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Mortes pela chuva em Petrópolis (RJ) já não surpreendem, diz promotor

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

18/03/2013 14h50

O registro de ao menos 16 mortes decorrentes da chuva em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, já não é de causar surpresa em uma cidade onde 74 pessoas morreram, em uma mesma localidade, há pouco mais de dois anos.

A avaliação é do promotor de Justiça Pedro de Oliveira Coutinho, coordenador regional do Ministério Público do Rio em Petrópolis, em entrevista ao UOL nesta segunda-feira (18).

De acordo com o promotor, para quem a cidade vive as consequências de “uma omissão muito antiga tanto do governo estadual quanto do municipal”, o relevo de Petrópolis e as fortes chuvas que atingiram a cidade criam o que ele chama de “problema antigo”.

“O MP vem cobrando uma atuação mais concreta por meio dos órgãos municipais e estaduais próprios para essas situações”, disse Oliveira. “E hoje estamos com dois promotores em um sobrevoo pelas áreas mais atingidas nesse final de semana. A ideia é ver quais órgãos serão acionados a se mobilizar novamente, o que já deveria ter sido feito, e não foi, e quais os pontos frágeis”, completou.

Veja os estragos causado pela chuva na região serrana

Conforme o promotor, ainda que as mortes e os estragos tenham sido verificados desta vez na região central de Petrópolis, em Quitandinha, ainda há moradores que precisam ser removidos de encostas e áreas de risco remanescentes da tragédia de 2011. Na ocasião, as 74 mortes se concentraram no Vale do Cuiabá, localidade do distrito de Itaipava.

“O MP tem várias ações contra o município e o Inea [Instituto Estadual do Ambiente] para obrigá-los a remover a população de beira de rio e de encostas irregulares, bem como para a implantação de um sistema de monitoramento que alerte moradores em caso de chuva forte. Sabemos que, mesmo com boa vontade do gestor, não dá para resolver alguns problemas de uma hora para outra, mas tememos que mais gente morra, também fora do centro, se as chuvas persistirem”, disse o promotor.

Governador diz que há 650 desabrigados

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou hoje em entrevista coletiva no gabinete da prefeitura de Petrópolis que 650 pessoas ficaram desabrigadas na cidade devido à chuva que a atinge desde a tarde de domingo (17).

Mais cedo, o governo do Rio de Janeiro informou que a Força Nacional de Defesa Civil está em deslocamento para a cidade. O grupo, ligado ao Ministério de Integração Nacional, foi criado para atuar na prevenção de desastres naturais e para ajudar na reconstrução de municípios fortemente afetados.

Petrópolis foi a cidade mais afetada pelas fortes chuvas que atingiram o Estado do Rio de Janeiro nas últimas 24 horas, com 21 pontos de escorregamento ou alagamento. As localidades mais afetadas foram Quitandinha (com acumulado de 390 mm de precipitação em 24 horas), Independência (com acumulado de 277 mm de precipitação em 24 horas) e Doutor Thouzet (com acumulado de 267 mm de precipitação em 24 horas).

A Defesa Civil estadual informou ainda que as fortes chuvas atingiram também os municípios de Angra dos Reis, Mangaratiba, Niterói, Teresópolis e Petrópolis.

Litoral norte de SP

A chuva também causou estragos em localidades no Estado de São Paulo. Em São Sebastião (litoral norte), por exemplo, cerca de mil pessoas estão desabrigadas.

Equipes da Defesa Civil municipal e da Defesa Civil do Estado atuam em conjunto nas regiões atingidas. De acordo com a defesa civil municipal, choveu cerca de 222 mm entre as 16 horas da última sexta-feira e as 7 horas da manhã de hoje. O volume é mais da metade do previsto para todo o mês.