Um mês após boatos, CEF retoma pagamentos do Bolsa Família com reforço em agências
Um mês após a onda de boatos que levou 900 mil pessoas a sacarem R$ 152 milhões em um único fim de semana, a Caixa Econômica Federal começa a pagar nesta segunda-feira (17) os benefícios de junho do programa Bolsa Família e anunciou reforço de pessoal nas agências.
Segundo informou a assessoria de imprensa do banco ao UOL, o atendimento será reforçado com funcionários da Caixa destacados exclusivamente para dar orientações aos beneficiários, especialmente nos locais onde houve grande quantidade de saques durante a vigência do boato.
A Caixa informou que também que já unificou os cerca de 700 mil cadastros duplicados --o que levou o banco a antecipar o pagamento dos 13 milhões de beneficiários no mês passado-- e não haverá novos procedimentos técnicos este mês.
Com a garantia da resolução da duplicidade, a Caixa garante que o pagamento seguirá à risca o cronograma estabelecido pelo calendário do programa para 2013.
Nesta segunda serão pagos os beneficiários com cartão terminado com o número "um (1)". Na terça, será a vez dos beneficiários com cartão final "dois" (2), e assim subsequentemente até o dia 28, quando os beneficiários com cartão final "zero" serão pagos. Não há liberações de pagamentos aos fins de semana.
Boatos
Nos últimos dias 18 e 19 de maio, uma onda de boatos de que o Bolsa Família acabaria ou que haveria um depósito de abono, levou 900 mil beneficiários do programa sacaram R$ 152 milhões em apenas um fim semana.
CRONOLOGIA DA CONFUSÃO
Data | O que aconteceu |
17 de maio | Sem nenhum aviso prévio, a Caixa libera o pagamento do Bolsa Família a todos os beneficiários e não de forma escalonada, como vinha sendo feito anteriormente |
18 e 19 de maio | Acaba por se espalhar um boato do fim do Bolsa Família. Há tumultos e correrias em agências da Caixa espalhadas por 13 Estados para receber o benefício. A Caixa diz que o calendário está mantido |
19 de maio | Ministério do Desenvolvimento divulga nota para aplacar os rumores do fim do Bolsa Família |
20 de maio | Vice-presidente da Caixa diz que pagamentos foram liberados irrestritamente apenas após os tumultos. Ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) diz que rumores vieram da "central de boatos da oposição". Dilma chama boatos de "criminosos" e "desumanos" |
24 de maio | Reportagem na Folha mostra que beneficiária teve pagamento antecipado mesmo antes dos boatos. Só então a Caixa muda versão. Surge a versão de que uma empresa de telemarketing no Rio disseminou os boatos por telefone. Polícia Federal investiga |
27 de maio | Presidente da Caixa, Jorge Hereda, dá entrevista coletiva para admitir equívocos do banco e pedir desculpas pela atitude anterior. Partidos de oposição entram com pedido para que Ministério Público Federal investigue o caso |
28 de maio | Aécio Neves pede que Dilma peça desculpas públicas à população |
Uma semana depois, após reportagem da "Folha de S.Paulo", a Caixa Econômica Federal confirmou que, um dia antes do início dos boatos, alterou, sem aviso prévio, todo o calendário de pagamento do Bolsa Família.
A tese de que o boato surgiu por conta do pagamento feito em dia fora do calendário é a principal linha de investigação da Polícia Federal, que analisa o caso.
Todos os benefícios, em um total de R$ 2 bilhões, foram liberados de uma só vez nas contas das 13,8 milhões famílias atendidas. A Caixa pediu desculpas pelo erro de comunicação.
A oposição pediu a demissão do presidente da Caixa ao governo, o que foi negado pela presidência. A presidente Dilma chegou a chamar os boatos de"desumanos" e "criminosos".
Já a ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, chegou a postar no Twitter que os rumores deviam "ser da central de notícias da oposição", depois voltou atrás.
Irregularidades
No último dia 10, reportagem do UOL apontou que fiscalização em 58 municípios sorteados, feito pela CGU (Controladoria Geral da União), no final de 2012, apontou que servidores, empresários, produtores rurais, alunos de escolas particulares, familiares de autoridades e até pessoas falecidas constavam na lista de beneficiários do programa federal.
Em nota no dia seguinte, a CGU disse que, apesar de encontrar problemas em todos os municípios investigados, o Bolsa Família "é um programa de governo com baixíssimos índices de irregularidades, as quais, quando ocorrem, são apuradas pelo próprio governo federal."
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