Acusação confirma negociação para confissão do goleiro Bruno
O advogado Cidney Mendes Karpinski, assistente de acusação da Promotoria, confirmou nesta terça-feira (5) ter havido uma conversa com a defesa do goleiro Bruno Fernandes com relação a uma possível confissão do réu no julgamento sobre o sumiço de Eliza Samudio, ex-amante do jogador desaparecida desde 2010. O júri popular começou na segunda-feira (4).
Karpinski afirmou ter procurado Lúcio Adolfo da Silva e Tiago Lenoir, advogados do atleta, no final da sessão do primeiro dia de julgamento realizada no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, nesta segunda-feira (4) e “aconselhado” a eles que orientassem o cliente a produzir uma confissão.
“Eu aconselhei e conversei rapidamente com o Lúcio Adolfo e com o Tiago no sentido de que viessem a avaliar essa situação desfavorável ao Bruno. O atenuante [confissão] poderia ser favorável ao Bruno. Essa confissão daria benefícios ao réu”, disse o advogado.
Mãe de Eliza não quer acordo para que Bruno confesse
Questionado sobre a intenção declarada em ajudar o goleiro, já que ele é da acusação, Karpinski afirmou que a busca é pela “justiça”.
“Na realidade, o que se busca é a justiça. Se ele confessa, o que é um direito dele, é porque a gente acredita também na reabilitação dele, embora o crime tenha sido brutal”, disse o representante do pai de Eliza Samudio.
Conforme o advogado, o goleiro não se beneficiaria em nada negando o crime.
“Mas isso vai ficar a critério dele”, resumiu o defensor. Perguntado sobre qual teria sido o posicionamento dos advogados do goleiro, Karpinski disse que a proposta não teria sido rechaçada.
“Na verdade, eles não chegaram a responder. Eles disseram assim: doutor, traga a proposta e depois nós conversamos”, declarou.
Negativa
Lúcio Adolfo da Silva confirmou ter mantido a conversação com Karpinski, mas se recusou a revelar o teor do diálogo. Em entrevista à imprensa do lado de fora do fórum, no entanto, o advogado negou a existência de um acordo em curso para uma suposta confissão de Bruno.
“Tribunal do júri não é balcão de negócios”, disse o defensor do goleiro Bruno.
Mais tarde, em uma rápida conversa com o UOL, Silva disse que o cliente “pode falar o que quiser”.
Em seguida, ele afirmou que não iria “adiantar nada para ninguém. Vocês estão querendo saber antes da hora”, afirmou Silva.
Antes de entrar para acompanhar o segundo dia de julgamento, a mulher do goleiro, a dentista carioca Ingrid Calheiros, afirmou que o jogador “vai falar o que sabe”.
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