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Relator da CPI dos Ônibus é atingido por ovo ao deixar a Câmara do Rio

Manifestantes ocupam a Câmara dos Vereadores do Rio em protesto contra o bloqueio da Polícia Militar às ruas de acesso à Casa - Reynaldo Vasconcelos/Futura Press
Manifestantes ocupam a Câmara dos Vereadores do Rio em protesto contra o bloqueio da Polícia Militar às ruas de acesso à Casa Imagem: Reynaldo Vasconcelos/Futura Press

Carolina Farias

Do UOL, no Rio

15/08/2013 12h21Atualizada em 15/08/2013 18h31

O vereador Professor Uóston (PMDB), relator da CPI dos Ônibus da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi atingido por um ovo jogado por manifestantes ao deixar a Casa na manhã desta quinta-feira (15). Ele recebeu a ovada nas costas quando entrava em um táxi. O veículo onde o vereador entrou foi cercado por manifestantes.

"Fiquei triste porque estão julgando sem conhecerem nada [do nosso histórico]. Eu sou ex-aluno do Pedro 2º. O que fizeram hoje eu fiz na época da ditadura, só que com um cacetete do Exército nas minhas costas", disse o vereador.

Uóston afirmou ainda que cerca de 70 manifestantes o cercaram. Ele disse acreditar que não ocorreu nada pior porque a Tropa de Choque interveio. "Hoje acertaram um ovo na minha cabeça, mas, se fosse uma pedra, seria diferente. Espero que esses jovens, daqui a alguns anos, não sintam vergonha por seguirem orientações tão defasadas."

Algum tempo depois, uma equipe de técnicos da Rede Globo foi hostilizada e expulsa por manifestantes da praça da Cinelândia, onde funcionários da emissora estavam recarregando equipamentos. O grupo, de cerca de 15 pessoas, a maioria mascaradas, jogou ovos e cascas de banana nos profissionais, que, ameaçados, foram obrigados a se retirar. Os manifestantes reclamaram da linha editorial da emissora e comemoraram a saída dos funcionários da Globo do local.

A primeira reunião da CPI causou confusões do lado de fora da Câmara. Como a reunião ocorreu sala do Cerimonial, onde apenas a imprensa e o grupo que ocupa a Casa puderam acompanhar, a entrada da Câmara foi isolada por policiais militares e houve um tumulto com manifestantes no local. Dois deles foram presos por desacato e levados para a 5ª DP.

Dois manifestantes mascarados, adeptos da tática de protesto "Black Bloc", escalaram a fachada do Museu Nacional de Belas Artes, na avenida Rio Branco, por volta das 12h20, e estenderam uma bandeira com a frase "Quero uma CPI limpa". Em seguida, outro manifestante, também de rosto coberto, jogou um ovo na janela do prédio histórico.

Iniciada pontualmente às 10h, a reunião acabou pouco menos de uma hora depois. Ficou marcada para o próximo dia 22 a primeira audiência pública da comissão. O presidente da CPI, Chiquinho Brazão (PMDB), afirmou que a audiência acontecerá no plenário da Casa e será aberta ao público. Segundo a assessoria da Câmara, a reunião de hoje ocorreu na sala do cerimonial por se tratar de um ato administrativo.

Para a audiência do dia 22, serão convocados o secretario municipal de Transportes, Carlos Osório, o ex-secretário de Transportes Alessandro Sansão, e o presidente da Comissão de Licitação dos Ônibus em 2010, Hélio Borges Farias.

Ao dar inicio à reunião, o presidente da comissão, Chiquinho Brazão (PMDB) convidou o vereador Eliomar Coelho (PSOL), que propôs a CPI, a se sentar à mesa. Coelho recusou, afirmando que não participaria da sessão por "não encontrar legitimidade" nas ações dos outros quatro membros, e pelo fato da sociedade não poder participar. Brazão tentou impedi-lo de falar, dando inicio à sessão. Em seguida, Coelho se retirou da sala juntamento com o primeiro suplente, Reimont (PT). O vereador Marcelo Queiroz (PP), segundo suplente, integrou a mesa.  Apesar de ter se retirado da sessão, Eliomar Coelho disse que não vai renunciar à comissão.

Os dez manifestantes que estão ocupando a Câmara permaneceram no local, com mordaças pretas na boca, e passaram a maior parte da sessão em silêncio. Em um momento eles perguntaram, em uníssono, "onde está o povo?". A sessão foi fechada para o público, e apenas a imprensa e os manifestantes que ocupam a Casa puderam acompanhar os trabalhos.

Na quarta-feira (14), os vereadores contrários ao início dos trabalhos da CPI protocolaram um ato administrativo no gabinete da presidência da Casa para tentar impedir que a reunião ocorresse, mas sem sucesso. A decisão de dar entrada em um ato administrativo foi tomada durante uma reunião dos vereadores Eliomar Coelho, Jefferson Moura, Renato Cinco e Paulo Pinheiro, do PSOL; Teresa Bergher (PSDB), Márcio Garcia (PR) e Reimont (PT), no auditório.