Após descarrilamento de trem no Rio, passageiros reclamam de falta de informação
Usuários do sistema ferroviário do Rio de Janeiro reclamaram da falta de informações sobre a circulação de trens na manhã desta quarta-feira (22), que foi interrompida após o descarrilamento de um trem na zona norte da cidade.
"Cheguei em São Cristóvão e ninguém passou informação nem reembolsou minha passagem, agora não tenho dinheiro para voltar", disse ao canal "Globonews" um passageiro que tentava ir para Botafogo.
Em entrevista à agência Brasil, a universitária Yasmim Secron, de 24 anos, conta que pegou o trem na Estação Inhoaíba, às 7h20m, mas desistiu de seguir ao saber que não chegaria até a Central. "O trem encostou na plataforma normalmente e, só quando fechou as portas, depois de todos entrarem, o maquinista anunciou que pararia em Engenho de Dentro. Então, decidi descer em Campo Grande [duas estações depois] porque imaginei a confusão que estaria. Quando eu desci, a estação estava lotada!", conta ela, que tentou recorrer aos ônibus, mas encontrou grandes filas no bairro.
Às 9h20, quando respondeu à "Agência Brasil", Yasmin ainda não tinha conseguido chegar ao trabalho, onde deveria ter entrado às 9h. Estava presa em um engarrafamento na avenida Brasil.
VOCÊ SE LEMBRA?
Funcionários da Supervia usam cordão de crachá para "chicotear" passageiros
Diversos usuários entraram em contato com a SuperVia através do Twitter para ter informações sobre a interrupção na circulação dos trens. Muitos perguntavam também como será feito o reembolso da passagem. Um dos passageiros "agradeceu" o consórcio por não colocar avisos do lado de fora das estações, avisando aos passageiros que chegavam que os trens não estavam circulando até a Central.
"Bom saber disso quando já se está dentro da estação, porque não tem nenhum aviso escrito. É incrível que, ao solicitar o valor da passagem de volta, sou surpreendida ao ouvir do funcionário que não estão devolvendo porque estão avisando a todos...", criticou uma passageira na página da SuperVia no Facebook.
Segundo a SuperVia, responsável pelos trens da região metropolitana do Rio, por volta das 5h15 de hoje, um trem que seguia da Central do Brasil para Saracuruna, na Baixada Fluminense, descarrilou quando chegava à estação São Cristóvão. Com o descarrilamento, a estrutura que sustenta os cabos da rede aérea foi danificada e interrompeu o fornecimento de energia no trecho entre as estações Mangueira e Central do Brasil, afetando a circulação de trens no local.
A SuperVia afirma que a circulação nos ramais Saracuruna e Belford Roxo ocorre entre as estações terminais e a estação Triagem e os trens dos ramais Deodoro, Japeri e Santa Cruz circulam destas estações até a estação Engenho de Dentro.
A concessionária informou ainda que, por conta da interrupção na circulação de trens, o consórcio iniciou a distribuição de vales aos passageiros que já haviam comprado bilhetes. "Desde o início da manhã, foram distribuídos mais de dez mil vales-viagem e declarações de atraso a todos os passageiros que tiveram sua viagem interrompida", declarou a SuperVia em nota divulgada no final da manhã desta quarta-feira (22), acrescentando que alguns passageiros receberam o reembolso do bilhete em dinheiro.
Parados nas estações, no entanto, passageiros reclamam da falta de opções e da incapacidade dos funcionários da Supervia de dar alguma orientação útil. Outra reclamação é quanto à devolução do dinheiro. A empresa estaria distribuindo uma espécie de vale, papel que não está sendo bem aceito pelos passageiros retidos.
Bombeiros e policiais foram acionados na estação São Francisco Xavier, onde os passageiros que viajavam da zona norte em direção à Central do Brasil estão sendo obrigados a descer.
Tumultos
Milhares de passageiros ficaram imobilizados em estações nas zonas norte e oeste e na Baixada Fluminense. Já ocorreram depredações.
Na estação São Francisco de Xavier, a última antes da Maracanã e da São Cristóvão, os passageiros tiveram que saltar nos trilhos para tentar uma condução que as levasse ao centro, destino da grande maioria dos trabalhadores.
Como não havia ônibus suficientes, a aglomeração resultou em tumultos e correrias. Já saturada, a Linha 2 do Metrô, que cruza os subúrbios cariocas, não comportou o acréscimo de milhares de passageiros. As estações também ficaram superlotadas.
Estação concentradora de trens, a de Dedoro (zona oeste) também registrou problemas graves, com desinformação, tumultos generalizados e até congestionamento de composições nos trilhos. Às 7h30, ao desconfiar que um trem partiria, centenas de passageiros saíram correndo em direção a ele, o que aumentou mais ainda a confusão.
Em 2013, a Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro) aplicou cerca de R$ 355 mil em multas à SuperVia, concessionária responsável pela administração do sistema. Hoje, a agência informou que técnicos foram encaminhados ao local para realizar perícia e solicitar informações à Supervia sobre o acidente. (Com Estadão Conteúdo)
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