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Após descarrilamento de trem no Rio, passageiros reclamam de falta de informação

Do UOL, no Rio

22/01/2014 09h56Atualizada em 22/01/2014 12h58

Usuários do sistema ferroviário do Rio de Janeiro reclamaram da falta de informações sobre a circulação de trens na manhã desta quarta-feira (22), que foi interrompida após o descarrilamento de um trem na zona norte da cidade

"Cheguei em São Cristóvão e ninguém passou informação nem reembolsou minha passagem, agora não tenho dinheiro para voltar", disse ao canal "Globonews" um passageiro que tentava ir para Botafogo. 

Em entrevista à agência Brasil, a universitária Yasmim Secron, de 24 anos, conta que pegou o trem na Estação Inhoaíba, às 7h20m, mas desistiu de seguir ao saber que não chegaria até a Central. "O trem encostou na plataforma normalmente e, só quando fechou as portas, depois de todos entrarem, o maquinista anunciou que pararia em Engenho de Dentro. Então, decidi descer em Campo Grande [duas estações depois] porque imaginei a confusão que estaria. Quando eu desci, a estação estava lotada!", conta ela, que tentou recorrer aos ônibus, mas encontrou grandes filas no bairro.

Às 9h20, quando respondeu à "Agência Brasil", Yasmin ainda não tinha conseguido chegar ao trabalho, onde deveria ter entrado às 9h. Estava presa em um engarrafamento na avenida Brasil.

Diversos usuários entraram em contato com a SuperVia através do Twitter para ter informações sobre a interrupção na circulação dos trens. Muitos perguntavam também como será feito o reembolso da passagem. Um dos passageiros "agradeceu" o consórcio por não colocar avisos do lado de fora das estações, avisando aos passageiros que chegavam que os trens não estavam circulando até a Central. 

"Bom saber disso quando já se está dentro da estação, porque não tem nenhum aviso escrito. É incrível que, ao solicitar o valor da passagem de volta, sou surpreendida ao ouvir do funcionário que não estão devolvendo porque estão avisando a todos...", criticou uma passageira na página da SuperVia no Facebook.

Segundo a SuperVia, responsável pelos trens da região metropolitana do Rio, por volta das 5h15 de hoje, um trem que seguia da Central do Brasil para Saracuruna, na Baixada Fluminense, descarrilou quando chegava à estação São Cristóvão. Com o descarrilamento, a estrutura que sustenta os cabos da rede aérea foi danificada e interrompeu o fornecimento de energia no trecho entre as estações Mangueira e Central do Brasil, afetando a circulação de trens no local.

A SuperVia afirma que a circulação nos ramais Saracuruna e Belford Roxo ocorre entre as estações terminais e a estação Triagem e os trens dos ramais Deodoro, Japeri e Santa Cruz circulam destas estações até a estação Engenho de Dentro.

A concessionária informou ainda que, por conta da interrupção na circulação de trens, o consórcio iniciou a distribuição de vales aos passageiros que já haviam comprado bilhetes. "Desde o início da manhã, foram distribuídos mais de dez mil vales-viagem e declarações de atraso a todos os passageiros que tiveram sua viagem interrompida", declarou a SuperVia em nota divulgada no final da manhã desta quarta-feira (22), acrescentando que alguns passageiros receberam o reembolso do bilhete em dinheiro.  

Parados nas estações, no entanto, passageiros reclamam da falta de opções e da incapacidade dos funcionários da Supervia de dar alguma orientação útil. Outra reclamação é quanto à devolução do dinheiro. A empresa estaria distribuindo uma espécie de vale, papel que não está sendo bem aceito pelos passageiros retidos.

Bombeiros e policiais foram acionados na estação São Francisco Xavier, onde os passageiros que viajavam da zona norte em direção à Central do Brasil estão sendo obrigados a descer.

Tumultos

Milhares de passageiros ficaram imobilizados em estações nas zonas norte e oeste e na Baixada Fluminense. Já ocorreram depredações.

Na estação São Francisco de Xavier, a última antes da Maracanã e da São Cristóvão, os passageiros tiveram que saltar nos trilhos para tentar uma condução que as levasse ao centro, destino da grande maioria dos trabalhadores.

Como não havia ônibus suficientes, a aglomeração resultou em tumultos e correrias. Já saturada, a Linha 2 do Metrô, que cruza os subúrbios cariocas, não comportou o acréscimo de milhares de passageiros. As estações também ficaram superlotadas.

Estação concentradora de trens, a de Dedoro (zona oeste) também registrou problemas graves, com desinformação, tumultos generalizados e até congestionamento de composições nos trilhos. Às 7h30, ao desconfiar que um trem partiria, centenas de passageiros saíram correndo em direção a ele, o que aumentou mais ainda a confusão.

Em 2013, a Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro) aplicou cerca de R$ 355 mil em multas à SuperVia, concessionária responsável pela administração do sistema. Hoje, a agência informou que técnicos foram encaminhados ao local para realizar perícia e solicitar informações  à Supervia sobre o acidente. (Com Estadão Conteúdo)