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Afastado, Donato foi homem de confiança de Haddad e vereador mais votado do PT

Em imagem de arquivo, Fernando Haddad, então candidato a prefeito de São Paulo pelo PT, cumprimenta seu coordenador de campanha, Antonio Donato - Fabio Braga/Folhapress
Em imagem de arquivo, Fernando Haddad, então candidato a prefeito de São Paulo pelo PT, cumprimenta seu coordenador de campanha, Antonio Donato Imagem: Fabio Braga/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

12/11/2013 16h29Atualizada em 12/11/2013 20h39

Afastado nesta terça-feira (12) do cargo de secretário de Governo do município de São Paulo, Antonio Donato foi o homem de confiança do prefeito Fernando Haddad nos dez primeiros meses de gestão e também durante a campanha eleitoral de 2012. O próprio ex-secretário pediu para deixar o posto e foi atendido pelo prefeito.

Antonio Donato foi citado cinco vezes em depoimentos e escutas envolvendo um grupo de fiscais acusados de cobrar propina e desviar o imposto pago por construtoras. O estopim para a queda de Donato foi a reportagem publicada hoje no jornal Folha de S.Paulo, que apontou que o auditor fiscal Eduardo Horle Barcellos, suspeito de participar do esquema de fraude, trabalhou cerca de três meses deste ano com a equipe do ex-secretário.

Donato se reelegeu vereador em 2012 com 47.039 votos, a maior votação do PT na capital paulista. Em fevereiro, licenciou-se da Câmara após ser escolhido por Haddad para o cargo de secretário de Governo, uma das principais pastas da administração, cuja função é “assistir e assessorar direta e imediatamente ao prefeito (..) em especial nos assuntos relacionados com a coordenação e integração das ações do governo”, conforme descrição na página da secretaria.

Durante as eleições, Donato foi o coordenador da campanha vitoriosa do Haddad. Na época, o vereador era presidente do Diretório Municipal do PT, posto que deixou em fevereiro após assumir a Secretaria de Governo. Ele também foi escolhido por Haddad para coordenar a equipe de transição do governo após o pleito municipal.

Ele foi líder do PT na Câmara Municipal na legislatura anterior, quando o partido era a principal força de oposição ao governo de Gilberto Kassab (PSD). Na gestão de Marta Suplicy, trabalhou como assessor especial do gabinete da prefeita e comandou a Secretaria das Subprefeituras.

Dentro do PT, o ex-secretário faz parte da corrente Novo Rumo, que junto com a Construindo um Novo Brasil e a PT de Luta e de Massas, forma o grupo majoritário do partido, que apoiou a reeleição de Rui Falcão à presidência nacional da legenda.

Haddad não pertence a nenhuma tendência interna do partido, mas é próximo da Mensagem ao Partido --grupo encabeçado por nomes como Tarso Genro e José Eduardo Cardozo-- que propôs uma espécie de refundação do PT em 2005, após o escândalo mensalão vir à tona. Na época, Haddad assinou o manifesto da corrente.

O secretário petista foi responsável pela indicação de outro auditor, Ronilson Bezerra Rodrigues, suspeito de chefiar a fraude estimada em R$ 500 milhões, para a diretoria de finanças da SPTrans (empresa municipal de transporte) --cargo que Ronilson ocupou de fevereiro a junho.

Segundo o prefeito, Donato conheceu os fiscais Rodrigues e Barcellos na Câmara Municipal, e os dois "tentaram uma aproximação, tentaram se mostrar como servidores apartidários e dispostos a colaborar com a administração". "Gente desse tipo tenta se aproximar de quem tem influência para se proteger".

Donato se diz vítima de 'orquestração'

Em nota divulgada no início da tarde, Donato afirmou estar sendo vítima de uma "uma orquestração por parte dos servidores investigados para envolvê-lo de forma leviana e, assim, atrapalhar o curso das investigações". O ex-secretário afirmou que a Controladoria do Município, que comanda as investigações do esquema, foi criada no âmbito da Secretaria de Governo na atual gestão. 

Donato afirma que retomará seu mandato como vereador na Câmara Municipal, "onde poderá, com a mais ampla liberdade, se defender de denúncias infundadas atribuídas à quadrilha de servidores municipais que fraudava o ISS". Com o retorno dele, o vereador Alessandro Guedes, também do PT, perderá o mandato.