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Pedra Preta (RN) registra quatro tremores nesta terça-feira (5); moradores dormem fora de casa

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

05/11/2013 18h13

A terra não para de tremer no município de Pedra Preta (115 km de Natal) desde o último dia 24 de outubro. Na tarde desta terça-feira (5), a estação sismológica Cabeço Preto, instalada a 5 km das atividades epicentrais, registrou uma sequência de quatro eventos com magnitude entre 2.0 e 3.5 na escala Richter.

O maior tremor de terra da sequência desta terça-feira ocorreu às 13h38 (horário local), mediu 3.5 e fez moradores ficarem nas ruas com medo dos imóveis caírem. Algumas lojas do centro da cidade fecharam e escolas suspenderam as aulas, liberando os alunos para ficar em casa.

Os tremores de terra ocorrido em Pedra Preta nesta terça-feira foram sentidos pela população de Natal, que fica a 100 km em linha reta da área epicentral.

Por causa da intensidade dos tremores de terra, moradores de Pedra Preta ficaram assustados e estão em praças, calçadas e ruas evitando ficar dentro de imóveis. 

O alerta para que a população deixasse os imóveis foi dado pela Cedec (Coordenadoria Estadual de Defesa Civil) e pelos geólogos do LabSis (laboratório de Sismologia) da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), na última quinta-feira (31), que informaram que em caso de novos eventos sísmicos os moradores devem sair do interior das residências.

A orientação foi dada em precaução a possíveis novos abalos sísmicos com grande intensidade que poderiam derrubar as casas rachadas.

“Sobre a orientação para as pessoas ficarem fora das residências ela foi dada em função de que, em situações semelhantes, em João Câmara-RN e Palhano-CE [cidades do Nordeste onde foram registrados tremores de terra que fizeram imóveis desabar] essa atividade era seguida de tremores de maior magnitude. Embora isso não tenha ocorrido esse hipótese ainda não está descartada”, informou o LabSis, alertando que durante os abalos sísmicos a população deve tentar se proteger também da queda de objetos como telhas.

Na quinta-feira, equipes da Cedec e da prefeitura ficaram de prontidão esperando uma nova sequência de tremores de terra que poderia atingir o registro de alta atividade sísmica no município.

A população dormiu nas calçadas temendo que ocorressem abalos que fizerem construções desabar.

500 tremores

Segundo o relatório do LabSis, desde que foram iniciados o monitoramento dos tremores de terra em Pedra Preta, no último dia 24, foram registrados mais de 500 eventos sismológicos, dentre abalos percebidos pela população de Pedra Preta e até de Natal, que fica a 100km em linha reta do epicentro, além de microtremores imperceptíveis. 
 
Somente após a intensificação das atividades sísmicas em Pedra Preta foi que o LabSis instalou uma estação sismológica para medir de perto do epicentro os eventos no município. Antes, os primeiros tremores estavam sendo monitorados por captações de estações instaladas em municípios vizinhos, como Riachuelo e João Câmara.
 
O equipamento foi instalado no povoado de Cabeço Preto no último dia 30. Também foi colocado um ponto de internet para que a estação fique gerando informações em tempo real para o laboratório.
 
Dados do LabSis apontam que desde o dia 1º até a manhã desta terça-feira (5) “foram registrados 22 eventos com magnitude variando entre 1.6 e 2.7”, porém nesta tarde um abalo de magnitude de 3.5 foi captado pela estação de Cabeço Preto.
 
Por causa do aumento de atividades sísmicas na região e da possibilidade real de tremores de magnitude maior, a Prefeitura de Pedra Preta elabora um plano emergencial para orientar a população como lidar com a situação. Também está sendo criada a Comdec (Coordenadoria Municipal de Defesa Civil) para que equipes possam estar treinadas a agir diante de possíveis catástrofes ocasionadas por tremores de terra.
 
De acordo com o LabSis, o  município de Pedra Preta fica localizado próximo à falha geológica de Samambaia, que tem o epicentro localizado em João Câmara (a 79km de Natal e a 37km de Pedra Preta) e por isso a ocorrência dos tremores de terra devido ao movimento de placas tectônicas. 
 
Segundo o LabSis, a falha tectônica mede 38 km de extensão no Rio Grande do Norte e é a maior falha geológica do país.