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Após protesto de moradores, favela tem policiamento reforçado no Rio

Policial puxa pelo pescoço uma mulher com uma criança no colo durante protesto dos moradores da favela do Metrô-Mangueira na terça - Fábio Teixeira/Parceiro/Agência O Globo
Policial puxa pelo pescoço uma mulher com uma criança no colo durante protesto dos moradores da favela do Metrô-Mangueira na terça Imagem: Fábio Teixeira/Parceiro/Agência O Globo

Do UOL, em São Paulo

08/01/2014 09h33

O policiamento foi reforçado na manhã desta quarta-feira (8) na região da favela da Mangueira, na zona norte do Rio de Janeiro, após o protesto realizado por moradores da comunidade na terça-feira (7), no qual PMs chegaram a utilizar spray de pimenta e bombas de efeito moral e três manifestantes foram detidos por desacato.

Os moradores reclamam de remoções na comunidade. Segundo a Polícia Militar, não houve registro de manifestação nesta manhã, mas o Batalhão de Choque está de sobreaviso para garantir a ação da prefeitura caso seja necessário.

O trabalho de demolição está sendo feito pela prefeitura para que seja construído um parque no local onde está situada uma das comunidades da Mangueira, conhecida como Vila do Metrô. Os moradores denunciam que, se saírem das casas, terão que ir para abrigos da prefeitura, e reivindicam o pagamento de aluguel social.

Segundo o subprefeito da zona norte, André Santos, os manifestantes não teriam direito a aluguel social ou a indenização porque supostamente invadiram casas que já haviam sido desocupadas pela prefeitura nos últimos quatro anos.

Santos afirmou que os moradores originais já teriam sido contemplados com aluguel social ou com imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

Desde 2010, a Prefeitura do Rio já demoliu cerca de 400 dos 600 imóveis que existiam no local. As demolições devem ser concluídas em um mês. O local está tomado por entulhos, casas parcialmente demolidas, esgoto a céu aberto e valas. Os moradores atuais, no entanto, foram avisados somente no momento da derrubada dos imóveis de que deveriam sair.

CONFIRA A LISTA DE FAMÍLIAS REMOVIDAS OU AMEAÇADAS

LocalFamílias removidasFamílias ameaçadasTotalJustificativa
Largo do Campinho/Campinho65-65BRT Transcarioca
Rua Domingos Lopes (Madureira)100-100BRT Transcarioca
Rua Quáxima (Madureira)27-27BRT Transcarioca
Penha Circular40-40BRT Transcarioca
Largo do Tanque66-66BRT Transcarioca
Arroio Pavuna (Jacarepaguá)682896Acesso à condomínio; BRT Transcarioca; Preservação ambiental
Vila das Torres (Madureira)300-300Construção do Parque Madureira; Transcarioca
Restinga (Recreio)80Indefinido80BRT Transoeste
Vila Harmonia (Recreio)120-120BRT Transoeste
Vila Recreio II (Recreio)235-235BRT Transoeste
Notredame52Indefinido52BRT Transoeste
Vila da Amoedo50Indefinido50BRT Transoeste
Vila Taboinha-400400Reintegração de posse
Asa Branca (Curicica)-IndefinidoIndefinidoBRT Transolímpica
Vila Azaleia (Curicica)-100100BRT Transolímpica
Vila União (Curicica)-3.0003.000BRT Transolímpica
Colônia Juliano Moreira-400400BRT Transolímpica
Metrô Mangueira56646612Estacionamento no entorno do Maracanã
Vila Autódromo (Jacarepaguá)-500500Parque Olímpico; BRT Transolímpica; preservação ambiental
Belém-Belém (Pilares)-300300Construção de novo acesso ao Engenhão
Favela do Sambódromo60-60Alargamento do Sambódromo
Morro da Providência140692832Implantação de teleférico e plano inclinado; área de risco
Ocupação Machado de Assis150-150Projeto Porto Maravilha
Ocupação Flor do Asfalto30-30Projeto Porto Maravilha
Ocupações na Rua do Livramento-400400Projeto Porto Maravilha
Ocupação Boa Vista35-35Projeto Porto Maravilha
Quilombo das Guerreiras-5050Projeto Porto Maravilha
Zumbi dos Palmares133-133Projeto Porto Maravilha
Ocupação Carlos Marighela47-47Projeto Porto Maravilha
Ocupação Casarão Azul70-70Projeto Porto Maravilha
Total2.4345.9168.350 

Ônibus incendiado

Na segunda-feira (6), parte do comércio na favela da Mangueira amanheceu fechado após moradores incendiarem um ônibus em protesto pela morte de um jovem durante uma ação da Polícia Militar, segundo informações da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Mangueira.

Por volta das 19h30 do domingo (5), nas proximidades de um acesso à comunidade, na rua Ana Néri, moradores pararam um ônibus da linha 622 (Saens Peña x Penha) e atearam fogo ao veículo. Ninguém se feriu. De acordo com a PM, antes do incêndio, os moradores ordenaram que todos os passageiros desembarcassem. As chamas destruíram totalmente o veículo, e atingiram ainda a fachada de um bar.

A morte do jovem --que motivou o ato dos moradores-- teria ocorrido na noite anterior. A mãe da vítima, que tem mais dois filhos e não quis revelar seu nome, disse que o rapaz não era criminoso e que trabalhava como camelô. "Ele era quieto, calado, não fazia mal a ninguém. Eu vi o meu filho ser atingido e levado pelos policiais para o hospital. O sentimento agora é de muita tristeza."

Moradores afirmam que os policiais agem com violência durante as operações na favela. "Eles entram aqui com a maior truculência e humilham os moradores. Estamos cansados de ser tratados assim", disse uma moradora que não quis se identificar.

REMOÇÃO E ESCOMBROS EM SP

  • Leandro Moraes/UOL

    Em São Paulo, 200 famílias viveram por mais de seis meses entre escombros de casas demolidas, entulho e lixo gerados pela derrubada de casas desapropriadas na zona sul capital pelo Metrô.

    As demolições foram feitas na margem da avenida Jornalista Roberto Marinho, para limpar um terreno que será ocupado pela Linha 17-Ouro do Metrô, obra que fazia parte do planejamento do governo paulista para a Copa do Mundo de 2014. Posteriormente, a intervenção foi retirada dos planos paulistas para a Copa, já que o governo não conseguirá entregar a linha a tempo do Mundial. LEIA MAIS