Prefeitura do Rio adia implosão de trecho do Elevado da Perimetral para o dia 24

A prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou na tarde desta quinta-feira (7) que vai adiar a demolição do Elevado da Perimetral, no trecho do entre a rodoviária e a praça Mauá, no centro da cidade, para o próximo dia 24, às 7h.

A implosão do viaduto, que foi interditado e começou a ser desmontado no último sábado (2), estava prevista para o próximo dia 17.

"Essa modificação tem muito a ver com o fechamento que fizemos no dia 2 de novembro. Precisamos ter tempo para preparar para a implosão e o prazo era muito apertado. A demolição estava prevista para a parte da tarde, o que não era ideal. Por isso mudamos para o domingo seguinte, dia 24", explicou Paes.

A interdição da avenida Rodrigues Alves, que passa por baixo do trecho do elevado que será implodido, entre as ruas Pereira Reis e a Silvino Montenegro, ficou mantida para o dia 14, às 23h.

A implosão acontecerá, portanto, 10 dias após o fechamento da avenida.

Redução no volume de tráfego

Na coletiva de imprensa, realizada na Prefeitura do Rio, o secretário municipal de Transportes, Carlos Osório, apresentou estatísticas observadas no trânsito em algumas das principais vias da cidade entre segunda (4) e quarta-feira (6), três primeiros dias úteis após a interdição do trecho do viaduto, das 6h às 10h.

Segundo ele, no primeiro dia,  a redução no volume de tráfego nos locais pesquisados foi de 11,24% e o aumento do tempo de viagem de 19,93%, em comparação com as médias de setembro deste ano. "Esse crescimento foi inferior ao máximo de 30% estabelecido em acordo com o Ministério Público", afirmou.

A redução no volume do tráfego foi caiu para 2,40% na terça-feira (5) e para 0,8% na quarta. Já o aumento no tempo de percurso diminuiu para 9,41%, na terça, e 7,73%, na quarta. O prefeito atribuiu os “resultados positivos” à contribuição da população.

“Queria fazer um agradecimento à população do Rio de Janeiro e da Região Metropolitana, especialmente de Niterói e são Gonçalo, que perceberam a importância das transformações que nós estamos fazendo no Centro do Rio de Janeiro. Atenderam os nossos apelos e se utilizaram de transporte público e lançaram mão da chamada carona solidária”, disse.

Paes aproveitou para reforçar o pedido. “Obviamente o impacto que se esperava não aconteceu, o caos que alguns anunciaram, mas isso foi porque a população ajudou e, por isso, apelo que continuem contribuindo", afirmou o prefeito.

Implosão

Presidente da concessionária Porto Novo, responsável pelas obras na região e pela demolição do elevado, José Renato Ponte falou sobre o planejamento da implosão do trecho de 1.050 metros do Elevado da Perimetral, que é composto por 29 vãos e 232 vigas.

As vigas retiradas serão leiloadas pela prefeitura no próximo dia 21. O peso total delas é de 5.104 toneladas e cada uma delas teve preço mínimo de R$ 320 definido pelo edital, publicado nesta terça (5). Portanto, o leilão renderá, no mínimo, R$ 1,6 milhão, que serão reinvestidos nas obras da Zona Portuária. O prefeito Eduardo Paes informou que três empresas já manifestaram interesse. A vencedora terá que arcar com os custos do transporte do material comprado.

Segundo ele, a área de influência direta da demolição engloba 56 imóveis, com um total de 162 pessoas, que serão evacuadas de onde moram por algumas horas no dia 24. "As pessoas evacuadas serão transportadas para um ponto de encontro e poderão retornar aos imóveis uma hora após as detonações", explicou.

Outros 297 imóveis serão influenciados indiretamente. Os ocupantes deles, no entanto, não precisarão deixar o local e já foram informados, segundo Ponte.

De acordo com o presidente da concessionária, o impacto da implosão será de cinco vezes menor do que o máximo permitido pelas normas internacionais. "Atualmente fazemos seis implosões diariamente por conta da construção de três túneis na região e elas têm impacto duas vezes maior do que a da demolição do viaduto vai ter", disse.

Para a preparação da implosão, estão sendo instalados sob o viaduto, desde o início da semana, 2.512 conjuntos de pneus preenchidos de areia e 2.240 estacas em tambores. "Os pneus têm a finalidade de amortecer a queda dos trechos implodidos e as estacas de ajudar a triturar o concreto e reduzir o impacto sobre o solo", relatou Ponte.

Um dos vãos das extremidades começou desmontado já no dia 2 e foi completamente retirado. O outro será até o fim da próxima semana, segundo o presidente da Porto Novo. Ponte afirmou ainda que o asfalto retirado do viaduto será reutilizado nas obras realizadas na Zona Portuária.

Para a colocação dos explosivos, estão sendo perfurados cerca de 2.500 buracos nos pilares do viaduto. No trecho a ser implodido, será instalada uma tela de proteção de 215.340 m², com a função de evitar a dispersão de fragmentos.

Elevado foi interditado no último sábado

Inicialmente, a interdição do Elevado da Perimetral estava prevista para o dia 19 de outubro, mas foi adiada por conta de uma recomendação do MP-RJ (Ministério Público do Rio).

Para a Promotoria, o plano elaborado pela prefeitura não fazia o diagnóstico da situação dos principais corredores viários de acesso à área central por meio de contagens periódicas do tempo e extensão de engarrafamentos.

O MP-RJ argumentou que, pelo tamanho dos impactos do projeto Porto Maravilha, as ações na região deveriam ser estudadas, simuladas, divulgadas e colocadas em prática com maior antecedência.

A prefeitura acatou a recomendação e realizou quatro testes de fechamento do elevado e abertura da via Binária, nos dias 20, 24, 26 e 27 de outubro. O trânsito ficou intenso na região durante a interdição temporária no último sábado (26), assim como já havia ocorrido no dia 24, único dia útil em que houve testes.

Atualmente, passam 78 mil veículos por dia útil no elevado - a média chega a 2.500 mil carros por hora entre as 6h e 9h e as 17h e 20h.