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"Penso em parar de fumar", diz carioca multado por jogar guimba de cigarro na rua

Sidnei Silva Júnior é autuado por agentes públicos após jogar uma guimba de cigarro no chão. Ele recebeu multa de R$ 157 - Carolina Farias/UOL
Sidnei Silva Júnior é autuado por agentes públicos após jogar uma guimba de cigarro no chão. Ele recebeu multa de R$ 157 Imagem: Carolina Farias/UOL

Carolina Farias

Do UOL, no Rio

20/08/2013 13h31Atualizada em 20/08/2013 15h13

O primeiro dia do programa "Lixo Zero", que estipula multas de até R$ 3.000 para quem for flagrado jogando lixo nas ruas do Rio de Janeiro, pegou desprevenido o segurança Sidnei Silva Júnior, 46, nesta terça-feira (20).

Espreitado pelos agentes públicos enquanto fumava e tomava uma cerveja em um bar no centro da cidade, sem saber que era observado, ele acabou sendo multado após jogar a guimba do cigarro na rua. "Dói muito no bolso. Eu penso em parar de fumar, mas é difícil", disse.

Júnior foi uma das mais de 110 pessoas multadas das 8h às 17h de hoje, apenas na região central da capital fluminense. Baseado na Lei Municipal 3273, o Lixo Zero prevê punições de R$ 157 a R$ 3.000. De acordo com a Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), os casos mais frequentes são de pessoas que jogam no chão bitucas de cigarro.

"É mais difícil jogar uma latinha, mas uma guimba a pessoa joga", disse um agente público que não quis se identificar. Em pouco mais de uma hora em uma das esquinas da rua Uruguaiana, no centro, foram cinco autuações, todas referentes a pessoas que jogaram bitucas no chão.

No caso de Júnior, a multa aplicada foi de R$ 157. Ele disse que vai recorrer. "É um costume jogar no chão, eu não sabia que iam começar a multar. Eu vi na TV, mas não sabia que estava valendo", afirmou o segurança.

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O diagramador Milton Marinho, 48, também foi multado quando apagava e jogava o cigarro no chão. "Eu ouvi falar [do programa], mas saí do trabalho e não vi TV. Eu nem sabia que podia jogar na lixeira. Mas o agente me explicou que tem uma placa de metal na beirada onde posso apagar o cigarro".

Para aplicar a multa, o agente pede o CPF do infrator. No auto de constatação são informados os prazos para o pagamento da multa e para o recurso. Caso não porte documento, o infrator informa ao guarda municipal o número de seu documento e o agente confere se é verdadeiro.

Se houver recusa, o agente informa sobre a lei da contravenção penal que obriga a identificação. A Policia Militar pode se acionada para explicar ao infrator sobre a lei e pode encaminha-lo a uma delegacia se a recusa persistir.

O presidente da Comlurb, Vinicius Roriz, diz esperar a mudança do carioca em relação ao lixo. Foi feita uma campanha de um mês e meio antes do inicio do programa.

"Queremos que as pessoas mudem sua relação com o lixo. Quando se produz lixo, ele é seu até o final. O refrigerante cheio ninguém pega, mas, vazio a latinha continua a ser sua", afirmou.

No Largo da Carioca, no centro, uma tenda da Comlurb foi montada para orientar a população e agentes da companhia distribuíam sacos de lixo ao publico.

Segundo Roriz, são gastos R$ 600 milhões por ano com a limpeza publica. Ele diz esperar que diminua pouco. "Hoje varremos a Rio Branco cinco vezes. Se diminuirmos para duas vezes, já esta bom".

Rigor

Na Cinelândia, também no centro, o consultor de TI Leonardo Senna, 39, também foi flagrado ao jogar a guimba de cigarro no chão. Perto dele havia uma lixeira, mas, quando ele a viu, já era tarde. Ele foi abordado pelos agentes e chegou a pegar a bituca no chão e levar à lixeira, mas a atitude não aliviou a multa.

"Tanta coisa mais fácil de ser multada na cidade. Mas, eu me redimi, joguei fora depois. Uma vez aconteceu de uma lixeira pegar fogo quando eu joguei o cigarro e eu voltei para apagar. Agora, vou jogar na lixeira, mas não vou ficar mais de olho se pegou fogo", disse Senna.

Para um guarda municipal que atuava na Cinelândia, que não quis se identificar, a população não tem a desculpa de dizer que não sabia sobre o programa, já que durante mais de dois meses foram feitas as ações de conscientização.

"Todo infrator é assim, acha mil desculpas para dizer que está certo. Fala dos problemas do Brasil, do Rio. No trânsito também é a mesma coisa", disse o guarda.

A Comlurb informou também que os agentes foram orientados a não abordar moradores de rua e usuários de crack em situação similar por serem considerados "à margem da lei".