Thor, Eike Batista e parentes de ciclista serão investigados por acordo feito após acidente

A juíza da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, Daniela Barbosa Assumpção de Souza, que condenou o empresário Thor Batista, nesta quarta-feira (5), a prestar serviços comunitários e pagar R$ 1 milhão pelo atropelamento e morte do ciclista Wanderson Pereira dos Santos, em março do ano passado, determinou a abertura de um novo processo criminal para investigar o acordo financeiro firmado entre o réu, a família da vítima e o bombeiro que prestou assistência no dia do acidente. O pai do jovem, o empresário Eike Batista, também será investigado.

De acordo com a decisão da magistrada, a família de Thor pagou R$ 1 milhão aos demais em circunstâncias suspeitas. "Parece estranho que um bombeiro militar receba, a título de 'compensação', a quantia de R$ 100 mil pelo auxílio e consolo à família da vítima", afirmou a juíza. "Entendo que, na verdade, é função do bombeiro militar agir para salvar vidas, minorar os danos, ser cordial e auxiliar no que for preciso, não tendo o mesmo praticado atos além daqueles que deveria praticar por dever de ofício."

“Determino a extração de peças ao Ministério Público para a apuração de eventual prática de crime por parte de: Eike Fuhrken Batista, Thor de Oliveira Fuhrken Batista, Maria Vicentina Pereira [tia do ciclista], Cristina dos Santos Gonçalves [companheira do ciclista] e Marcio Tadeu Rosa da Silva [bombeiro]”, diz a magistrada em sua decisão.

Segundo o MP (Ministério Público), o acordo previa o pagamento de R$ 270 mil ao advogado da família, R$ 100 mil ao bombeiro que teria ajudado a família e R$ 630 mil que seriam divididos entre uma tia e a companheira da vítima.

Condenação

A multa a ser paga pelo filho do empresário Eike Batista será destinada a uma entidade de cunho hospital ou de reabilitação de pessoas acidentadas no trânsito, de acordo com a decisão da juíza da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, Daniela Barbosa Assumpção de Souza.

"O réu é filho de um dos empresários mais ricos do mundo, com fortuna estimada em US$ 19,4 bilhões, sendo certo que este é um dos signatários do milionário acordo de transação civil com a família da vítima", afirmou a magistrada.

A defesa pedia a absolvição de Thor e afirmava que ele ainda sofre com o acidente e sente angústia por ter sido incapaz de evitar o atropelamento. Os advogados também alegaram que o acordo em que Thor se dispôs a pagar R$ 630 mil a familiares de Santos não indica que ele assumiu ser culpado pela morte. "Fosse o caso de condenação, o que à toda evidência não é, estaria caracterizado o arrependimento posterior", registram as alegações finais.

O atropelamento ocorreu quando Thor voltava de Petrópolis, na região serrana do Rio, com um amigo. Ele dirigia a Mercedes-Benz SLR McLaren pela Rodovia Washington Luís e atingiu o ajudante de caminhoneiro quando ele atravessava a pista de bicicleta.