Júri seria diferente se vítima fosse "branquinha e de classe média", diz promotor do caso Juan
O promotor do Ministério Público Sérgio Ricardo Fonseca, responsável pela acusação no julgamento dos quatro policiais militares acusados de assassinar o estudante Juan Moraes, 11, afirmou nesta quinta-feira (12) que a repercussão do caso seria outra se a vítima fosse "branquinha" e de "classe média".
Os réus são os policiais militares Edilberto Barros do Nascimento, Isaías Souza do Carmo, Ubirani Soares e Rubens da Silva. O crime ocorreu em junho de 2011 durante uma operação da Polícia Militar na favela do Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
O júri
- PMs acusados de matar menino Juan dizem que agiram de acordo com o dever
- PM diz que moradores contaram que traficantes esconderam corpo de Juan
- "Não esquenta que é vagabundo", teria dito PM sobre irmão de Juan que sobreviveu
- Delegado que registrou sumiço diz que estranhou PMs não terem visto Juan
- No Rio, delegado do caso Juan diz que não houve confronto no dia do crime
- Promotoria e defesa concordam sobre presença de Juan na cena do crime
- Mãe de Juan disse que PMs a procuraram em casa após sumiço de seu filho
- "Vi na hora que Juan tomou o tiro e voou", diz 1ª testemunha em júri
"Se fosse em Copacabana, se tivessem quatro pessoas andando pela avenida Atlântica e alguém tivesse sido assassinado, até a Al-Jazeera estaria aqui. Se fosse branquinho ou de classe média, se fosse filho do promotor ou filho de não-sei-de-quem, seria outra situação", disse.
Fonseca afirmou ainda estar preocupado com "questões sociológicas" que possam eventualmente ser assimiladas pelo corpo de jurados. Segundo ele, o fato de que Juan era um jovem negro morador de uma comunidade não o tornaria "bandido".
"Ah, se mora na favela e é pobre, é bandido e tem que morrer? Tenho muita preocupação com esse pensamento porque temos uma explicação a dar. Só porque uma pessoa é pobre e mora na favela, não quer dizer que ela seja um bandido ou traficante. (...) Havia uma criança ali na cena do crime e criança não tem nada a ver com o tráfico", argumentou.
Último dia
Nesta quinta-feira, o julgamento sobre a morte do menino Juan Moraes, 11, e de Igor de Sousa, 17, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, na noite de 20 de junho de 2011, entra em seu último dia. A previsão é que a decisão saia na madrugada desta sexta-feira (13).
Além das mortes, ficaram feridos e sobreviveram Wesley Felipe Moraes da Silva, irmão de Juan, e Wanderson dos Santos de Assis. Quatro policiais militares respondem pelo crime de duplo homicídio qualificado e duas tentativas. Isaías Souza do Carmo e Edilberto Barros do Nascimento, atiraram contra os jovens, e Ubirani Soares e Rubens Silva, participaram do crime ao transportarem os policiais e o corpo de Igor, de acordo com a denúncia.
Ao todo, 13 testemunhas foram ouvidas de segunda (9) até quarta-feira (11), entre os sobreviventes, a mãe de Juan, Rosineia Maria Moraes, moradores da comunidade do Danon, onde aconteceu o crime, peritos, dois delegados e um comandante da PM. Em todos os dias de júri, o plenário da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu estava lotado de colegas dos acusados e interessados no julgamento.
Nesta quinta, o promotor Sérgio Ricardo Fonseca, defendeu a tese de assassinato, de que os PMs atiraram sem que houvesse confronto. Já os advogados de defesa dos policiais argumentam que os policiais se defenderam do ataque e que os jovens podem ter sido baleados por traficantes da comunidade, que supostamente atacaram os policiais.
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