Polícia de Alagoas vai refazer passos de delator durante viagem ao estado

Os percursos feitos por Antônio Vinícius Lopes Gritzbach enquanto esteve em Alagoas serão investigados pela Polícia Civil do estado. Ele foi assassinado ao voltar da viagem e pousar no aeroporto de Guarulhos, na sexta-feira (8).

O que aconteceu

Pedido de ajuda nas investigações foi feito pela Delegacia de Homicídios de São Paulo. Segundo a PCAL, uma equipe da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado vai prestar apoio nas investigações.

Delator passou uma semana em Alagoas com a namorada um motorista particular. O itinerário da viagem não foi detalhado pela polícia, mas a praia de São Miguel dos Milagres foi um dos locais visitados pelo trio, segundo depoimento dado pela namorada de Vinícius à polícia.

Segundo o depoimento de Maria Helena Paiva Antunes, o homem desconfiou de uma pessoa em um restaurante do destino turístico. Gritzbach teria contado a ela que viu um homem "parecido" com alguém que o ameaçava.

Gritzbach comentou que a única diferença era que o homem no restaurante não estava fumando, enquanto a pessoa que o ameaçava "fumava demasiadamente". A ausência do cigarro deixou o empresário com dúvidas. Não há informações suficientes sobre quem seria o fumante em questão, tampouco sobre a identidade do homem visto no restaurante em Alagoas.

Em Alagoas, delator recebeu joias como pagamento de dívidas, disse namorada. Segundo Maria Helena, os seguranças que acompanhavam o casal ficaram encarregados de buscar as joias em Maceió. Ela não soube dizer quem seria a pessoa cobrada.

Relembre o caso

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach era ameaçado de morte pelo PCC e pivô de uma guerra interna na facção criminosa. O empresário foi alvejado por quatro disparos no braço direito, dois no rosto, um nas costas, um na perna esquerda, um no tórax e um entre a cintura e a costela, pelo lado direito.

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O veículo usado no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto. Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas.

Além de Gritzbach, outra pessoa morreu e duas ficaram feridas. O motorista Celso Araújo Sampaio de Novais, 41, foi levado para a UTI após ser atingido por um tiro nas costas, mas não resistiu e morreu no sábado (9). Samara Lima de Oliveira, 28, e o funcionário de uma empresa terceirizada do aeroporto, Willian Sousa Santos, 39, também foram socorridos ao Hospital Geral de Guarulhos.

Nenhum dos três tinha ligação com o empresário assassinado, disse a polícia. William sofreu ferimentos na mão direita e ombro e ficou em observação. Samara, atingida superficialmente no abdômen, já recebeu alta médica.

Gritzbach era ameaçado de morte e havia recompensa por sua execução. Ele era acusado de ser o mandante da morte de um narcotraficante ligado ao PCC e também por delatar ao Ministério Público de São Paulo policiais civis envolvidos em casos de corrupção. Em abril, ele entregou ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) um áudio de uma conversa entre dois interlocutores negociando a morte dele por R$ 3 milhões.

O empresário era réu pelos assassinatos de dois homens: Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, criminoso influente no PCC — além do motorista de Cara Preta, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. A dupla foi morta a tiros em dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em janeiro de 2022, no mesmo bairro.

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