeza, porque a imagem [do pé] sobreposta [à imagem da marca na porta] encaixa perfeitamente. Todos os elementos levam a ele”, disse, em juízo.

As marcas são parte das provas da acusação para pedir a condenação de Gil Rugai pelos assassinatos do pai, Luiz Carlos Rugai, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitini.

Segundo o Ministério Público, o filho teria assassinado a tiros primeiramente Alessandra, na sala de TV da residência do casal, em Perdizes,  zona oeste de SP, e, em seguida, o pai, que se trancara em outra sala. Arrombada a porta, ele também foi morto a tiros --um deles, na nuca.

Conforme o perito, as provas colhidas na perícia feita à época do crime comprovam que a marca de um sapato encontrada na porta arrombada  é resultado de um chute dado pelo réu. “O réu Gil Rugai marcou presença no local deixando a marca da sola do sapato”, declarou, perante o juiz Adílson Paukoski Simoni, inquirido pelo promotor do caso, Rogério Leão Zagallo.

Yonanime apresentou uma lista de argumentos técnicos para justificar a conclusão do laudo. Entre eles, destacou o fato de a impressão da planta do pé de Rugai ser compatível com a marca de ralado na porta. Além disso, destacou, o IC concluiu que a marca de um sapato a cerca de 80 cm do piso foi feita após um chute frontal feito da linha de cintura, compatível com a altura do réu, que, afirmou o perito, é de 1,63m.

A estratégia da acusação, enquanto interrogou o perito, foi de rever toda a perícia feita na época e apresentar as provas aos jurados.

A defesa, por sua vez, utilizou vídeos que teriam sido retirados da internet mostrando pessoas chutando a porta da mesma forma que o perito explicou que teria sido como Gil Rugai teria chutado.

Os advogados de defesa também apresentaram um vídeo que usa a técnica de realidade virtual, que faz parte da perícia, onde a impressão plantar do pé direito de Gil é sobreposta à imagem de um sapato que seria dele. Esta imagem, porém, é de um sapato que calçaria um pé esquerdo. O erro foi usado pela defesa para desqualificar o depoimento do perito.

Terceira testemunha

O depoimento de Yonanime é o terceiro do dia no Fórum Criminal da Barra Funda, depois de um vigia que teria visto Rugai deixar o local do crime e do médico legista Daniel Romero Munhoz, da faculdade de medicina legal da USP.

O laudo do perito do IC se valeu também do laudo confeccionado por Munhoz, que, em depoimento anterior ao do perito, dissera que o "nexo de causalidade" entre a lesão detectada em Rugai, depois do crime, e as marcas na porta não havia sido feita por ele --e sim, pelo IC.

 

Entenda o caso

O ex-seminarista Gil Rugai, 29, é acusado de tramar e executar a morte do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, em 28 de março de 2004. O casal foi encontrado morto a tiros na residência onde morava no bairro Perdizes.

Segundo a acusação, o crime foi motivado pelo afastamento de Gil Rugai da empresa do pai, a Referência Filmes. O ex-seminarista estaria envolvido em um desfalque de R$ 100 mil e, por isso, teria sido demitido do departamento financeiro.

Durante as perícias do crime foram encontrados indícios que, segundo a acusação, apontam Gil Rugai como o autor do crime. Um deles foi o exame da marca de pé deixada pelo assassino numa porta ao tentar entrar na sala onde Luiz Carlos tentou se proteger.

O IC (Instituto de Criminalística) realizou exames de ressonância magnética no pé de Rugai e constatou que havia lesões compatíveis com a marca na porta.

Outra prova que será apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde Gil Rugai tinha uma agência de publicidade.

O exame de balística confirmou que as nove cápsulas encontradas junto aos corpos do empresário e da mulher partiram dessa pistola.

O sócio de Rugai afirmou que ele mantinha uma arma idêntica em uma gaveta da agência de publicidade e que não a teria visto mais lá no dia seguinte aos assassinatos.

Gil Rugai chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto por decisões da Justiça.