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Número de homicídios em SP chega a 1.500 e é o mais alto em três anos

Gil Alessi e Guilherme Chammas*

Do UOL, em São Paulo

24/05/2013 13h10

Os homicídios no Estado de São Paulo ultrapassaram a marca de 1.500 casos nos primeiros quatro meses de 2013 pela primeira vez nos últimos três anos. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (24) pela SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo).

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  • Para Valdir Deppman, pai de Victor Hugo Deppman, 19, morto durante um assalto em 9 de abril, "todos puxaram o gatilho, do governador à presidente"

Entre janeiro e abril de 2013 foram registrados 1.552 homicídios dolosos (com intenção de matar) no Estado. Isso representa um aumento de 6,5% em relação ao mesmo período de 2012, e de 13,8% na comparação com os dados de 2011. Em média, 13 pessoas foram assassinadas por dia no Estado este ano.

Apenas na capital paulista, os homicídios cresceram 10,8% ante o ano passado, e 27% em comparação com 2011. No primeiro quadrimestre, foram registrados 400 casos. Nem a redução de assassinatos em abril, a primeira em nove meses, foi suficiente para evitar a piora das estatísticas.

A violência também aumentou na Grande São Paulo. Os 384 homicídios de 2013 equivalem a um aumento de 11% na comparação com o ano passado e também com 2011.

Apesar dos índices, para o secretário de Segurança do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, há "uma tendência de queda" no número de homicídios no Estado. O número de homicídios dolosos no Estado em abril de 2013 teve uma redução de 4,22% em relação ao mesmo período do ano passado.

"Essa tendência de queda se estabelece pelo trabalho redobrado das polícias civil e militar batendo recorde de produtividade no aumento de prisões", disse Vieira nesta sexta-feira (24) em coletiva de imprensa em São Paulo.

Ainda segundo o secretário, cerca de 30% dos casos de homicídio foram solucionados no período em todo o Estado.

Investimento em repressão não reduz violência

“É inegável que o governo tem investido em segurança pública, com a compra de veículos e um aumento no número das prisões, o que levou ao crescimento da população carcerária. Mas essa estatística mostra que esse esforço não reduz a violência e a sensação de insegurança que ela produz”, ressalta Martim de Almeida Sampaio, coordenador da comissão de Direitos Humanos da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil - Seção de São Paulo).

De acordo a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária de SP), a população carcerária cresceu 10% em um ano, e beira 200 mil presos.

Para Martin, o aumento nos homicídios prova que o governo “tem investido apenas nos aspectos repressivos, e não em inteligência. Não existe um projeto adequado e eficaz para combater a violência. O governo está desorientado.”

O professor José Vicente da Silva Filho, do Centro de Altos Estudos da Polícia Militar, que foi ex-ministro da Segurança do governo Fernando Henrique Cardoso, discorda. 

“Nós tivemos um problema de surto de homicídio no segundo semestre do ano passado. Mas, de novembro para cá, os números estão caindo, houve uma redução”, rebate.

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Segundo ele, "o número é preocupante perto do que era São Paulo no início do ano passado, mas a taxa de homicídios [que em 2012 foi de 11,53 por cem mil habitantes] ainda é baixa, e esse número é fundamental porque fala da real possibilidade de ser assassinado". De acordo com a ONU, o ideal é que o número seja inferior a 10.

Programa de combate ao crime

O governador Geraldo Alckmin lançou na última quarta-feira (22) um programa para reduzir o índice de criminalidade do Estado. Batizado de “São Paulo contra o crime”, ele prevê um convênio com o Instituto Sou da Paz para o estabelecimento de metas no combate ao crime. 

Uma das principais inovações é o pagamento de bônus semestrais aos policiais que conseguirem atingir as metas propostas pelo governo. O valor a ser pago para os policiais não foi divulgado.

Além do sistema de meritocracia, o pacote prevê um aumento do efetivo, especialmente da Polícia Civil. O governo paulista anunciou concurso para preencher 129 vagas de delegados, 1.075 de escrivães, 1.384 de investigadores, 217 de agentes policiais e 62 cargos de papiloscopistas policiais.

Um projeto de lei foi encaminhado à Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) pela criação de 1.865 cargos administrativos na Polícia Científica, além da nomeação de 20 oficiais administrativos. (*Colaborou Camila Neuman)