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Gil Rugai não ficará calado em interrogatório e se dirá inocente, diz defesa; júri entra no 4º dia

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

21/02/2013 06h00

O penúltimo dia de julgamento do estudante Gil Rugai, 29, será fechado nesta quinta-feira (21) com o interrogatório do réu. Segundo a defesa, ele não só não se manterá calado --possibilidade que a lei autoriza-- como manterá a versão dada desde o início das investigações: a de que é inocente.

Rugai é julgado sob acusação de ter matado o pai, Luiz Carlos Rugai, e a madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, em 28 de março de 2004. O crime aconteceu na residência do casal no bairro de Perdizes, zona oeste de São Paulo.

Resumo do julgamento

Antes do réu, entretanto, deverão ser ouvidas as três últimas testemunhas do caso --as três, arroladas pelo juiz Adílson Simoni, a pedido de defesa e acusação. A partir das 9h, depõem o ex-sócio de Rugai, Rudi Otto, um vigia da rua próxima à residência das vítimas e um motorista que teria ouvido de outra testemunha a confissão de que ela teria visto Rugai na cena do crime --no caso, o primeiro vigia e primeira testemunha a ser ouvida no júri, na última segunda-feira (18).

A previsão informal de funcionários do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) é que o depoimento de Gil Rugai seja tão longo ou até maior que o do delegado do caso, Rodolfo Chiareli, ouvido nesta terça-feira (19) como testemunha da acusação por cerca de seis horas. Foi o depoimento mais longo de todo o júri, até aqui.

Segundo um dos advogados da defesa, Thiago Anastácio, o réu "responderá todas as perguntas, inclusive as da acusação".

"Ele responderá, tenho absoluta certeza, a não ser que haja algo [colocado] como uma falta de respeito. Se ele for desrespeitado, se cala", enfatizou. "Gil é a única pessoa até aqui que sempre deu a mesma versão", declarou.

Se o tempo do interrogatório, perante os jurados, poderá ser maior que o depoimento do delegado? "Creio que os jurados queiram entender o que se passou com Gil, não só sobre questão de provas, [do álibi] de ter ido ao shopping Frei Caneca, dos horários, para onde foi, por onde passou, mas também entender quem é aquele que entrou aqui monstro e já não é mais monstro", concluiu Anastácio.

Para o especialista em direito criminal Luiz Flávio Gomes, que acompanha o júri desde o início, a expectativa para o interrogatório não deve ser de surpresa aos elementos já colhidos no processo.

"Ele vai negar absolutamente tudo [de que é acusado], mas acredito que a etapa realmente decisiva desse julgamento será o debate oral entre acusação e defesa, na sexta (22)", opinou Gomes.

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Irmão do réu é poupado pela promotoria

Os últimos depoimentos da defesa foram colhidos nesta quarta-feira (20). A surpresa ficou para o final, quando o promotor do caso, Rogério Leão Zagallo, abriu mão de inquirir o irmão do réu, Léo Rugai, após ele falar ao juiz e à defesa. A acusação alegou "respeito ao filho da vítima", uma vez que o empresário morto era também pai do massagista de 27 anos.

Léo disse ter certeza de que o irmão não é responsável pelo crime e que não questionou sobre o que o irmão teria feito na noite em que o pai e a madrasta foram mortos. "Foi mais uma coisa de olhar no olho e questionar. Eu o conheço e acredito nele", resumiu.

 

Entenda o caso

Gil Rugai é acusado de tramar e executar a morte do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e da madrasta, Alessandra de Fátima Troitino, 33, em 28 de março de 2004. O casal foi encontrado morto a tiros na residência.

Segundo a acusação, o crime foi motivado pelo afastamento de Gil Rugai da empresa do pai, a Referência Filmes. O ex-seminarista estaria envolvido em um desfalque de R$ 100 mil e, por isso, teria sido demitido do departamento financeiro.

Durante as perícias do crime foram encontrados indícios que, segundo a acusação, apontam Gil Rugai como o autor do crime. Um deles foi o exame da marca de pé deixada pelo assassino numa porta ao tentar entrar na sala onde Luiz Carlos tentou se proteger.

O IC (Instituto de Criminalística) realizou exames de ressonância magnética no pé de Rugai e constatou que havia lesões compatíveis com a marca na porta.

Outra prova que será apresentada pela acusação foi uma arma encontrada, um ano e meio após o crime, no poço de armazenamento de água da chuva do prédio onde Gil Rugai tinha uma agência de publicidade.

O exame de balística confirmou que as nove cápsulas encontradas junto aos corpos do empresário e da mulher partiram dessa pistola.

O sócio de Rugai afirmou que ele mantinha uma arma idêntica em uma gaveta da agência de publicidade e que não a teria visto mais lá no dia seguinte aos assassinatos. Gil Rugai chegou a ser preso duas vezes, mas foi solto por decisões da Justiça.

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