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Ministério Público diz que caso Eliza Samudio "ainda não acabou"

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

29/08/2013 16h39

O promotor Henry Castro, representante da acusação durante a série de julgamentos sobre a morte de Eliza Samudio, disse que o caso não se encerrou após o julgamento dos dois últimos réus, realizado nesta quarta-feira (28), no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Segundo o integrante do Ministério Público, o policial civil aposentado José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, teve envolvimento ativo na trama que culminou no assassinato, em junho de 2010, da ex-amante do goleiro Bruno Fernandes.

Zezé chegou a ser investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais, mas não foi indiciado. Atualmente, é alvo de uma investigação complementar da polícia feita a pedido do Ministério Público. Apesar de a averiguação ainda não ter sido concluída, Castro afirmou não ter dúvida sobre a participação de Zezé no caso. O policial aposentado nega as acusações.

“A promotoria de Justiça está aguardando a finalização da investigação suplementar para apurar a responsabilidade dele e de outras pessoas. O caso Eliza Samudio ainda não acabou”, afirmou Castro.

O promotor citou o nome do policial aposentado durante os debates entre acusação e defesa feitos nesta quarta-feira, que encerrou a série de julgamentos do caso.

O júri popular culminou na condenação a três anos de prisão em regime aberto de Elenílson Vítor da Silva, ex-administrador do sítio que pertencia ao goleiro Bruno Fernandes, pelo crime de sequestro e cárcere privado do filho de Eliza. Pelo mesmo motivo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, amigo e motorista do goleiro, foi sentenciado a dois anos e meio de prisão em regime aberto. Os dois foram a júri porque o crime pelo qual foram acusados foi considerado conexo ao do homicídio.

Castro se referiu a Zezé como alguém que sempre esteve nos “bastidores” do sequestro e cárcere privado e na morte de Eliza, cujo óbito foi declarado pela Justiça mineira em janeiro deste ano. O corpo dela nunca foi encontrado.

O promotor disse ter sido ele, ainda na condição de policial civil da ativa, quem apresentou o goleiro e Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, ao ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o assassino da moça. Bruno e Bola foram condenados a 22 anos de prisão pela morte de Eliza. Já Macarrão foi condenado a 15 anos de prisão pelo crime. Todos foram sentenciados a cumprir as penas em regime fechado.

Castro ainda acusa Zezé de ter pressionado Dayanne de Souza, ex-mulher do goleiro Bruno, a esconder o filho de Eliza, cuja paternidade é atribuída ao jogador. Dayanne foi quem, pela primeira vez, envolveu o policial reformado no caso. Durante seu julgamento, em março deste ano, Dayanne afirmou ter “medo” de Zezé por considerá-lo uma pessoa “perigosa”. Na ocasião, ela foi absolvida do sequestro e cárcere privado do filho de Eliza a pedido do Ministério Público.

O representante da acusação, ainda destacou que Zezé fez vários telefonemas aos envolvidos na morte de Eliza, tanto na véspera do dia do assassinato dela quanto após o crime. Segundo a polícia, a ex-amante do goleiro foi morta por Bola no dia 10 de junho de 2010, na casa do ex-policial, na cidade de Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte.

O promotor, entretanto, não soube precisar uma data para a conclusão das investigações feitas atualmente pela polícia sobre Zezé, mas destacou que, além do policial reformado, outras pessoas também poderão ser denunciadas ao cabo dos trabalhos da polícia mineira.