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Bola acusa ex-delegado que o investigou de tê-lo mandado torturar preso

Rayder Bragon e Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Contagem (MG)

27/04/2013 09h34Atualizada em 27/04/2013 13h02

Após dizer dois nãos à juíza Marixa Rodrigues, o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, afirmou em seu depoimento que o ex-delegado Edson Moreira, o mandou torturar um preso no pau de arara, quando os dois trabalhavam na Polícia Civil de Minas Gerais.

Bola, acusado do assassinato da ex-modelo Eliza Samudio, amante do goleiro Bruno, prestou depoimento na madrugada deste sábado (27), no Fórum de Contagem (MG), região metropolitana de dize Belo Horizonte. Ele começou a falar por volta de meia-noite, mas a sessão foi encerrada às 1h35 e reiniciada às 10h30.

Vereador pelo PTN em Belo Horizonte, Moreira foi um dos responsáveis pelas investigações do caso e inimigo declarado de Bola e do advogado Ércio Quaresma, que defende o réu.

Moreira foi, porém, a principal testemunha da defesa de Bola, que procura apontar falhas nas investigações e desconstruir as peças apresentadas pela polícia mineira à Justiça e explora as desavenças pessoais entre os três.

O depoimento do vereador, como testemunha e não como autoridade policial, sem poder mentir, durou cerca de 12 horas, quando a defesa buscou encontrar erros e contradições em seu relatório.

"Não senhora. Não [conhecia Eliza Samudio]", disse Bola no depoimento . "Não [conhecia Bruno Fernandes, antes das denúncias]", afirmou à juíza Marixa Rodrigues.

Bola disse que a "animosidade" entre ele e Moreira começou quando os dois, em 1991, fizeram treinamento juntos. Na ocasião, Bola teria comentado com alguns colegas que Moreira teria trabalhado na cavalaria na Polícia Militar de São Paulo.

Isso incomodou o ex-delegado que se vangloriava de ter pertencido à Rota no período em que atuou em São Paulo.

Alguns anos depois, Bola não se recordou do ano exato, Moreira teria chegado à delegacia de Furtos e Roubos de Belo Horizonte, onde o réu, à época investigador da Polícia Civil, “entregou” a ele um preso acusado de homicídio.

“Entregou” o homem e determinou que ele fosse levado a uma sala no subsolo da delegacia, chamada de "igrejinha", para ser torturado no pau de arara.

Segundo Bola, ele disse ao então delegado que não o faria, porque torturar é "ilegal". "Não eram meus métodos. Ordem ilegal, não se cumpre", disse. Bola afirmou que o delegado nunca o perdoou.

Moreira está incomunicável desde quarta-feira (24) porque o advogado de defesa pediu para deixá-lo à disposição do júri. Ele é a única testemunha nessa situação.

Em tese, Moreira pode ser chamado a qualquer momento de volta ao julgamento, inclusive para uma possível acareação com Bola.