Landim: Discurso de Bolsonaro por pacificação do país soa estranho
O discurso de Jair Bolsonaro pedindo a pacificação do país após as explosões ocorridas ontem na praça dos Três Poderes parece perfeito, mas soa estranho por conta do histórico de manifestações antidemocráticas do ex-presidente, disse a colunista Raquel Landim no UOL News desta quinta (14).
Em suas redes sociais, Bolsonaro classificou o caso como "um acontecimento que nos deve levar à reflexão". O ex-presidente ainda defendeu a "pacificação nacional".
O que o ex-presidente Jair Bolsonaro fala da questão do diálogo e da defesa de que o país precisa reduzir a polarização está perfeito. Só é muito estranho vindo dele, e em um momento no qual é ele quem precisa de uma anistia e está para ser indiciado.
Não podemos nos esquecer e precisamos ter memória. Se puxarmos tudo o que foi o governo de Bolsonaro e todos os ataques que ele fez às instituições, as coisas sempre estão concatenadas.
Pode ser que as investigações venham a concluir que o sujeito [o autor das explosões na praça dos Três Poderes] seja mesmo um doente. Mas há todo um clima que vai se montando ao longo dos anos e levando as pessoas a esse momento. Raquel Landim, colunista do UOL
Para Raquel, qualquer pedido por anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8/1 perde o sentido após o episódio de ontem na praça dos Três Poderes.
O que nos garante se hoje for feita uma anistia geral, deixando todos esses crimes impunes, as pessoas que atacavam a democracia lá atrás e os líderes que se utilizavam disso não voltem a ter esse mesmo comportamento?
Esse é o nó. Não se pode atender a um pedido de diálogo tão amplo como se não houvesse nenhuma consequência para o que aconteceu para a sustentação da democracia e ignorar tudo o que houve.
O discurso é muito bonito, perfeito. Mas o que nos garantirá que os episódios lá de trás não se repetirão? Esse é o ponto. Raquel Landim, colunista do UOL
Josias: Ex-mulher faz conexão entre autor de explosões e atos golpistas
A ex-mulher do autor das explosões de ontem na praça dos Três Poderes indicou que há uma relação entre o episódio e os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, afirmou o colunista Josias de Souza.
Sem nenhuma dúvida [é um crime de cunho político]. Todas as indicações vão nessa direção.
Embora Moraes tenha dito que o inquérito está nas mãos do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo, para que decida se há conexão das investigações de 8/1, na prática ele já está atuando. Moraes autorizou batidas de busca e apreensão feitas pela Polícia Federal.
A polícia já identificou e está ouvindo uma ex-mulher desse personagem que se autodetonou na frente do STF. É preciso aguardar os desdobramentos para ver tudo o que essa ex-mulher falou, mas, pelo que soube, ela também faz essa conexão com os atos que desaguaram no 8/1.
Segundo soube, essa mulher disse que o homem-bomba esteve em acampamentos na porta de quartel no ano passado - não em Brasília, mas em Santa Catarina. Há muitos elementos que já vinculam os episódios. Josias de Souza, colunista do UOL
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Autor de explosões 'não demonstrava comportamento alterado', diz deputado
Amigo de Francisco Wanderley Luiz, o deputado federal Jorge Goetten (Republicanos-SC) disse que o autor das explosões de ontem na praça dos Três Poderes "não apresentava alterações de comportamento". Em entrevista ao UOL News nesta quinta (14), o parlamentar afirmou que a última conversa entre eles ocorreu no ano passado e não envolveu questões políticas.
As imagens que tenho dele são de uma pessoa pacífica, ordeira, um empresário antenado às tendências do mercado. Nunca vi esse perfil nele. Tive mais contato com ele em 2020, quando foi candidato a vereador lá e esteve em várias reuniões conosco. Para mim, é muito estranho e choca muito o ato que ele cometeu e poderia ter cometido.
De forma alguma percebi essa mudança de comportamento e esse movimento que está aparecendo nas investigações. Ele participou de uma campanha política municipal nossa, lá em Rio do Sul, e eu acompanhei. Não havia nenhuma atitude nesse sentido, que demonstrava um comportamento alterado dele, de forma alguma. É nesse sentido que eu falo.
Sabia da participação política dele em 2020. Eu participei também dessa campanha. Mas agora o movimento desses políticos que está aparecendo, que ele está tendo de ter participado de alguma manifestação, isso eu desconheço. Jorge Goetten, deputado federal (Republicanos-SC)
Assista ao comentário na íntegra:
Entenda o caso
As explosões ocorreram por volta das 19h30 de quarta-feira (13). Uma varredura será feita nos prédios da Câmara e do STF nesta quinta-feira — as atividades devem ser retomadas a partir das 12h. O Senado Federal suspendeu os trabalhos.
Luiz teria circulado pelo anexo 4 da Câmara durante o dia, segundo informação dada aos deputados pelo chefe de segurança da Casa. O local abriga a maioria dos gabinetes dos parlamentares. A entrada no prédio é liberada para qualquer pessoa. Os visitantes precisam passar por um detector de metal, mas não há revistas.
A Câmara estava em votação no momento da explosão no estacionamento. Os deputados discutiam a PEC que amplia a imunidade tributária das igrejas. Com a notícia das explosões, parlamentares reclamaram da continuidade da sessão apesar da "banalização da violência e dos ataques de 8 de Janeiro", em referência aos atos ocorridos também na Praça dos Três Poderes.
Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) suspendeu a sessão às 21h14 após a confirmação da morte. O deputado manteve os trabalhos até o horário com o argumento de que estava "aguardando o chefe da Segurança da Câmara dos Deputados".
O STF divulgou uma nota dizendo que "ministros foram retirados do prédio em segurança". A Corte afirmou que "dois fortes estrondos foram ouvidos". A sessão do Supremo era sobre operações policiais nas favelas do Rio. A sessão contou com autoridades e representantes da sociedade civil. Por isso, o plenário estava mais cheio do que o normal — na hora das explosões, muitos ainda estavam no prédio.
O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.
Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.
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