Suspeito de chutar motorista de ônibus já agrediu cunhado e dona de imóvel
A Polícia Civil do Rio de Janeiro informou na tarde desta quarta-feira (3) que o estudante de engenharia Rodrigo dos Santos Freire, 25, apontado como suposto agressor do motorista do ônibus que caiu ontem (2) de um viaduto na avenida Brasil, já havia se envolvido em outros dois casos de lesão corporal. Sete pessoas morreram no acidente.
De acordo com o órgão, ambas as ocorrências foram registradas na 37ª DP (Ilha do Governador). A primeira, em 2010, foi por lesão corporal contra a dona do imóvel alugado por Freire; a segunda, em 2012, foi contra o cunhado, também por lesão corporal.
Uma das pessoas que ficou ferida no acidente, Amanda Santana Silva, 19, disse para sua mãe que o motorista, André Luiz da Silva Oliveira, 33, levou um chute no rosto segundos antes do veículo cair do viaduto Brigadeiro Trompowski.
A mãe de Amanda, Conceição Rodrigues Santana, que foi visitá-la no Hospital Getúlio Vargas, na Penha (zona norte do Rio), contou que, segundo a jovem, o motorista não parou no ponto onde um homem queria descer, antes do viaduto. Os dois, então, teriam iniciado uma discussão, e o jovem teria pulado a catraca e chutado o rosto do condutor, que perdeu o controle do veículo.
"Ela disse que o homem pulou a catraca, ficou discutindo com o motorista e acertou um pontapé no rosto dele. Ela disse que viu o motorista virando de lado, e o ônibus caiu", afirmou.
Veja o local onde o ônibus caiu
Prisão
O titular do distrito policial de Bonsucesso (21ª DP), onde o acidente está sendo investigado, José Pedro Costa da Silva, disse que vai indiciar o motorista e o jovem suspeito de tê-lo agredido por homicídio doloso --quando há intenção de matar-- e que vai pedir a prisão preventiva dos dois ainda hoje.
Segundo o delegado, Freire foi reconhecido presencialmente e por foto por duas testemunhas como o agressor do motorista, que, por sua vez, será indiciado por ter incitado a briga e por dirigir em alta velocidade.
"Os dois são os responsáveis pelas mortes e pelo acidente. A conduta de ambos contribuiu para que o ônibus caísse. Os relatos me dão a certeza da culpa do Rodrigo, o responsável pela agressão ao motorista, e do motorista, que deu causa à briga, pois ele é um profissional e não teria porque estar discutindo com um passageiro e incitando uma briga", disse o delegado.
"O motorista chegou a dizer para o Rodrigo que iria parar só no ponto final, no Castelo [centro da cidade], e lá eles sairiam no braço", completou o delegado.
Costa afirmou que Rodrigo não lembra da briga e que sua última lembrança é de ter entrado no ônibus para ir para a UFRJ. "O Rodrigo diz que não se lembra de nada, mas sabe o que houve pela TV que está no quarto dele. Ele recebe as informações da imprensa, mas não assume a responsabilidade pelo golpe", contou.
O estudante quebrou a mandíbula e perdeu muitos dentes. Segundo o delegado, ele fala com dificuldade e ainda vai passar por uma cirurgia --deverá sair do hospital em uma semana. A mãe e a irmã de Rodrigo estão no local acompanhando o estudante e, de acordo com o delegado, estão em choque.
A irmã de Rodrigo, que se identificou apenas como Josi, afirmou por telefone que, devido aos ferimentos, ele ainda não tem condições de falar. "Ele está muito machucado, quebrou o queixo. Mas não vai falar nada agora e nem tem condições de falar. Na hora certa ele vai falar", disse.
*Colaboraram Felipe Martins, Hanrrikson de Andrade e Julia Affonso, no Rio
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